Promotor pede nulidade do julgamento que inocentou marido de professora assassinada

Paulo Alexandre Rodrigues de Siqueira recorreu da decisão ainda em plenário, na noite de terça-feira, 18. Com a apresentação do recurso, a ação penal passa à jurisdição do Tribunal de Justiça.

Promotor Paulo Alexandre.
Descrição: Promotor Paulo Alexandre. Crédito: Da Web.

O Ministério Público Estadual (MPE) recorreu da decisão da Justiça que absolveu o réu Allan Moreira Borges da autoria do homicídio da professora Heidy Aires, cujo julgamento ocorreu nesta terça-feira,18, no Fórum de Palmas.

 

O promotor de Justiça que atuou perante o Tribunal do Júri, Paulo Alexandre Rodrigues de Siqueira, recorreu da decisão ainda em plenário, na noite de terça-feira, 18. Com a apresentação do recurso, a ação penal passa à jurisdição do Tribunal de Justiça.

 

O recurso é fundamentado em dois fatos. O primeiro é que a decisão do Tribunal do Júri foi contrária às provas que constam no processo.

 

E o segundo é que a defesa apresentou, durante a sessão do Tribunal do Júri, prova inédita juntada pela defesa técnica, fato que é vedado pela legislação e pode levar à anulação da decisão.

 

O julgamento aconteceu durante toda a terça-feira, e a sentença foi lida no final da noite, por volta de 23h30. Allan foi julgado por um júri composto de sete jurados, sendo cinco mulheres e dois homens. 

 

Durante todo o processo e no julgamento, Allan negou ter sido o autor do crime e disse que a relação com a esposa era de respeito e que eles tinham um relacionamento perfeito.

 

O julgamento ouviu oito testemunhas, entre elas, um ex-namorado de Heidy, um amigo da professora, o perito oficial do caso, uma perita particular chamada pela defesa e a filha do casal de 12 anos. 

 

No decorrer do processo, o corpo da professora teve que ser exumado para coleta de material. Os exames deram positivo para a presença de material genético de Allan Borges nas mãos da professora.

 

Resultado desagrada familiares e amigos

 

O resultado do julgamento frustrou familiares e amigos da professora morta. Apesar de não ter se manifestado oficialmente, ao final do julgamento a família dela disse que acredita na Justiça Divina e que deposita confiança no recurso do promotor. Nesta quarta-feira, o T1 Notícias tentou falar com a família, mas as ligações não foram atendidas.

 

"Que Justiça é essa?"

 

Com voz embargada e decepcionada com o resultado, a educadora Monique Wermuth Figueras, amiga de Heidy, questiona: “que Justiça é essa?” Segundo ela, as provas são evidentes quanto à autoria do crime. “Um órgão público de credibilidade diz que havia resíduos da pele dele (Allan) nas unhas dela e isso não é relevante. É revoltante. É o poder e o dinheiro que contam?”, indaga.

 

Monique critica o que ela atribui de estado machista e corrupto, onde a mulher não tem valia social. “Quantas de nós teremos que ser mortas. Pelo jeito, as minorias sempre serão esmagadas”, desabafa.

 

 

Entenda

 

A professora Heidy Aires foi encontrada morta na casa dela, em Palmas, em dezembro 2014. Heidy foi localizada em casa após parentes não conseguirem falar com ela por telefone e decidiram ir até a casa dela. 

 

Na residência, a família encontrou Heidy caída no chão com quatro perfurações de faca que atingiram o pescoço e o tórax.

 

A perícia foi realizada no local e foram encontrados vestígios de sangue no ralo e no registro do chuveiro, indícios de que o assassino teria tomado banho após o crime.

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