Com 63 novos casos de leishmaniose visceral (calazar) confirmados em 2015 no Estado, 16 municípios tocantinenses são considerados prioritários para o controle da doença por, apesar de apresentarem uma redução em relação ao ano de 2014, o número de casos graves da doença ter aumentado.
Segundo o biólogo responsável pela Área Técnica das Leishmanioses do Estado, Júlio Bigeli, todos os municípios tem um plano de ação de controle da doença, mas os 16 prioritários para o controle tem um plano mais amplo.
O trabalho é feito com ações de controle dos vetores (mosquito), educação e saúde, atividades em geral para tratamento dos casos humanos e controle de reservatórios.
De acordo com Júlio o controle da leishmaniose é bem mais complexo do que outras doenças como a dengue, por exemplo, pois envolve o vetor e o reservatório. O mosquito coloca seus ovos em matéria orgânica em decomposição e por isso o combate é feito prioritariamente na educação em saúde junto à comunidade.
Casas que não tem esgotamento sanitário, possuem galinheiros, quintais com folhas no chão e fezes de animais em decomposição são um dos cenários propícios para a reprodução do mosquito e, segundo Júlio, é preciso que a população se conscientize. “O controle passa pela alteração desse cenário na comunidade, não podemos focar somente nisso, mas a questão da higiene é fundamental e a higiene no quintal é função do morador”, frisou.
Araguaína, Araguatins, Arapoema, Augustinópois, Babaçulândia, Bandeirantes, Carmolândia, Colinas, Colmeia, Gurupi, Miracema, Nova Olinda, Palmas, Paraíso, Porto Nacional e Sampaio são os municípios que correm o risco de terem o aumento de casos e segundo Júlio é exatamente pelo fato de ainda existirem muitos criadouros do mosquito transmissor.
Hospedeiro
O cão é o hospedeiro da doença que segundo o biólogo da Sesau não tem cura nos cães. “O tratamento do calazar nos cães é proibido no Brasil, tendo em vista que ainda não existe uma cura”, informou Júlio ao ressaltar que “por mais que com um tratamento, o animal apresente a melhora dos sintomas, ele continua sendo hospedeiro”.
Segundo ele as secretarias municipais de Saúde fazem o exame sorológico do cão e se positivo a atitude a ser tomada é a eutanásia. “Esta é uma questão polêmica e que dificulta o controle da doença”, relatou Júlio, ao lembrar que os animais conquistam o afeto de seus donos e sacrificar o cão, nem sempre é bem aceito pelas famílias.
Tratamento
No caso da leishmaniose ser contraída pelo ser humano, Júlio informou que hoje a rede pública de saúde oferece todo o tratamento necessário. “Basta buscar medico na unidade básica de saúde, se precisar tratamento tem tudo garantido na rede pública de saúde”, disse o biólogo ao destacar que o diagnóstico e o tratamento são as estratégias mais eficientes para evitar a propagação da doença. “Já tivemos mais de 300 casos humanos da doença e o programa hoje está focado primeiro em evitar a morte e segundo que a população adoeça”, finalizou.
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