Tenho visto nas redes tentativas de diminuir a importância da participação do Tocantins e de Palmas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP 27, que vai terminando hoje no Egito. Há um senso comum extremamente estúpido que tomou conta do brasileiro mediano: o de que toda vez que político viaja está torrando dinheiro público sem necessidade. Aquela história de achar que todo mundo é joio e que nenhuma iniciativa é trigo. Lamentável abismo da ignorância que tem se aberto aos nossos pés, enquanto povo, e neste caso específico do aquecimento global, da humanidade.
Ouvi uma crítica contundente e muito apropriada nesta sexta, enquanto arrumava as malas em Brasília para seguir viagem: a de que ao invés de reduzir a emissão de gases que aquecem ainda mais o planeta, em pouco mais de um grau para não atingirmos o limite de onde não haverá possibilidade de reversão, estamos enquanto nações que integram a Organização das Nações Unidas, agravando ainda mais a situação. Fazendo uma metáfora, ao invés de reduzir a velocidade com a qual estamos levando o planeta ao limite da habitabilidade para a ração humana, estamos enfiando o pé no acelerador.
Na prática, é necessário um comprometimento diplomático do País, dos estados, e especialmente dos Estados Unidos e da China, com a pauta climática.
Um dos maiores poluentes do mundo, o petróleo que usamos para abastecer nossos carros e aviões, é visto como ponto de sustentação de diversas economias mundiais. A humanidade não quer abrir mão de seu uso. Os países ricos e emergentes no topo da lista, são refratários a esta prática.
O que a COP 27 está dizendo, é que precisamos desacelerar, diminuir, encontrar alternativas de energias limpas, barrar o aquecimento. Estados Unidos e China acenaram concordância com o documento que amanheceu com sua primeira versão pronta, para discussão e alinhamentos. A carta que nascerá desta COP 27, reforça que nosso limite é 2090. Estima-se que até lá é preciso conter o trem desgovernado do aquecimento do planeta.
Prefeita Cinthia Ribeiro em reunião ministerial na COP 27
União Européia, Reino Unido e Canadá, estão ainda mais avançados nas indicações de políticas que detenham a aceleração do aquecimento. São eles que pagam e pagarão o maior preço do aquecimento: o degelo das calotas polares.
Como convencer o cidadão mediano, que vive concentrado apenas nos seus apelos imediatistas de sobrevivência, que somos parte de um todo que se move num caminho que pode extinguir as condições de vida humana na Terra?
Como dizer aos adeptos da política provinciana de criticar os governantes que se dispõem a atravessar o Oceano e participar de uma Conferência do Clima, que existe algo além dos seus umbigos e interesses locais, em jogo aqui?
Nós que não viveremos até 2090, mas temos filhos, que possivelmente viverão, temos a obrigação de entender o que significa tudo isto.
Um vídeo no Youtube, muito interessante de ser mostrado, inclusive em salas de aula, mostra um auditório aguardando um palestrante para falar sobre o clima. De repente entra um dinossauro (sim, eles existiram e foram extintos do planeta) e começa a falar. “Nós pelo menos fomos extintos por um meteoro... vocês não têm esta desculpa”.
Sim, a Terra vai continuar a existir. A raça humana, não é tão certo assim.
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