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A quem interessa defender a manutenção do “monopólio” do transporte em Palmas?

Quem mais está ganhando com a manutenção de um sistema de transporte ruim, com poucas linhas atendendo o interesse social e com o mesmo grupo há 30 anos no comando?

Crédito: Edu Fortes

Muita gente que usa e que não utiliza o transporte coletivo de Palmas está perdida no enredo da novela que se tornou o que se pode chamar popularmente de “a quebra do monopólio”, na concessão da exploração do transporte público.

 

Existem duas explicações: a técnica e a política.

 

Primeiro vou explicar de forma bem simples a técnica: trata-se de um serviço operado por três empresas representadas por um sindicato: O Seturb, presidido há mais anos do que consigo contar, pelo empresário conhecido como Toninho da Miracema. Ele mesmo se apresenta como um pioneiro que chegou em Palmas no começo e decidiu investir aqui no negócio de transportar pessoas.

 

Só que este negócio – que se fosse tão ruim, ninguém estaria brigando para manter – vem se arrastando por mais de 30 anos. Era um contrato de concessão de 20 anos, prorrogado por mais 10, com a anuência da Câmara de Palmas.

 

Sempre se falou em monopólio e sempre Toninho respondeu que isso não existe. Por quê? Porque uma empresa é dele, outra de uma familiar dele, e a terceira, Viacap, de um grupo de Anápolis, que opera em Brasília com grande frota, e que está em Palmas há menos tempo. Com cerca de 40 ônibus. Uma fatia pequena perto do que as duas empresas pioneiras, por assim dizer, operam.

 

Tecnicamente falando, Toninho viveu os anos de ouro quando ele próprio exercia dois papéis: o de empresário e o de “ajudar” a prefeitura a medir seus serviços. Reza a lenda que ele ia para dentro do órgão fiscalizador explicar aos servidores públicos como apurar a planilha dos seus próprios custos. E ninguém o incomodava.

 

O serviço? Ruim. Ônibus lotados nas rotas quentes. Ônibus esparsos nas rotas de menor fluxo. E é isso que a cidade vive há anos.

 

Na gestão do prefeito Carlos Amastha, com sua visão empresarial, a prefeitura tomou posse do controle dos custos, estabeleceu limite de lucro de 10% para o empresário e tudo ficou pacificado entre prefeitura, empresa e Câmara. Mas a tarifa seguiu cara e, apesar dos ônibus novos, a questão das rotas nunca ficou bem resolvida.

 

Ninguém falou mais em monopólio ou em incomodar os negócios do empresário.

 

Aí chegou Cinthia Caetano Ribeiro Mantoan.

 

Vira bem aí esta página da história do transporte coletivo de Palmas.

 

Ela até pode futuramente licitar estes serviços, mas levou ao pé da letra a promessa de rever o “monopólio” do transporte público em Palmas.

 

E é aí que começa as estratégioas de sabotagem de uns e o bombaardeio político de outros. Muitos políticos se irmanaram aos interesses da Miracema e do amigo Toninho. Mas, o ex-prefeito Carlos Amastha tem sido o mais sem noção nesta defesa. Tem a capacidade de ir para as redes ridicularizar a prefeitura, afirmar que o poder público via ATR não vai conseguir comprar sequer as peças de reposição dos ônibus. Ridiculariza queima de ônibus e retruca: "é de graça!".

 

 

Lembrando: queimar ônibus é uma prática comum entre bandidos no RJ, coisa que nunca se viu em Palmas.

 

Provocar um incêndio dentro de um ônibus com oito pessoas dentro é coisa para se debochar? É coisa para se inocentemente achar que é coincidência no meio de uma guerra de interesses, em que o Sindicato cobra R$ 30 milhões de supostos prejuízos na operação do sistema? Isso com uma tarifa alta e subsidiada...?

 

Mexeu no bolso de uns e acertou no interesse de muitos outros.

 

O que aconteceu de fato? Só vamos saber mesmo quando a prefeita abrir a caixa de pandora dos 100 dias desde que assumiu o sistema. Mesmo sem o comando da gestão do transporte, o Seturb vinha recebendo R$ 7 milhões mensalmente para operar os ônibus.

 

Quando a gestão anunciou que assumiria todo o sistema e marcou data começaram os boicotes: oferecer nova rota que não existe para que os motoristas não aceitassem nomeação na prefeitura, manipular líderes sindicais para forçar que a indenização dos dispensados fique condicionada à prefeitura pagar parcela desses R$ 30 milhões, cujo relatório feito pela gestão mostra que foram glosados (aumentados indevidamente).

 

E agora temos ônibus queimado e político defendendo o contrato da empresa em rede social.

 

Que este período da história de Palmas beneficiou mais que empresas é claro. E já passou da hora de acabar. É um clamor que eclodia em toda eleição: quem vai acabar com o monopólio e melhorar os serviços do transporte público em Palmas?

 

A hora chegou. Que a prefeita tenha proteção divina e de segurança para enfrentar e vencer todas as ameaças que recebe.

 

Cada dia é um factóide a vencer. Por hora, gratuidade. Depois, podem esperar: vem tarifa mais baixa. Até porque Prefeitura não visa lucro.

 

O resto a história ainda está para ser escrita. Com a tinta da vergonha por uns, e com a da coragem por outros.

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