Segunda dose da CoronaVac fica para junho e preocupa eficácia de quem tomou a 1ª

Doses foram recebidas dia 15 de maio e ainda não foram distribuídas para a imunização dos idosos e profissionais de saúde. O atraso da aplicação faz com que a eficácia da imunização não seja garantida

Crédito: Divulgação

Com doses paradas desde o dia 15 de maio, idosos e profissionais de saúde, os primeiros na fila de prioridade do Programa Nacional de Imunizações (PNI), relatam aflição no atraso da aplicação da segunda dose da CoronaVac, pois sem ela a imunização contra o novo coronavírus não é garantida, conforme especialista procurado pelo Portal. O T1 apurou, na tarde desta terça-feira, 25, que a continuação dessa última etapa de imunização da vacina do Butantan deve ocorrer somente no início de junho. A informação é do presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins (COSEMS-TO) e Secretário de Saúde de Nova Olinda, Jair Pereira Lima. 

 

Ele conferiu que as entregas às secretarias municipais de Saúde começarão a partir da próxima terça-feira, 1º de junho, nos respectivos polos de distribuição, junto com as remessas de outras vacinas, como a Astrazeneca. Isso ficou acertado hoje, 25, após reunião entre o COSEMS-TO junto à Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO). 

 

Segundo Jair, esse tempo dado pela SES-TO é necessário para organizar a distribuição correta entre os municípios que informaram a falta de doses e também para facilitar a logística das secretarias municipais de saúde.

 

Relato

 

A jornalista Musa Dumont, de Palmas, relatou em suas redes sociais a angústia que sua família está passando enquanto sua mãe, Neusa Maria Dumont, de 67 anos, aguarda pela última aplicação do imunizante do Instituto Butantan. “O pior sentimento é a frustração da expectativa”, disse. 

 

Ao T1, ela confessou que Dona Neusa está há quase 15 dias aguardando receber a segunda dose após a data marcada em seu cartão de vacina.  “Minha mãe é uma senhora de 67 anos que todo santo dia perguntava se estava chegando a idade dela para vacinar, até que chegou o dia tão esperado. A gente foi lá, ela se vacinou, ficou extremamente feliz, eu fiz vídeo, compartilhei em todas minhas redes sociais, compartilhei com amigos e família. Ela se sentiu mais esperançosa, até a questão da depressão deu uma melhorada, mas chegou a data dela tomar a segunda dose, para então completar o ciclo imunológico da Covid, e nos deparamos com a falta da disponibilidade da vacina” desabafou. 

 

Caso não consiga tomar a referida dose nos próximos dias, a família de Dona Neusa cogita levá-la para tentar a aplicação em outro Estado. “Ela está com muito medo. E o que nos causa mais indignação e tristeza é que o planejamento deveria ter sido a imunização completa desse grupo de pessoas e não alternar no meio do processo. Com isso surgem várias perguntas, de quem a responsabilidade dessa falta da vacina e como fica a situação dessas pessoas”, indagou Musa. 

 

Responsabilidade

 

Sobre a responsabilidade no atraso dessa aplicação da 2ª dose da Coronavac apontada pela jornalista, não se tem um consenso de quem seria. Do Ministério da Saúde, da secretaria estadual ou dos próprios municípios.

 

Ainda em meados de março, o Ministério da Saúde havia declarado que as cidades do Brasil poderiam utilizar  5 milhões de novas doses da Coronavac e AstraZeneca contra Covid-19 como 1ª dose. Um mês depois, o Ministério da Saúde voltou atrás e recomendou estocar a vacina do Butantan para garantir a imunização completa. Neste momento, o ministro da Saúde admitiu a escassez de doses da CoronaVac para a segunda aplicação.

 

A situação piorou na semana retrasada, quando faltaram insumos vindos da China para a produção tanto da CoronaVac quanto da AstraZeneca.  O Tocantins recebeu a última remessa do Ministério da Saúde, entre os dias 14, e 15, com pouco mais de 21 mil doses do imunizante. Menos do previsto.

 

Mesmo com quantidade inferior ao esperado, a Secretaria Estadual, por meio da Superintendente de Vigilância em Saúde (SVS), resolveu estocar, por ora, essas últimas doses de CoronaVac na Gerência de Imunização. A informação repassada era de que as mesmas só seriam liberadas após reunião com os municípios. 

 

Hoje, 25, a pasta afirmou que antes da paralisação da produção de vacinas pelo Instituto Butantan/Coronavac- em razão da falta de IFA - foram distribuídas todas as doses para a aplicação das segundas doses D2 do imunizante Coronavac aos 139 municípios em tempo hábil para complementação do esquema vacinal.

 

Entretanto, alguns municípios relatam que as doses distribuídas não foram suficientes para atender todo o público. Diante disso, a SES analisou os bancos de dados de distribuição e aplicação das doses de Coronavac, se reuniu com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins (COSEMS-TO) para verificar a situação da segunda dose para esses municípios.

 

“A distribuição de novas remessas será definida após reunião virtual com todos os municípios que estão com dificuldade para aplicação da segunda dose, visto que o Estado já havia enviado doses suficientes para complementação do esquema vacinal dos grupos prioritários, já liberados", disse. O encontro está marcado para esta quinta-feira, 27. 

 

Defensoria

 

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins informou, na tarde desta terça, que, acompanha e atua para o acesso de todos e todas aos atendimentos e, nesse sentido, vai oficiar a Secretaria Estadual da Saúde sobre o quantitativo de vacinas que se encontram na Gerência de Imunização e se há estoque desses imunizantes em Palmas sem envio a Municípios. “A DPE-TO destaca a necessidade de celeridade na distribuição das vacinas, por entender da importância da imunização, principalmente para as pessoas que neste momento aguardam pela segunda dose do imunizante contra à covid-19” enfatizou.

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