A prefeita Cinthia Ribeiro tem pela frente um árduo trabalho: pacificar sua base na Câmara, ajustar os ponteiros e garantir governabilidade num cenário que ficou mais complicado com a eleição da vereadora Janad Valcari, com 12 votos, para presidência da Casa pelos próximos dois anos.
Assim que os votos foram apurados, recebi um telefonema de um conhecido político palmense com a seguinte pergunta: quem ganhou a eleição?
Ainda dentro da tribuna de imprensa na Casa, cercada pelo barulho e o calor da posse, respondi: a própria Janad. Ele retrucou: Nem Paço, nem Palácio.
E é fato. Janad Valcari usou os meios todos que achou conveniente e possíveis para fazer a maioria.
O protagonismo não é de Wanderlei Barbosa, vice-governador, que garantiu três votos para a vereadora. Nem de Amastha e Lucas da Lince, que garantiram entendimento para mais quatro.
O protagonismo é dela, que começou a construir sua vitória antes da eleição terminar. Uma semana antes, para ser mais precisa. Entendedores entenderão.
Uma base com muito fogo amigo...
A base da prefeita, aliás, é um caso à parte. Nunca foi tão desunida. Muitos interesses próprios e poucos falando a língua do grupo.
Nos bastidores, foram duas prévias, que só aconteceram após Folha, que era tido nos bastidores como o preferido de Cinthia, recuar e retirar o nome depois da negativa de Laudecy Coimbra e Rogério de Freitas em votarem nele.
Na primeira prévia, três pré-candidatos: Rogério de Freitas, Waldson e Felipe Martins, o Felipinho, que não abria mão de ser candidato.
Rogério teve quatro votos, Waldson quatro e Felipinho apenas o seu...
A prefeita poderia então ter a prerrogativa de escolher um dos dois empatados e pedir o apoio dos outros. Rogério insistiu na disputa. Teve o apoio de Felipinho e “torou a paca”. Nos dias que se seguiram, no entanto, não correu atrás dos votos. Dizia para quem quisesse ouvir que o Paço é que deveria garantir sua vitória. Não deu certo, como se viu.
De nove votos, que teria que ter, o candidato “da prefeita” teve sete. E aí começou uma caça aos dois dissidentes. Um deles, afirma-se, seria Juscelino, que fez um discurso arredio na posse. Para contornar seu voto, Carlos Gaguim teria sido escalado, mas não obteve sucesso na tentativa.
Daí que corre à boca miúda que Cinthia não teve o apoio dos seus próprios vereadores do PSDB.
A segunda “traição” seria do Democratas, que tem Marilon Barbosa e Pedro Cardoso. Marilon disse ao Blog que nunca foi procurado e que se sentia tocado “igual cachorro”, e que portanto, não tinha porque votar. “Esse pessoal deixa tudo para a última hora e depois que forçar a gente”, disse ele ao comentar a resolução do Democratas, nos 45 minutos do segundo tempo, recomendando o voto em Rogério de Freitas.
Pedro Cardoso, por sua vez, deu a justificativa: “dei minha palavra, não vou mudar, aguento as consequências se judicializar”.
E assim terminou um capítulo e começou outro na história dessa legislatura, que vai impactar e muito o governo Cinthia Ribeiro nesses dois próximos anos.
Falta compor comissões, e é nelas que o jogo da pauta e do trâmite dos processos é decidido.
Procurada pelo Blog para falar dos seus próximos passos e de quando convocará os vereadores, a presidente respondeu, através da sua assessoria, que ainda não tem essas respostas.
Esse mês de janeiro pode reservar surpresas ainda, mas por hora, Folha faz bem em ir atrás dos autores do panfleto da maldade, que correu no WhatsApp. Por trás disso pode estar uma trama muito maior do que aparenta.
Quem viver verá.
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