Vice-prefeita de Ponte Alta sofre ataque misógino; agressor alega “falta de remédio”

Áudios com palavras de baixo calão compartilhados em grupo de Whatsapp foram alvo de denúncia por parte da vice-prefeita.

Vice-prefeita de Ponte Alta, Juliana Gastaldi.
Descrição: Vice-prefeita de Ponte Alta, Juliana Gastaldi. Crédito: Divulgação

Uma série de áudios com ataques misóginos por parte do professor do município de Palmas, Robledo Leobas, natural de Ponte Alta, virou caso de polícia nesta semana no município com registro de Boletim de Ocorrência (B.O) por parte da agredida, a vice-prefeita Juliana Gastaldi Lopes Fernandes (PT)

 

Nos áudios raivosos, o agressor utiliza de palavras de baixo calão em um grupo de Whatsapp chamado "conservadores" que, segundo um dos administradores, funciona para discutir política nacional, mas o professor envia conteúdos desrespeitosos de forma contínua fora de contexto. "O único b4bac@ é ele, a outra galera que está no grupo tem outro posicionamento, ele é o único id!ot@. A vida dele é ficar falando mal de pessoas daqui. O foco do grupo não é falar da política local, mas sim federal e sempre vem ele falando baixarias", disse a fonte.

 

Em uma série de áudios enviados, o professor pronuncia inúmeros xingamentos contra a vice-prefeita, diz que ela é "uma zero 3squerda", "d3sgraç@da" e afirma que "xinga pra ver se surte efeito. Você tem que falar grosso, tem que falar revoltado, com palavrão, que é para ver se a vice-prefeita entra em campo", argumenta em tom alto.

 

Ao T1, a vice-prefeita disse que recebeu os ataques com indignação. "Me senti na obrigação de levantar essa bandeira, o ataque não foi apenas para mim, mas para todas as mulheres que estão trabalhando no meio político honestamente para que as coisas aconteçam. Me repugna ouvir os áudios pela carga negativa, pelo ódio por eu ser mulher e saber que ele jamais usaria aqueles termos com um homem", expressou.

 

"A Constituição Federal e a Lei Orgânica do Município são muito claras com relação às atribuições do vice-prefeito, que são substituir o prefeito em caso de licença ou vacância e auxiliar a gestão quando é convocado. Ou seja, o vice-prefeito não tem poder de assinar, deliberar e decidir sobre a gestão, apenas na falta do prefeito ou quando convocado por ele, fato que não ocorreu", pontua. "Eu acredito em justiça, as falas são muito fortes, caluniosas, incitam o ódio e a intolerância, ele ultrapassou os limites da civilidade, não pode sair impune", declarou.

 

Foi feita uma ata notarial pela vice-prefeita para a constatação dos fatos. Ainda em um dos áudios, Robledo Leobas afirma: "acorda comunidade pontealtense, bota uma coisa na cabeça, quando vocês vão em uma reunião com o governador, reunião com deputado, vocês observaram que tem aquela mulher bonita ali ao redor? Pode ter certeza que a capacidade delas é vaginal", diz o professor.

 

Supostos problemas mentais

 

Procurado pelo T1 Notícias, inicialmente o professor Robledo Leobas quis saber qual era a fonte da denúncia e, ao ser informado de que o portal dispunha dos áudios, boletim de ocorrência e ata notarial, justificou que os enviou em "um dia que meu carro quebrou por falta de estrada no município, e você não tem a quem recorrer, se ao prefeito, se a vice que ajudou a conduzir o prefeito à reeleição. Eu como cidadão fiquei revoltado com a ausência do poder público, porém deixei de tomar os remédios que tomo para ansiedade e depressão, pois sou acompanhado por psiquiatria, e por falta de locomoção e de estradas o carro quebrou, eu não tomei os remédios e veio a ansiedade".

 

Nos áudios, o professor não direciona a sua revolta ao prefeito e nem ao secretário de infraestrutura do município, Sebastião Gama, mas sim para a vice-prefeita, que é mulher e que não possui responsabilidade direta para reformar a estrada que ele alega ter estragado seu veículo.

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