Militantes fazem ato contra moção em repúdio a beijo lésbico e pedem respeito

A manhã desta terça-feira, 31, recebeu os militantes LGBT que manifestaram contra a moção de repúdio aprovada contra o beijo lésbico de novela global. Representante da Seds fala de políticas públicas

Com palavras de ordem, como “A nossa luta é todo dia contra o racismo, machismo e homofobia”, militantes do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) fizeram uma manifestação na Assembleia Legislativa (AL) na manhã desta terça-feira, 31, contra a moção de repúdio apresentada pelo deputado Eli Borges (Pros) e aprovada pelo Plenário pelo beijo entre mulheres veiculado na novela global Babilônia.

 

O representante do Movimento Universitário pela Diversidade Sexual, Brendiva, disse que o ato desta manhã “é para mostrar que há sim uma indignação contra as declarações do deputado Eli Borges e de outros que o acompanharam”. Brendiva informou ao Portal que os militantes LGBT querem mostrar que a diversidade sexual existe e precisa ser respeitada. “O que queremos é que os direitos e garantias fundamentais, já preconizados pela Constituição Federal, nos sejam garantidos”, disse.

 

Já Mariana Rodrigues, da Liga Brasileira de Lésbicas e do Coletivo de Lésbicas e Bissexuais do Tocantins (Lesbitoca), relatou ao T1 Notícias que o intuito do movimento não é impor, mas sim garantir o respeito. “Nós existimos, somos livres e queremos mostrar isso. A minha família é formada por duas mulheres e ela existe”, disse.

 

A militante disse se sentir negligenciada em seus direitos. “Me sinto aviltada, negligenciada, cerceada dos meus direitos e da expressão do nosso afeto. As pessoas beijam e fazem muito mais coisas nas novelas e nunca foi motivo de moção de repúdio. E agora um beijo de duas senhoras demonstrando o afeto e o amor é motivo de uma moção como esta”, ressaltou Mariana ao informar que o fato mostra a invisibilidade que as mulheres ainda vivenciam na sociedade.

 

Políticas Públicas

Presente no ato representando a Secretaria de Defesa e Promoção Social (Sedes), a diretora de Políticas Afirmativas e Defesa dos Direitos, Maria Vanir Ilídio, questionou o papel da Casa de Leis. “Temos uma situação difícil no Estado hoje no que diz respeito a diversos temas, como na Saúde e o Igeprev e os deputados estão preocupados com o beijo da novela?”, questionou.

 

Questionada sobre as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado para garantir os direitos da população LGBT, Maria Vanir destacou a Comissão Estadual LGBT e a gerência de diversidade sexual criada na gestão de Marcelo Miranda. “Retomamos o trabalho da Comissão que debate pautas e ocupa espaços importantes como a comissão organizadora das conferências e a gerência é um grande avanço, pois temos hoje um espaço específico para acompanhar a nível de Estado a política LGBT”, pontuou.

 

Aa diretora ressaltou a importância dos legisladores em garantir os direitos das pessoas LGBT’s. "É preciso garantir os direitos. Esse é o papel do legislador, esse é o papel do gestor. Cercear o direito constitucional não é o papel daqueles que nos representam. O que precisamos é investir as nossas forças em políticas afirmativas que tragam a visão do respeito a todos e todas que sofrem com o preconceito, seja ele de que espécie for", disparou.

 

O ato

Os militantes reuniram algumas dezenas de pessoas e conseguiram chamar a atenção dos deputados presentes, inclusive do deputado Eli Borges, autor do requerimento de repúdio que usou a tribuna para defender a sua posição. “Esse deputado aqui é extremamente humano e é preciso respeitar a liberdade de opinião, é preciso respeitar a minha assim como eu respeito a de qualquer um”, disse.

 

A mobilização, que começou na área externa da Casa de Leis, ocupou a galeria destinada aos visitantes e com as palavras de ordem, os deputados não tiveram como não perceber a presença do grupo que chegou a se exaltar e bater nos vidros que protegem a galeria. A deputada Luana Ribeiro (PR), que presidia a sessão, pediu calma. “Imagina se quebra e machuca um de vocês e quem está aqui embaixo. Temos que protagonizar um movimento ordeiro e pacífico”, disse.

 

Os manifestantes tentaram, ainda, entrar no espaço destinado à tribuna de honra da Casa de Leis e foram impedidos de ocupar o recinto, mesmo diante da solicitação de entrada de uma comissão para representar a todos os presentes.

 

Após as palavras de ordem no plenário, os manifestantes seguiram em silêncio até os gabinetes dos deputados que votaram a favor da moção de repúdio para entregar a nota de repúdio elaborada pelo Mudas e pelo Lesbitoca.

 

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