A prefeitura de Araguaína fez uma série de reportagens para lembrar o Dia dos Namorados, comemorado hoje, 12. Um das publicações, que foi para a página oficial e redes sociais da gestão, provocou a reação de dois vereadores da cidade. Trata-se da história de amor de Paulo Egídio Rosa, de 40 anos, e Pedro Lima Rosa, de 56 anos, servidores públicos.
Os vereadores do município são Marcos Duarte (SD) e Ygor Cortez (PV) e publicaram em suas contas, nas redes sociais, notas de repúdio, nas quais expõem aversão ao uso das contas da Prefeitura de Araguaína para contar a trajetória do primeiro casal homoafetivo do Tocantins a oficializar sua união em cartório, após decisão do Supremo Tribunal Federal que estendeu o direito à casais LGBTQI+.
Marcos chega a chamar a publicação de "apologia a homossexualidade" e de “incentivo a pautas ideológicas”. Diz que “respeita a orientação sexual de qualquer pessoa, mas é contra que os canais de comunicações oficiais da Prefeitura de Araguaína sejam usados como forma de divulgar a homossexualidade”. Por fim, o vereador afirma que é cristão e defende a família tradicional e os valores cristãos.
Já Cortez diz que a postagem não precisava “trazer temas ideológicos que ferem religiões da nossa cidade" e continua afirmando que respeita a opinião e “opção” de todos, mas que não concorda que o dinheiro público seja usado para que “pessoas defendam pautas e ideologias no município”. “O Dia dos Namorados é um dia de amor, querido por todos. Todos de diferentes modelos, que transmitem e possam compartilhar o amor, só que pautas ideológicas no perfil institucional eu não concordo. Por isso minha nota de repúdio”, afirma ainda.
Paulo e Pedro
Paulo Egídio Rosa, de 40 anos, e Pedro Lima Rosa, de 56 anos, estão casados há 17 anos. Eles conseguiram oficializar a união no Cartório de Registro Civil em 2013, após 9 anos vivendo juntos, se tornando o primeiro casal homoafetivo do Tocantins, após uma resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
O aniversário de casamento é justamente dois dias antes do Dia dos Namorados e carrega um grande significado para o casal. Quando esquecemos por um momento a face desse relacionamento, ele se confunde com o de muitos outros casais. Os funcionários públicos já eram amigos, mas acabaram se apaixonando durante um momento inusitado em que Pedro sofreu um acidente de trânsito.
“Eu já era amigo do Paulo e da irmã dele, quando sofri um acidente de trânsito os dois se revezaram no hospital para me fazer companhia e ajudar na recuperação. O amor foi surgindo assim, por acaso, sem muita pretensão, assim como a história de muitos outros casais. Nossa sintonia é enorme, às vezes nos entendemos só com o olhar”, explica Pedro Lima.
Desafios
“Nosso casamento no civil, além de conquistar pequenas coisas como expressar esse sentimento na rua, é muito importante. Amor não tem rosto, não tem rótulo, ele é um sentimento que precisa ser sentido e quem não é capaz de senti-lo verdadeiramente, nunca será capaz de entendê-lo”, expressa Paulo Egídio sobre sua relação com Pedro.
Eles ainda acrescentam que o casamento homoafetivo ainda não é visto de forma natural e isso é um desafio para o casal. “Apesar da sociedade ter evoluído bastante, o relacionamento homoafetivo ainda é um grande tabu. Isso reflete em coisas simples do dia a dia, o que para outros casais é algo corriqueiro, como andar de mãos dadas, chamar o outro de amor em público, para nós é sinônimo de um olhar crítico”, finaliza Paulo.
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