Mulher que sangra pelos olhos e nariz aguarda ajuda do governo para tratamento

“O Estado tem recursos para resolver meu problema, só não fizeram isso porque não se preocupam com a vida”, comentou Leda, que aguarda diagnóstico definitivo há quase 1 ano...

Leda Galvão
Descrição: Leda Galvão Crédito: Arquivo pessoal

Mãe de duas crianças, casada, natural de Diadema, São Paulo, Leda Galvão, de 26 anos, que chegou em Palmas há 24 anos com sua família, nos primeiros anos de criação do Estado do Tocantins, hoje luta diariamente pela vida e pela oportunidade de ver ser filhos crescerem. O Portal T1 Notícias conversou com Leda Galvão, que relatou seu atual quadro de saúde.

 

Desde setembro de 2013, quando deu entrada no Hospital Dona Regina com complicações na gravidez de seu segundo filho, que hoje está com sete meses, começaram a surgir várias manchas em seu corpo. Na ocasião, segundo ela, foi dito pelos médicos que seriam apenas alergias aos medicamentos.

 

Leda comentou que, após quatro meses internada e sem saber direito o que estava acontecendo com seu corpo, recebeu o diagnóstico de que era portadora de uma doença rara, pouco conhecida, chamada trombocitopenia. “Não tem como fazer o tratamento aqui no Estado. Os médicos quando me veem dizem apenas que não tem como se comprometer com meu caso por falta de estrutura e dizem que preciso ser encaminhada para outro Estado com a máxima urgência”, afirmou.

 

No entanto, ainda não há um diagnóstico definitivo da doença de Leda. Alguns profissionais suspeitam de que seja trombocitopenia associada à leucemia, outros acreditam que seja trombocitopenia + lúpus.

 

Enquanto Leda aguarda para fazer novos exames na expectativa de se chegar a um diagnóstico correto, a doença vem provocando sangramentos pelos olhos, nariz, boca, ouvido e útero.

 

“Estou ficando cega por causa do sangue que sai dos meus olhos, tive descolamento de retina e já não posso mais trabalhar, nem consigo cuidar direito dos meus filhos. A situação é ainda pior porque o INSS não aprovou nenhum dos laudos que apresentei, porque não foram feitos por especialistas. O Estado não ajuda nem com a minha saúde, quem dirá com o sustento para meus filhos”, lamentou.

 

“Na semana passada, os médicos do HGP fizerem uma tomografia e descobriram que tem uma mancha no meu cérebro, com sangue coagulado e que precisa ser retirado urgentemente, mas eles não tiveram coragem porque disseram que com a estrutura que tem aqui eu não vou suportar”, comentou Leda que disse ainda que conseguiu uma consulta detalhada em Teresina, no Piauí, mas ainda não fez porque não teve como custear o deslocamento. “O Estado tem recursos para resolver meu problema, só não fizeram isso porque não se preocupam com a vida”, disse Leda.

 

Direito à saúde

De acordo com Leda Galvão, desde que descobriu a doença foram solicitadas, por duas vezes, a transferência para outro Estado por meio do Tratamento Fora do Domicílio (TFD), lei federal de 1988, instituída pela Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080. Sendo que um TFD foi emitido em dezembro do ano passado e outro em julho deste ano, mas até o momento não houve retorno positivo do Governo.

 

O TFD é um benefício definido por uma portaria do Governo Federal, que tem por objetivo fornecer auxílio a pacientes atendidos pela rede pública ou conveniados/contratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a serviços assistenciais de outro Município/Estado, desde que esgotadas todas as formas de tratamento de saúde na localidade em que o paciente residir.

 

Para recorrer a esse benefício, o cidadão que não tiver condições de contratar um advogado deve procurar o Ministério Público Estadual ou a Defensoria Pública.

 

Sesau diz que paciente ainda passará por nova avaliação

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) informou que a paciente Leda Galvão passará por nova avaliação com um médico hematologista, em razão das férias da hematologista que já acompanha a referida paciente, e que a nova avaliação irá julgar a necessidade de tratamento fora do domicílio.

 

A Sesau disse ainda que, diante das avaliações e exames já realizados, tanto no Hospital Geral de Palmas (HGP), quanto no Ambulatório da Hemorrede, o quadro clínico da paciente não é conclusivo e nenhuma das doenças cogitadas está registrada no prontuário da paciente.

 

Enquanto espera os trâmites burocráticos e os novos exames, Leda Galvão luta pela vida. Uma luta que já chega há quase um ano.

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