Arcebispo defende retirada do tema da diversidade de Plano Estadual de Educação

Seminário de Direitos Humanos discute desafios na educação, e Arcebispo Dom Pedro esteve no seminário e disse ser contra discutir a ideologia de gênero nas escolas, gerando polêmica entre presentes.

O seminário que debateu o Plano de Direitos Humanos foi palco de polêmica em Palmas ontem, quinta-feira,28, com a abordagem feita pelo Arcebispo de Palmas. O seminário que teve início na última quarta-feira, 27 e se encerrou na manhã desta sexta, 29, teve como tema “Seminário de Direitos Humanos: retratos e desafios para o Tocantins”.

 

Embora esse fosse o tema, o Arcebispo da Arquidiocese de Palmas, Dom Pedro Brito Guimarães, que representou a Igreja Católica no seminário, fez um pronunciamento contrário a inclusão do conceito de igualdade de direitos de gênero nos planos estaduais e municipais de educação. O assunto não estava na pauta do seminário e suscitou a polêmica entre os presentes.

 

O professor Luciano Coelho se manifestou contrário às declarações do Arcebispo e disse que “hoje nós temos que contemplar o novo modelo de família [nas escolas]”.

 

Luciano afirmou que em seu discurso, Dom Pedro criticou documento que deve estar incluso no Plano Estadual de Direitos Humanos, sobre inclusão de temas que estimulem a tolerância e o respeito aos direitos civis na discussão sobre os diferentes gêneros nas escolas. Segundo ele, o arcebispo pediu apoio para que o tema seja retirado do plano.

 

Um dos exemplos colocados pelo professor, foi que “hoje as escolas não estão comemorando dia das mães, dia dos pais, e sim dia da família... para incluir crianças que são órfãs, ou que tem só a mãe ou só o pai, ou dois pais, ou duas mães. Enfim, hoje nós temos que começar a contemplar esse novo modelo de família. Se nós estamos em um seminário de direitos humanos como que nós vamos incluir um discurso preconceituoso?”, criticou.

 

“A escola precisa fazer isso. Eu sou um dos defensores de que ao invés de comemorar dia dos pais, se comemore o dia da família. A igreja agora está tentando interferir na escola?” concluiu Luciano.

 

Combatendo a "ideologia de gênero"

 

Em entrevista ao T1 Notícias por telefone, Dom Pedro afirmou que quer deixar claro que o seu posicionamento é em relação à ideologia de gênero na inclusão do Plano estadual de Educação e que “está em consonância com o pensamento da igreja. Esta questão não é contra os homoafetivos”.

 

Segundo a assessoria da arquidiocese, o Arcebispo se referiu em sua fala sobre a parte educacional das crianças e que ele citou a posição da igreja sobre o assunto. “Não é uma coisa que esteja agredindo ao direito das pessoas em terem suas opções sexuais”, disse a assessora Ana Germana, acrescentando que “ele não entrou nesse mérito”.  

 

Estiveram presentes no seminário o secretário de Educação, Adão Francisco de Oliveira, o frei José Fernandes, da Comissão Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do professor Ricardo Barbosa de Lima, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que abordou o tema Direitos Humanos e Educação e os seus desafios.

 

Em nota enviada pela Arquidiocese, o Arcebispo justifica que a ideologia de gênero prega que uma pessoa pode construir sua indentidade ou opção sexual, livremente, e que na prática ensinaria às crianças que "ninguém nasce homem ou mulher", contrariando a formação e valores tradicionais da família. A nota cita o Papa Bento XVI, que tinha posição mais conservadora do que a conciliatória que tem sido orientada pelo Papa Francisco.

 

Leia Nota completa da Arquidiocese em arquivo anexo:

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