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Desfiliado do Democratas, para onde vai Carlesse?

A notícia da desfiliação marca o cenário, pois demonstra o começo do planejamento de seu futuro político, faltando um ano para o prazo de desfiliação para quem deseja ser candidato no ano que vem...

Crédito: Esequias Araújo/Governo do Tocantins

A primeira segunda-feira de abril, dia 5, começou com a notícia da desfiliação do governador Mauro Carlesse do Democratas. É uma notícia de peso no cenário político, porque demonstra a praticidade do governador em começar a planejar seu futuro político faltando um ano para o prazo de desfiliação dos que quiserem disputar a eleição do ano que vem.

 

Explico. Carlesse vem afirmando que não deixará o governo caso a pandemia inviabilize a conclusão das obras que ele julga serem o marco da sua gestão. Reeleito depois de uma eleição atípica - a que venceu para concluir o mandato do ex-governador Marcelo Miranda -, Mauro Carlesse não pode disputar novo mandato de governador, já que se reelegeu para este.

 

Resta então a opção mais óbvia: disputar o Senado que oferecerá uma única vaga ano que vem.

 

Abre parênteses.

 

Sobre este assunto, o governador me disse naquela entrevista do final do ano, em dezembro, que não será candidato obrigatoriamente. Que estudará o cenário. Que mais lhe importa fazer o sucessor do que a vaidade de ser senador.

 

Outro dia, voltou ao assunto numa reunião com a prefeita Cinthia Ribeiro, do PSDB. Disse à prefeita que não é candidato. Que isto não está definido. Que a pandemia tem atrasado as obras e que, se isso não mudar, fica até o final do governo.

 

Fecha parênteses.

 

O candidato natural do grupo, caso Mauro Carlesse não deixe o governo, é o senador Eduardo Gomes, que vive um momento único de destaque nacional, exibe forte musculatura política pela sua posição de aliado do presidente Jair Bolsonaro, cujo futuro político é incerto. Tanto pode sair da crise e disputar a reeleição polarizando a preferência do eleitorado contra Luiz Inácio Lula da Silva, como pode ser afastado antes se o desastre na gestão da pandemia for maior do que o que se viu até agora.

 

Por óbvio, o destino político de Bolsonaro impacta o de Eduardo Gomes. Mas isso são outros quinhentos. Por enquanto, os R$ 13 bi investidos no centrão vem fazendo seu efeito e barrando qualquer possibilidade de impeachment do presidente. Embora não se saiba até quando.

 

Se Carlesse deixar o governo para disputar o Senado, o candidato preferencial do grupo passa a ser Wanderlei Barbosa, que terá o comando da máquina e a possibilidade de reeleição. E ainda se fala numa terceira hipótese: Antonio Andrade. A se conferir ano que vem.

 

Escolha do novo partido faz parte de engenharia política

 

A discussão de hoje, no entanto, não é esta. A grande pergunta é: para onde vai Carlesse?

 

Por eliminação, arrisco um palpite: não vai para o MDB de Gomes. Primeiro porque não teria lá a liderança de que precisa e faz questão para construir sua engenharia política.

 

Empresário, homem prático, gestor que cobra resultados da sua equipe e troca com facilidade seu time quando está insatisfeito, o governador está fazendo cálculos.

 

Os partidos que estão na sua base são: PSL, da deputada estadual Vanda Monteiro, PTB, do deputado estadual Antonio Andrade, Solidariedade, que é presidido no Tocantins pelo deputado Vilmar de Oliveira, tem como deputados federais Eli Borges e Tiago Dimas, e PSC, do deputado federal Osires Damaso.

 

Listo estes partidos e estes aliados como as opções preferenciais de Carlesse por um único motivo: o tempo de TV. Este é um dos principais aspectos a serem analisados após a possibilidade de comando.

 

Na próxima eleição, a Nacional de cada um deles avaliará a possibilidade de fazer deputados federais. O projeto do governador, que é potencial candidato ao Senado, mesmo insistindo em dizer que pode não ser, precisará levar em conta uma base de cinco partidos, onde distribuirá os aliados.

 

O comando nacional de cada um deles, para entregar ao governador o comando no Estado precisará desta garantia: chapa forte e recursos para eleger federais. Os partidos que já têm no seu comando deputados federais com boas chances de reeleição, tendem a manter os federais no comando.

 

A não ser que haja aí um acordo entre Carlesse e o líder de um partido destes. Por todos estes motivos, o caminho mais fácil para o governador parece ser, por hora, o PSL, que pode ter a própria Vanda Monteiro como candidata a federal, e óbvio, uma chapa bem montada no interior para fazer uma legenda de 90 mil votos, necessária para eleger um federal.

 

Nos próximos dias, de articulação política, o governador deverá fazer conta. Sua equipe, levantar os potenciais nomes a federal no interior com capacidade entre cinco e dez mil votos. Uma engenharia que começa agora e termina em outubro, pela regra atual. Cada um deve estar no partido pelo qual pretende disputar a eleição até um ano antes da disputa.

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