Uma quadrilha tentou aplicar um golpe na Prefeitura de Pedro Afonso por volta das 11h30 do dia 15 de janeiro. O valor do golpe seria de quase R$ 20 mil. Por telefone, uma mulher se identificando como oficial de Justiça de São Paulo, de nome Maria Vitória, entrou em contato com a Prefeitura da cidade, que fica distante 302 km da capital, solicitando falar com o procurador do município.
O secretário de Planejamento e Modernização da Gestão Pública, Willian Soares Ferreira, atendeu a suposta oficial e estranhou que a mesma tenha ligado na recepção da Prefeitura ao invés de contatar o jurídico. "Eu me identifiquei e informei que o procurador estava ausente. Ela me perguntou se eu tinha poder para autorizar pagamentos, eu disse que sim e ela falou que havia uma liminar determinado o bloqueio das contas da Prefeitura e dos repasses caso não fosse realizado o pagamento de um dívida de 2008, referente a empresa EB Telefônica", contou o secretário.
De acordo com o secretário, a suposta oficial afirmou que as contas seriam bloqueadas às 13h30, dando prazo de uma hora para que a Prefeitura efetuasse o pagamento, já que em Pedro Afonso eram 11h30 e o Tocantins não está no horário de verão. Willian Soares solicitou dilatação do prazo e o telefonema foi transferido para uma suposta juíza que se identificou como Maria Fernanda. Esta passou para o secretário um número de processo, a pedido, e afirmou que para tirar a determinação a Prefeitura deveria depositar ao menos 50% do valor da dívida.
O secretário contou que solicitou o envio da liminar e de um código de barras para pagamento, mas quando recebeu o documento estranhou o endereço de e-mail, além de ter percebido erros grotescos de concordância nominal, verbal e de grafia. "O número do processo que ela havia me informado por telefone também não era o que constava na liminar e o valor estava diferente", disse.
Já desconfiado, o secretário solicitou que fosse verificado o nome do juiz e descobriu que este não era de São Paulo e sim de Brasília. "Apesar de o endereço estar correto, do Fórum de São Paulo, o CEP estava incorreto. Vi que era um golpe". Ao entrar em contato com a suposta juíza para dizer que havia controvérsias entre o documento e o que havia sido dito por telefone, Maria Vitória ainda tentou intimidar o secretário dizendo que ele estava dificultando o trabalho da Justiça.
"Eu disse que não pagaria. Vi que era um golpe fui até a Polícia Federal e Civil para registrar a ocorrência e comuniquei a ATM [Associação Tocantinense de Municípios) do fato. Tenho certeza que é uma quadrilha organizada e com ramificação internacional", afirmou Willian Soares ao lembrar que os números são de ligações internacionais.
O secretário afirmou que quase caiu no golpe: "eu só cai na real no outro dia. A longa experiência de vida pública foi o que ajudou a identificar que aquilo não era normal”, finalizou.
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