A falta de alimentação no Hospital Geral de Palmas (HGP) tem mobilizado a sociedade a arrecadar alimentos para pacientes, acompanhantes e servidores da maior unidade hospitalar pública do Tocantins. Desde esta terça-feira, 23, circulam nos grupos de Whastsapp e no Facebook campanhas com pedidos de doação de alimentos. Na manhã desta quarta-feira, 24, diversas entregas de donativos foram feitas por pessoas que, sensibilizadas com a situação, foram até o hospital levar itens como arroz, feijão, óleo, macarrão e outros.
Na manhã de ontem, após reclamações de pacientes, o Ministério Público Estadual (MPE) realizou vistoria e confirmou a falta de refeições da unidade. A promotora de Justiça Maria Roseli de Almeida Pery esteve no local e conversou com pacientes e acompanhantes nas enfermarias e nos corredores do HGP, que relataram que foi servido o café da manhã, mas que o almoço não foi fornecido.
Entre os pedidos de doação de alimentos que circulam nas redes sociais está um com a assinatura da Diretoria Geral do HGP: “uma triste situação: por favor vamos colaborar! Senhores. Infelizmente fomos informados pela empresa prestadora do serviço de nutrição de que não teremos nenhum tipo de refeição, nem mesmo para os pacientes. Portanto estamos buscando junto com a sociedade levantar alguns insumos para produção. (...) Agradecemos a colaboração. Diretoria Geral do HGP”.
A dona de casa Derlinda Pereira, que está acompanhando a filha internada no HGP, confirmou a informação que diversas doações foram recebidas nesta manhã e que a movimentação de pessoas levando itens alimentícios ao hospital continua. “Hoje só foi servido café da manhã porque houve as doações. Toda hora tem alguém entrando com alimentos doados na cozinha como fardo de arroz, feijão e açúcar”, afirmou Derlinda.
No Facebook a campanha também é compartilhada por várias pessoas em suas páginas pessoais, e além de alimentos são pedidos fraldas e creme anti-assadura para crianças internadas na Unidade de Terapia Intensiva. “Gente, quem puder doar algo para as criancinhas internadas na UTI pediátrica do HGP, por favor, doem. Fralda, creme anti assadura, algo pra comer como todinho, iogurte, leite. Estamos sem comida no HGP, sem suco, sem café. Muitos pacientes e acompanhantes são humildes, não moram em Palmas, e estão passando fome”.
Representantes da Sesau informaram ontem ao MPE que a empresa Litucera não cumpriu com o acordo firmado na semana passada, de que forneceria regularmente a alimentação até esta terça-feira, data em que um novo acordo de quitação das dívidas seria entabulado. A empresa, por sua vez, vem apontando há alguns meses que tem enfrentado dificuldades em manter os serviços e honrar os salários dos colaboradores quando o Estado deixa de cumprir os acordos de pagamentos mensais. Conforme a empresa havia confirmado anteriormente, a atual gestão possui uma dívida de mais de R$ 20 milhões com a Litucera.
Hospital Regional de Gurupi
Também circulam nas redes, áudios de uma enfermeira e um médico que falam da situação semelhante que o Hospital Regional de Gurupi enfrenta em relação a falta de alimentos e trazem pedidos de doação à unidade na região Sul do Estado.
“Nós aqui da Coordenação do Hospital Regional de Gurupi estamos vindo a público para pedir auxílio no que diz respeito a doação de alimentos para esta unidade hospitalar, para poder fornecer refeições ao pacientes. (...) Estamos pedindo a todos nas redes sociais que nos ajudem trazendo qualquer alimento perecível ou não perecível. O que for possível pode ser doado para o Hospital Regional de Gurupi ou na entrada do Materno Infantil, que vai ter um posto de coleta, ou no pronto socorro”, pede a enfermeira.
Já o médico critica o governo do Estado pela falta de pagamentos à Litucera. “Eu acho que é muito fácil dizer que a Litucera deixou de servir alimento para o hospital, mas é preciso dizer o que tem por trás disso. É irresponsabilidade do governo do Estado que não se responsabiliza pelo pagamento dos fornecedores, que deixa às traças o atendimento do Hospital Regional de Gurupi, que não se preocupa em nenhum momento em chamar seus funcionários para conversar”, afirma o médico.
Sesau não responde
O T1 Notícias entrou em contato com a Secretaria de Saúde e solicitou um posicionamento do órgão referente às doações e às campanhas realizadas pelos próprios servidores dos hospitais para arrecadação de alimentos. Solicitou ainda informações sobre as providências que estão sendo tomadas para solucionar o problema, porém a Sesau encaminhou a mesma nota já publicada pelo T1 nesta terça-feira, o que não respondeu aos novos questionamentos.
Consta na nota que “a Secretaria de Estado da Saúde informa que foi liberado nesta terça-feira, 23, o pagamento de R$ 2 milhões para que a empresa Litucera regularizasse as refeições nos hospitais estaduais do Tocantins. Um novo processo de licitação para a prestação desse serviço já está em andamento”.
Comentários (0)