O ex-governador Marcelo Miranda, que viveu dias de sofrimento e solidão ano passado, numa cela especial do QCG – diga-se além da razoabilidade – prepara-se para voltar à cena política na próxima segunda-feira, 7.
Já corre nos bastidores que a data está marcada para que o deputado Nilton Franco entregue a legenda ao comando de Miranda. Na primeira semana do mês de setembro, quando todos os municípios do Estado estarão agendando suas convenções.
É a segunda vez que Marcelo tenta retomar o MDB. A primeira tentativa, na época notificada ao deputado Nilton, via mensagem telefônica, foi abortada pela Nacional do partido. A explicação: não era momento. Desta vez, ao que parece é para valer.
Mas, será que já é momento?
O MDB parece aquele disco furado no mesmo lugar. Um partido refém de uma imagem. A imagem no entanto, está desbotada. Afinal Marcelo foi duplamente caçado, já sofreu condenação após a cassação mais recente e tem seus impedimentos.
Por que então não deixar que o partido siga representado por alguma liderança nova, que possa regatar o que o partido tem de melhor na sua história?
Nos bastidores também a conversa é que o deputado Nilton Franco não agrada a todos na sua gestão. E que uma ala desejaria o retorno do ex-governador.
A insistência de Miranda em liderar esse processo eleitoral municipal no Estado no entanto, pode custar caro. E Por que? Justamente por que reacende toda animosidade que existe contra ele. Fruto dos processos judiciais que responde, e que por certo ainda se arrastarão por muito tempo. É algo que qualquer amigo velho, independente de ser consultor ou não em política recomendaria não fazer.
O que Miranda poderia fazer de melhor? Ir cuidar da defesa nos seus processos e deixar o MDB caminhar sem a sua sombra neste processo eleitoral.
Mas o que ele faz neste momento? Sai da sombra, do bastidor e volta aos holofotes. De quebra, ainda suscita dúvidas sobre se pode ou não gerir fundo partidário.
A insistência de políticos com problemas judiciais em subirem novamente a ribalta da política partidária, seja comandando legenda ou disputando eleições é algo que gera desgaste interno e nas ruas.
Como diz o matuto, “não espera nem esfriar”, o tempo passar e o mundo dar uma volta para buscar novamente a evidência no cenário político.
Nos bastidores também ouço as justificativas: “o povo quer”, “os companheiros estão pedindo”. Será mesmo? Na maioria das vezes é o político se ilude com essa conversa, quando a vontade é mesmo pessoal.
No caso dos Miranda, quem segue na vida política, sem mácula e com condição de representar a família no espaço de poder, é a deputada federal, Dona Dulce.
Esta, que sempre teve luz própria, desde os tempos do primeiro governo, achou um caminho e se cuidar bem das suas bases, terá reeleição garantida.
O problema de Dulce por hora, é o avanço do deputado estadual Jair Farias, com quem tem boa relação, mas que é pré-candidato declarado à Câmara Federal. E deve dividir seus diretórios no Bico do Papagaio, onde a deputada derrama emendas. Inclusive em município comandado por sobrinho do deputado, e que na hora do seca-bagaço, deve ficar com ele.
Quando os maridos saem da política por força de decisões judiciais e suas esposas seguem tocando o barco de formar mais leve que eles, há que se pensar se há razão para voltar à cena.
Elas se reinventam, se readaptam e garantem a presença do seu grupo de origem no cenário de poder. O mais a história conta e reconta.
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