CineSesc exibe Bicho Homem e Rio Interrompido nesta quinta

O evento é aberto a toda população e após a exibição do filme acontecerá um debate sobre os registros do patrimônio imaterial contextualizados na obra.

Depois de ser assistido por moradores dos municípios de Paranã, Santa Rosa e Conceição, chegou a vez dos palmenses conhecerem o que tem a dizer o documentário Bicho Homem. O lançamento na Capital será nesta quinta-feira, 7 de novembro, às 20h, no CineSesc Palmas. O evento é aberto a toda população e após a exibição do filme acontecerá um debate sobre os registros do patrimônio imaterial contextualizados na obra. A mediadora será a historiadora e professora doutora, Noeci Carvalho Messias. A entrada é gratuita.

O documentário tem duração de 20 minutos e mostra manifestações culturais da região Sudeste do Tocantins. As filmagens aconteceram no povoado Bom Jesus da Palma, no município de Paranã, na comunidade quilombola Morro de São João, no município de Santa Rosa e na cidade de Conceição. O diretor é o jornalista e documentarista Gleydsson Nunes, que já tem trabalhos na linha de resgate de cultura e memória, como Barra da Aroeira: A Terra dos Rodrigues e Terminal de Lembranças. O projeto foi realizado com recursos do Prêmio Cacá Diegues 2011, de Apoio a Produção Audiovisual, concedido pelo Governo do Estado do Tocantins.

Bicho Homem teve o desafio de retratar uma lenda largamente difundida ou um fenômeno que, se real, seria extraordinário. Em muitas localidades do interior do país, acredita-se que certas pessoas se transformam nos mais variados animais durante os ‘dias grandes’, que são a quinta e a sexta-feira da Paixão. Lobisomem é o ser mais citado nesses casos. Essa crença alterava o cotidiano nas fazendas, povoados e cidades pequenas. Os mais crédulos evitavam sair de casa à noite ou mantinham distância daqueles que supostamente viravam bicho.

 

Um olhar de dentro para fora 

Gleydsson Nunes diz que o seu objetivo nunca foi comprovar ou desmistificar esse aspecto, que está enraizado no imaginário daquelas comunidades por onde o projeto passou. “A proposta era fazer um recorte da vida desses personagens, investigar como os parentes e pessoas próximas administravam uma situação por demais peculiar. Trazer ao expectador um olhar de dentro para fora”, explica o diretor. 

A equipe localizou duas pessoas bastante idosas e já com a saúde debilitada, que têm seus nomes atrelados a essa estória. Com um deles, seu Laudislau, foram feitas gravações, no povoado Bom Jesus da Palma. Com a outra, dona Custodiana, não foi possível. Ela morreu entre a pré-produção e as filmagens. No mês de março deste ano Seu Laudislau também faleceu, sem poder assistir à obra que teve nele a inspiração inicial. No último dia 6 de outubro, filhos, netos e bisnetos se emocionaram com as imagens do ilustre membro da família, agora para sempre vivo nas telas.

 

Um rio partido 

A sessão dupla vai exibir também o documentário Rio Interrompido, do diretor Alan Russel. O filme apresenta os inúmeros crimes ambientais cometidos contra o Rio São Francisco, na cidade mineira de Lagoa da Prata. Com imagens que vêm desde a nascente, na Serra da Canastra, até chegar à região do maior criatório natural de peixes do Velho Chico, o documentário mostra como o chamado ‘rio da integração nacional’ tem sido tratado pelas autoridades, empresários e pelos que dele sobrevivem. Drenos e matança de dezenas de lagoas marginais, utilização de áreas de proteção para cultivo da monocultura de cana de açúcar, e até um desvio que literalmente mutilou oito quilômetros do Rio São Francisco são alguns dos crimes apresentados pelo documentário.

Com uma abordagem simples e direta, Rio Interrompido mostra não só os problemas decorrentes dessas ações, mas sugere alternativas de revitalização desse grande patrimônio natural. Toda a história é narrada pelos personagens reais que, de alguma forma, certa ou errada, contribuíram para deixar o São Francisco como o vemos hoje. O documentário tem 25 minutos, foi todo produzido em Minas Gerais e editado no Tocantins.

Para realizar o filme, os recursos vieram de um edital de Microprojetos do Ministério da Cultura e de parceiros. “Vamos disponibilizar o conteúdo a emissoras públicas e educativas, e com isso ajudar a fazer pressão sobre as autoridades para tomarem alguma solução e retornar o São Francisco ao seu curso atual, essa é a nossa colaboração”, diz o diretor Alan Russel, que aqui no Tocantins já dirigiu A Dois Passos do Paraíso e Cinema de Bolso. O lançamento em Lagoa da Prata aconteceu no dia quatro de outubro, dia de São Francisco.

 

Ficha técnica BICHO HOMEM

Direção: Gleydsson Nunes

Produção executiva: Meire Luce de Sá Mendes

Finalização e edição de áudio: Cledson Bosque

Produção Musical: Daniel Ribeiro de Oliveira 

 

Serviço

Exibição de Bicho Homem e Rio Interrompido

Data: 7 de novembro

Horário: 20h

Entrada: Gratuita

 

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