A crise financeira enfrentada atualmente pelo Tocantins, aliada ao cenário nacional de contenção, deve afetar o crescimento setor industrial no estado em 2015, podendo causar até uma estagnação. Essa é a avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), Roberto Pires.
“Seguramente essa crise financeira terá influência e eu acredito que não só no setor industrial, como também em outros segmentos do Estado, como comércio e o setor de serviços. 2015 é um ano que estamos vendo com muita cautela, num cenário de perspectiva não muito boa”, comenta o presidente explicando ao Portal T1 Notícias que o setor industrial não teve crescimento no último ano e que a possibilidade de estagnação não é exclusiva ao Tocantins, mas também aparece no cenário nacional.
De 2006 a 2012 a indústria apresentava um bom desempenho no Tocantins, mas os avanços devem ser prejudicados pela atual crise. No site da Fieto, os dados mais recentes disponíveis para consulta sobre o PIB Industrial são de 2012. O relatório “Estimativa do PIB Industrial no Tocantins de 2002 a 2012” mostraa que a indústria apresentou um bom crescimento de 2006 a 2009, tendo um avanço significativo no ano de 2010. No entanto, houve uma leve queda em 2011, mas com recuperação em 2012.
O maior responsável pelo crescimento de 3,2% do PIB Industrial no Tocantins em 2012 foi o setor de indústria mineral. Porém, no mesmo ano o PIB Total do Tocantins caiu 3,1% em relação a 2011, por causa da retração do setor público. Esses números demonstram que o Estado já vem apresentando baixa há alguns anos e o cenário deve se agravar em 2015 com a crise financeira.
“O Estado está com dificuldades imensas, isso todos nós sabemos. No nosso caso [setor industrial] há alguns gargalos que, para serem resolvidos, precisam de participação efetiva do Estado. Posso citar a melhoria de infraestrutura, que precisa de dinheiro para ser feita e o Estado está sem dinheiro; e os incentivos fiscais. Como vamos propor uma melhoria de incentivos fiscais num ambiente desses [de crise]? Seria até desumano chegar com uma proposta dessas”, pontua Roberto Pires.
Potencialidades podem superar crise
Apesar do cenário de crise financeira, o presidente da Fieto destaca que o Tocantins tem pontos positivos que podem ser explorados para a industrialização do estado.
Roberto Pires pontua dentre as potencialidades a logística de escoamento de produção, com a Ferrovia Norte-Sul estando viabilizada; a localização geográfica do Tocantins, que está próximo do Porto do Itaqui, no Maranhão; terras férteis e o período chuvoso. “Nós temos potencialidades que podem suprir essas deficiências”, elenca Pires.
Fieto e Estado unem forças pela industrialização do Tocantins
O presidente da Fieto também destacou o trabalho conjunto entre a Federação e o Governo do Estado, tratado em visitas ao governador Marcelo Miranda e ao secretário do Desenvolvimento Econômico, Eudoro Pedrosa. Segundo Roberto Pires, o Estado tem demonstrado interesse em ouvir as demandas dos segmentos, firmar parcerias e formar grupos de discussão sobre o que pode ser feito para diminuir os impactos da crise.
“Há um estímulo dos dois lados de trabalhar juntos para conseguir construir um ambiente mais favorável para a industrialização do nosso estado. Quando o estado quer nos escutar, é muito importante porque ele pode fazer gestão para resolver os problemas. E nesse caso quer. O governador se mostrou muito atencioso conosco e disse que precisava de parcerias com as instituições”, destaca o presidente.
Em entrevista ao T1 Notícias, o secretário Eudoro Pedrosa afirmou estar otimista quanto ao desenvolvimento do Tocantins neste ano. Segundo ele, apesar de o Governo estar enfrentando uma crise, vários empresários tem visitado e demonstrado interesse em se instalar e investir no estado.
O secretário do Desenvolvimento Econômico também destacou alguns pontos positivos que o Tocantins tem em relação a outros estados e que tem atraído olhares de investidores: faz divisa com outros seis estados; quantidade de pessoas de outros estados que transitam em torno de Palmas; incentivos fiscais; a Ferrovia Norte Sul; a perspectiva da navegação dos rios Araguaia e Tocantins; a produção de energia elétrica e a quantidade abundante de água.
“Rio [de Janeiro] e São Paulo não estão tendo água para fazer nada. Então eu nunca imaginei que a gente ia ter como atração, ter água. E nós temos à vontade”, destaca Eudoro Pedrosa.
O investimento que o setor de energia pretende fazer no Tocantins em 2015 também anima o secretário. Segundo ele, além do alto investimento, a Energisa-Celtins também já informou que deve contratar 700 novos eletricistas. Para ele, então, a expectativa não pode ser outra se não a de crescimento do Estado.
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