O governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), vai melhor na gestão interina do Estado do que se podia esperar em tempos de tamanha instabilidade e com um governador afastado (ainda forte no campo político) prestes a fazer dois meses de afastamento.
Movimentando-se bem na meta de reduzir custeio, fechar dutos por onde o dinheiro público vazava e articulando-se estrategicamente no governo federal, Laurez vai conquistando um capital político interessante: o de mostrar que como governador – caso se efetive nos próximos meses, ou vença as eleições ano que vem – será um gestor prudente sob o ponto de vista fiscal, acessível sob o aspecto político e de fácil diálogo.
São três marcas interessantes num cenário difuso, em que deputados e prefeitos se equilibram no dilema de nem ser contra, ou muito menos a favor enquanto a justiça não descarta mais uma vez o retorno de Wanderlei Barbosa(Republicanos), antes do prazo de seis meses determinado no afastamento imposto pelo STJ.
Por aqui há décadas a classe política se habituou a apostar no que é “favas contadas” ou no português direto: no que é líquido e certo. Empresários investem nos candidatos que estão na frente, deputados e prefeitos se dividem, com a expressiva maioria apoiando quem tem a máquina e assim a vida segue...
No caso atual, o que ser escuta é a reclamação sobre “instabilidade”. Na prática, muitos temem apoiar abertamente Laurez e condenar publicamente cada excesso ou uso inadequado do dinheiro público por Barbosa, justamente pela possibilidade de retorno do governador afastado.
Ouvi de um prefeito semana passada: “ele fazia um governo autoritário, já não conversava muito com os prefeitos, estava difícil pra nós”.
Por isso toda vez que surge algum rumor ou factóide - brotado da expectativa de movimentação na segunda turma, ou na tendência bolsonarista deste ou daquele ministro - o grupo de Wanderlei alimenta nos bastidores a expectativa de volta dele ao cargo.
A nova data, sem nexo e sem lógica factual é dia 4 de novembro. Desde ontem é – 28 de outubro - pelo menos é o que vai nos grupos do Zap.
De concreto mesmo, nada de novo. Apenas a indisposição da Assembléia Legislativa em receber e fazer andar pedido de impeachment. Por um lado, por que são 10 deputados investigados no mesmo pacote que Wanderlei. Por outro por que pela primeira vez nos últimos 15 anos, o governador que assume interinamente não veio da Casa.
Assim, o que resta fazer é aguardar o andar da carruagem, torcendo pelo êxito do interino em verdadeiramente tomar posse do comando integral da máquina administrativa, fechar os dutos de corrupção.
E torcer para que a população entenda que errado não é quem tem poder e força para interromper governos corruptos. Mas quem perverte as regras do jogo frustra licitações, não entrega o que vende, desvia recursos para alimentação dos mais pobres. Por mais que seus índices de aprovação sejam altos.
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