Na Câmara, famílias cobram regularização fundiária do Assentamento Agrotins

As famílias disseram que estão sendo ameaçadas. Um empresário teria comprado as terras por R$ 15 mil.

Manifestantes na Câmara
Descrição: Manifestantes na Câmara Crédito: T1 Notícias

Cerca de 100 pessoas fizeram um manifesto na Câmara de Palmas durante a sessão desta terça-feira, 24. Os manifestantes são da “Vila Agrotins”, que reivindicam a regularização fundiária da área que fica próxima à Agrotins, onde vivem 180 famílias.

 

Um dos líderes do movimento, Edvalton Mendonça, falou ao T1 Notícias sobre as reivindicações das famílias. As terras, de 147 hectares, teriam sido compradas por um empresário, por R$ 15 mil, e de acordo com o líder, os moradores estão sendo ameaçados.

 

“Estamos produzindo na terra há quase dois anos e temos hoje cerca de 500 mil covas de mandioca plantada, milho, abacaxi, o que tem na roça estamos plantando. Tem uma liminar em cima da nossa terra”, argumentou. Ele disse que um empresário estaria com um título da terra que seria falso, não teria registro, mas estaria sendo usado para pressionar os moradores.

 

Ainda segundo Edvalton, a reivindicação é pela regularização do local. “Eles estão tentando tirar da gente o que legitimamente é do povo, é do Estado. Se esse povo está reivindicando a posse desta terra e se já temos posse, porque estamos trabalhando e produzindo no local, o povo tem esse direito. É melhor do que ter nossos filhos marginalizados, no meio das drogas na cidade, porque nós temos crianças, jovens, velhos. Nós vamos brigar até a ultima hora, porque nós não temos pra onde ir também. Nós estamos sendo ameaçados, tem helicópteros sobrevoando a nossa área, bem baixo, e isso é perigoso tanto pra ele quanto pra gente. Que o poder público sensibilize, porque nós não somos milionários, somos todos de baixa aquisição”, desabafou.

 

A manifestação repercutiu entre os vereadores durante a sessão. Alguns defenderam a regularização da área. Carlos Braga (PMDB), em seu primeiro discurso oficial depois de tomar posse no lugar de Iratã Abreu, foi o primeiro a fazer a defesa: “Somos contra invasões, mas os que ocupam pacificamente precisamos regularizar. Temos que olhar aquilo que o povo está precisando. Vamos dar poder para os verdadeiros ocupantes e aqueles que querem trabalhar. Conclamo o Intertins, a Prefeitura e a Câmara.”

 

Milton Neris (PR) também questionou os títulos das terras e apoiou os manifestantes. “O Assentamento foi constituído pela vontade da população, da comunidade, e de repente viu ali uma área que é do povo e que estava sendo alvo de pessoas que, aproveitando do conhecimento político, estava lançando mão do patrimônio do povo por uma bagatela de R$ 15 mil. Esses homens e mulheres tiveram coragem, foram ameaçados, correram risco de morte. Primeiro foram considerados invasores e a cidade tem que tomar uma providência, porque se não a justiça vai cometer um equívoco. Esses homens e mulheres estão prestes a serem expulsos dali”, disse o vereador.

 

Ainda sobre os títulos, Neris disse que “o processo foi irregular, feito por meio de apadrinhamento político. Corre um processo na justiça sobre estas terras e o juiz precisa ter conhecimento do que está acontecendo. O governador Marcelo não vai permitir essa injustiça. O cidadão milionário que comprou aquela terra que vale milhões por R$ 15 mil é uma vergonha. Conheço chacareiros que estão aqui há 15 anos e não conseguem ter os títulos, mas esse cidadão conseguiu, no apagar das luzes, e isso nós não podemos permitir. Precisamos de uma audiência e envolver o MPE, porque isso é caso de Polícia”, concluiu.

 

Os vereadores afirmaram que, após a sessão, iriam ouvir uma comissão com os moradores.              

 

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