Eu sou uma mulher de memórias. Aliás é o que mais gosto de fazer: escrever sobre elas. Memória, afetiva, histórica, cultural é o que nos ressignifica como seres humanos.
Minhas memórias de Palmas são carregadas de cheiros. O cheiro da chuva em Taquaruçu, onde o clima é mais frio. O cheiro de filtro nas paredes da minha primeira casa, lá. Onde fui fazendo, mexendo, plantando a Casa Branca da Serra.
Quando desço no Aeroporto internacional de Guarulhos-SP, um arrepio me percorre a coluna de baixo para cima. Memória de quando iniciei para Orisá.
Alguns lugares neste Estado me remetem imediatamente à memória dos dias que vivi alí. Em Miracema, 1992, na Vila da Unitins, unidades de madeira, quando o reitor era Antonio Maia. Em Gurupi, onde morei num hotel, fazendo campanha... Araguaína ( a velha) onde morei um mês, Diretora de Comunicação da Comunicatins.
Considero memória algo fundamental. Por isto fiquei surpresa quando soube que o Festival de Inverno de Taquaruçu vinha sendo tratado pela equipe do amigo Tom Lyra como o primeiro. Justamente por que não é.
O primeiro e o segundo estão registrados nas páginas dos jornais da época. Talvez tenha faltado pesquisa...
As duas edições do festival, primeiro nasceram na mente do seu idealizador, o produtor Cultural Marcelo Souza. Eram os idos de 2009 e 2010. Souza, como se sabe, perdeu a vida em 2016.
A primeira edição contou com financiamento privado de parlamentares e instituições. A segunda ganhou apoio do Governo Federal.
Nestes dias me procurou o filho do Marcelo Souza, seu herdeiro natural na produção cultural, o músico Gabriel Deeaz. Ele me falava que não entendia a condução do processo não passar por ele. Imediatamente liguei para o Tom. Este me argumentou um monte de coisas e questionou o que Gabriel queria. Na primeira reunião com a comunidade, ele foi apontado (sugestão da então secretária de Comunicação do Município) Ivonete Mota, como um dos curadores do evento, e de certa forma, estaria participando do evento.
Mas, como diz o dito popular: o buraco é mais embaixo. O evento pode ser repaginado, ganhar o investimento público, mas a história não pode ser apagada. Até por que Taquaruçu se lembra bem dela.
Abre parênteses.
Quem também me procurou foi a presidente da Goverta, Enes Darc. Queria saber se eu tinha notícia de como seria conduzida esta questão. Eu não tinha. Apenas sabia que o Comitê Gestor iria tratar do assunto, levado pelo secretário Tom Lyra.
Fecha parênteses.
Conhecendo bem a prefeita Cinthia Ribeiro, como conheço, sei que ela jamais passaria por cima ou negaria a história que está escrita na cultura de Palmas. Não foi assim, por exemplo, com o PMW Rock Festival, evento que já existia e que a prefeitura passou a apoiar.
Gabriel Deeaz está aí para honrar a memória do pai, Marcelo Souza. Não pode ser excluído do processo. Pode e deve ser co-produtor.
Numa cidade tão nova como Palmas, preservar as memórias, as boas memórias e os cidadãos que a constroem diariamente, é de fundamental importância.
Que a terceira edição do Festival de Inverno, possa honrar a memória do grande produtor cultural, Marcelo Souza, um apaixonado por Palmas e pelo Tocantins.
Comentários (0)