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Erros na amostragem e distorções colocam pesquisas na mira de fake news

Caso mais recente revela o embate entre um veículo de comunicação e militâncias que distorcem resultados

Crédito: Divulgação/Tribunal Superior Eleitoral

Acompanho com preocupação - alternada com indignação -  o mercado da compra e venda de pesquisas, para além da simples contratação de institutos com objetivo de dimensionar o crescimento de pré-candidatos.

 

No Tocantins, o histórico de erros é imensamente maior que o de acertos, o que tem tornado nos últimos 12 anos, o mercado de pesquisas eleitorais para efeito de divulgação algo comparável a um prostíbulo, ou um leilão.

 

O que corre à boca miúda é que além de pagar para fazer, paga-se para manipular dados, mexer no limite de percentual para mais ou menos dentro da margem de erro. Paga-se a divulgação, oficialmente ou não.

 

Antes o interessado contratava a pesquisa para estar na frente. Agora escolhe também quem deve ficar no final...

 

Pesquisa eleitoral é um tema que daria fácil uma CPI, uma investigação apurada por parte do Ministério Público Eleitoral. Se houvesse interesse da classe política. Ou determinação das autoridades do MP.

 

É algo tão escandaloso que não resistiria a um trabalho policial minucioso, quebra de sigilos e outros expedientes aos quais a justiça facilmente tem acesso.

 

“Erros” que comprometem tudo e o mesmo estatístico assinando quase todas

 

Uma das coisas grotescas sobre este universo nebuloso das pesquisas, e que já está registrado historicamente nas disputas eleitorais dos últimos anos em Palmas, é que o mesmo estatístico assina como responsável técnico, pesquisas que num mesmo intervalo de tempo, tem resultados bem diferentes na mesma cidade.

 

De causar espanto...!

 

Por mais que a legislação permita, o que seria um instrumento técnico para ir medindo a temperatura de uma eleição, o humor do eleitor, se torna uma peça de ficção eleitoral, ao gosto do freguês.

 

Questionários mal distribuídos, faixas de público errada e fake news nos grupos

 

Este final de semana assistimos um caso esdrúxulo com a pesquisa divulgada pelo Correio do Povo. A legislação permite que o veículo faça às suas expensas e publique, desde que comprove com o balanço do ano anterior que tinha dinheiro em caixa para bancá-la. 

 

Neste caso, o resultado da pesquisa “achatou” a vantagem da primeira colocada,  deputada Janad Valcari – em comparação a outras pesquisas dos últimos 30 dias – e trouxe em segundo, o ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos num surpreendente empate técnico. Óbvio que uma coisa assim atiçou no mínimo duas militâncias: a da deputada, que lidera e a do ex-prefeito Amastha, que ficou seis pontos abaixo do que tinha em outros institutos há poucos dias.

 

Nem bem a pesquisa saiu e já não se conseguia acessá-la. O portal onde foi publicada sofreu ataques - provavelmente de bots -  que forçam milhares de acessos simultâneos conseguindo assim afetar a segurança da página e derrubar o servidor.

 

Por outro lado, nos grupos, a mesma pesquisa aparecia com outro pré-candidato em segundo lugar. Como para sugerir uma digital de que a ele interessaria uma manipulação. Soma-se a isto o fato do PSB estar questionando a maioria das pesquisas divulgadas recentemente, justo no quesito: quem paga? Como é feita a distribuição dos questionários? Qual o peso que se está observando? É o mesmo da proporção de moradores? E tem-se aí na segunda-feira um questionamento judicial por parte do portal.

 

Teria que ser muito ingênua a equipe de campanha do ex-prefeito Carlos Amastha para adotar o expediente, mas o que se vê é que uma ação na justiça vai buscar esclarecer a verdade dos fatos. 

 

É justo que a empresa divulgadora da pesquisa, se defenda por todos os meios legais. Fake news é crime em todo lugar e evidentemente deve ser combatida.

 

O que ocorre é que antes de saber quem de fato promoveu o ataque, ou criou os quadros fakes, dá para perceber que o Correio do Povo fez uma pesquisa sem observar a distribuição proporcional de moradores da cidade. 

 

A região Sul teve sobrepeso na pesquisa. Como por exemplo, atribuir em 1201 questionários, 55 a Taquaruçu ( com população estimada abaixo de 6 mil moradores) e 40 ao Jardim Aureny III, com mais de 19 mil moradores? Ou Buritirana, com cerca de 1600 moradores, receber 33 questionários?

 

O desvio também nos grupos de escolaridade é notável. Para ficar apenas num olhar mais detalhado desta pesquisa.

 

Saiba mais: Portal denuncia ataques e disseminação de fake news após divulgação de pesquisa

 

 

Seriedade deve começar no ato de fazer

 

A seriedade de uma pesquisa começa de fato no ato de fazer, desde a definição da metodologia, passando pela coleta, supervisão dos dados e publicação.

 

Num jogo de vale tudo, é difícil exigir que os pré-candidatos afetados por elas, ou suas militâncias, conformem-se com o “mal feito” e deixe por isso mesmo.

 

A se falar em crime, este possivelmente está começando antes das tais pesquisas serem divulgadas. E a Justiça eleitoral simplesmente não consegue garantir a lisura deste processo.

 

O que penso é que está na hora de acabar pesquisa eleitoral para divulgação. E assim se evitaria em muito a manipulação do eleitor desavisado. Aquele que acha que eleição que vai ocorrer em 6 de outubro, está decidida em meados de maio.

 

E incrivelmente, é enorme o quantitativo de cidadãos que cai nessa balela.

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