A tentativa de salvar empregos e manter empresas abertas no momento mais crítico da pandemia segue firme, no Brasil e no Tocantins, onde a cidade de Palmas segue com o comércio não essencial fechado por mais sete dias.
A decisão da prefeita de Palmas contrariou as expectativas dos que queriam a abertura, pelo menos escalonada do comércio todo. Foi tomada diante dos números e do recrudescimento dos casos em todo Tocantins. E a queda, ainda pequena, nas projeções de contaminados em Palmas, que recuou apenas 18,7% em dez dias.
Neste cenário, é que entra em vigor o decreto do governador Mauro Carlesse e as recomendações para que os servidores estaduais entrem na luta para denunciar aglomerações em festas e similares.
Bolsonaristas irritados com o uso do aparato de segurança contra infratores
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, de quem o senador Eduardo Gomes é líder no Congresso Nacional, o governador Mauro Carlesse não cogita fechar o Estado. O decreto visa “manter as empresas funcionando e os empregos”, disse em vídeo na tarde de ontem, 16, o secretário de Segurança Pública, em resposta aos haters (propagadores do ódio e do negacionismo) que vieram para cima do governo do Tocantins nas redes.
Estão indignados @carlazambelli, @mariofrias e outros com o uso do aplicativo que monitora celulares para identificar onde estão as aglomerações. “Vamos permitir?”, questionam nas redes, insuflando seus seguidores. Foi preciso o governo publicar cards explicando que não vai acessar o celular de ninguém, mas usar as forças de segurança para acabar com as festas.
A turma de Bolsonaro não quer admitir a pandemia nem os quase 3 mil mortos por dia. O Brasil vai se aproximando nesta quarta, 17, da marca dos 300 mil cadáveres sepultados por Covid-19.
Lockdown no Ceará e a recomendação do Conasems ao Ministro da Saúde
O novo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que assume em meio ao caos que se tornou a falta de gestão federal da pandemia e o desacerto entre União, estados e municípios, recebeu uma recomendação expressa do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Ou a União para o Brasil num Lockdown nacional, ou viveremos dias de tragédia nas ruas, com mortos em casa. Não é uma figura de expressão.
Nos bastidores, o que circula é que o novo ministro pediu 72 horas. Bolsonaro é contra o Lockdown, como foi contra o uso da máscara, como foi reticente na compra das vacinas. E seguiu aglomerando.
Só que não dá mais. A popularidade do presidente despenca, a polarização política ressurge com a possibilidade de que Lula dispute novamente a presidência pelo PT. E recrudesce a escalada autoritária no País com o uso da PF para coagir adversários, como fez Carlos Bolsonaro com Felipe Neto pelo uso do termo “Genocida”. Ou como faz a PGR ao abrir processo contra o sociólogo em Palmas que promoveu a colagem de um outdoor de protesto contra o presidente.
Quanto mais a doença e a morte - em caixões lacrados - vai se aproximando da realidade do brasileiro classe média, pior vai ficando o ambiente. Por mais que o Centrão, a soldo, garanta a governabilidade a Bolsonaro.
No Tocantins, o governador Mauro Carlesse espera os demais governadores para comprar a vacina, e tem preferência pela Sputnik, russa, que ainda aguarda a aprovação da Anvisa. Mais barata, dose única, foi escolhida pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, conforme vai hoje no Twitter oficial dele. Nosso vizinho estado vai comprar mais de 4 milhões de doses.
O decreto do governo, as campanhas educativas, o apelo para que servidores (muitas vezes grandes infratores promovendo festas em suas casas, clubes e casas de eventos) entrem na luta para denunciar populares, são medidas que vem num momento em que a sangria está desatada.
Os governos agora precisam de coragem para fechar, ver cair a arrecadação no próximo mês e socorrer os pobres. Além de aprovar no Legislativo um plano para acudir as empresas que mantêm postos de emprego ativos no Estado. É a hora do coletivo preponderar sobre o individual.
E Carlesse precisa seguir em frente tomando as medidas necessárias para desafogar o sistema de Saúde do Tocantins. Combalido. Onde começa a faltar anestésico em hospitais regionais, como se vê nas inúmeras denúncias que lotam celulares e e-mails dos veículos de comunicação do Estado.
O momento é grave e passou da hora de medidas que poderiam surtir seu efeito há 40 dias. Demorou. Agora é fechar para estancar a sangria desatada. E tomar as medidas necessárias para acudir o povo e evitar a fome, que já bate na porta de muitos.
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