Centro guarda medicamentos na caixa de isopor e tem lixão de remédios vencidos

Visita in loco da equipe do portal T1 Notícias constatou que há medicamentos termo lábeis em caixas de isopor aguardando espaço nas câmaras, lixão de remédios vencidos e caixas mal acondicionadas...

Após denúncia de que medicamentos estariam sendo mal acondicionados no Centro Regulador de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), a equipe do Portal T1 Notícias realizou uma visita in loco e verificou que há caixas de materiais de insumos amontoadas e amassadas umas em cima das outras, algumas úmidas, medicamentos termo lábeis armazenados em caixas de isopor e que há grande quantidade de medicamentos e materiais com prazo de validade vencidos numa área de descarte, tipo lixão, todos misturados.

A denúncia surgiu logo depois de a Sesau ter divulgado a chegada de dois caminhões carregados de medicamentos que irão abastecer o Hospital Geral de Palmas. A falta de medicamentos e materiais em hospitais é alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública Estadual (DPE) e Defensoria Publica da União(DPU).

A visita da equipe do portal T1 Notícias foi acompanhada da coordenação do local e também de uma assessora de imprensa da Sesau. O órgão negou que materiais acabam sendo perdidos e tendo que ser descartados por não estarem acondicionados de forma correta e argumentaram que as caixas estão amontoadas por que uma faxina está sendo feita no local. Também admitiram que os medicamentos armazenados em caixas de isopor são colocados nelas por não haver espaço nas cinco câmaras frias do Centro.

A coordenação disse que os medicamentos termo lábeis são mantidos na mesma temperatura que os medicamentos das geladeiras com a utilização de gelox, que são bolsas de gelo, e que esses medicamentos são diariamente monitorados para que a temperatura seja mantida. Além disso, os medicamentos também teriam grande rotatividade, o que não permite que eles passem grande período de tempo dentro das caixas de isopor. É o que garantiram.

Sobre as caixas amontoadas e algumas úmidas, a coordenação disse que não há problemas já que nelas há apenas materiais como gazes, luvas e fraldas e não medicamentos; afirmaram que a temperatura do galpão é ambiente e que as caixas serão reorganizadas após a faxina.

No Centro há milhares de caixas de medicamentos e materiais descartados todos misturados num tipo de lixão ao lado do galpão principal. Para a Secretaria não há problemas nisso.

Mais tarde, por meio de nota, a Sesau informou que “os medicamentos vencidos que estão no estoque Regulador estão alojados de forma regular e não estão misturados com medicamentos de uso diários”.  Afirmou ainda que “estes medicamentos foram adquiridos em gestões anteriores e não poderiam ser descartados porque faziam parte de um processo de tomada de contas do Tribunal de Contas Estadual (TCE)”. Também disse que “depois da decisão judicial, foi aberto um processo licitatório para contratação da empresa que fará o serviço de incineração do material que será removido do estoque nos próximos dias pela empresa vencedora”.

 

Especialista

A presidente do Conselho de Farmácia e inspetora da Vigilância Sanitária do Município de Palmas, Marta Ramos, afirmou que o correto é que os medicamentos vencidos sejam armazenados em uma sala separada com identificação até a incineração dos mesmos.  Citou que a ANVISA adota a política de logística reversa, em que cada um é responsável pelo lixo hospitalar que produz, mas que em Palmas há somente uma empresa operando para atender a demanda, que chega a transportar os medicamentos para serem incinerados fora do Estado, por não haver um local na capital. A presidente confirmou não há problemas em acondicionar os medicamentos e materiais vencidos todos no mesmo galpão, desde que eles estejam separados dos medicamentos que ainda estão dentro do prazo de validade.

A presidente e inspetora afirmou também que os medicamentos termo lábeis podem ficar na caixa de isopor por curto período de tempo desde que a temperatura seja controlada. “Depende do caso. Pode ser que eles estejam na caixa porque acabaram de ser transportados até que os acondicionem nas Câmaras. O importante é ter o termômetro e mantê-los na mesma temperatura que as câmaras”, disse ao alertar que o correto é armazenar os medicamentos termo lábeis nas câmaras ou geladeiras.

Sobre as caixas com insumos, a especialista disse que o risco é que a umidade danifique o material e criem-se fungos, impedindo que os materiais possam ser utilizados futuramente. “A temperatura não pode ser quente e o importante é que essas caixas não estejam em contato com o chão”, afirmou.

(Corrigida em 17/02 às 10h30)

Comentários (0)