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Parte um silencioso Odir... suas marcas permanecem em Palmas e no Tocantins

Ex-prefeito de Colinas, ex-prefeito de Palmas, Odir Rocha parte após uma vida de realizações, na política e na literatura. Deixa suas marcas, seus amigos, suas obras... e a saudade

Partiu Odir Rocha, ex-prefeito de Palmas
Descrição: Partiu Odir Rocha, ex-prefeito de Palmas Crédito: Facebook

“O que é bom vai continuar... Palmas na mão do povo/ é progresso de novo... com Odir pra trabalhar....

Odir, pra construir/ Odir, pra garantir... / Odir, pra construir.... Odir, pra garantir...”

 

Eram os idos 1996, sob o sol escaldante de Palmas e a campanha política era uma festa, um acontecimento. Nos carros de som pelas ruas calorentas da capital do Tocantins, os carros de som ecoavam o jingle que nunca esqueci.

 

Nas ruas poeirentas da capital, o melhor jeito de buscar votos era caminhando a pé durante o dia -  históricas caminhadas – e fazendo comícios à noite.

 

Os comícios então... numa cidade sem muitas opções de lazer, era um lazer a parte.

 

Grupos de amigos se reuniam com suas caixas de isopor com cerveja, esperando os discursos e depois o show. Normalmente de uma dupla sertaneja.

 

No comando da campanha de Odir estavam Eduardo Siqueira, prefeito que tinha escolhido no ex-prefeito de Colinas e companheiro de Siqueira Campos de longas datas, seu sucessor. No aconselhamento, Fátima Roriz, poderosa, competente. Na produção da campanha, a Verbus, de Mônica Calassa e Eduardo.

 

Na oposição, o então deputado federal Freire Jr. era o adversário de Odir pelo MDB.

 

Foi naquela circunstância que conheci o Dr. Odir, poeta, escritor, gestor, político, pai, médico. Não era um poste a ser eleito pela força do Siqueirismo. Era uma personalidade com luz própria. Entre muitas, tinha uma frase que repetia: “um bom gestor não deixa um clipe caído no chão sem recolher”.

 

Desde a notícia da sua morte tento escrever, sem encontrar as palavras. Hoje, mais de 24 horas depois, finalmente veio saindo...

 

Não consigo sequer imaginar o vazio que o Odir que saiu da política e se recolheu em casa, ou na chácara, com Dona Dirce, seus livros, suas filhas, deixou no seio da família e dos amigos mais próximos.

 

A ordem natural da vida, é que os mais velhos partam antes, mas sei o quanto foi sofrido para ele ver Mônica, a Dra. Mônica, radiante, cheia de energia, deixar o hospital desacordada depois de meses de internação, para ficar guardadinha em casa, numa internação home care, que ainda não terminou.

 

O Covid não levou, nem deixou Mônica. E ela está nesse tempo/espaço de transição, sem palavras.

 

O tempo, as consequências do câncer, juntos, levaram Odir.

 

Desde o anúncio de sua morte, e com a chegada das famosas notas de pesar (li palavras bem hipócritas), fiquei observando as redes.

 

As manifestações de carinho, a lembrança boa que ele deixou. Não. Dr. Odir não era perfeito. Mas na balança das qualidades e defeitos, seguramente as boas sementes que plantou pesaram mais.

 

É o que vi e ouvir em depoimentos emocionados do Instagram, em mensagens carinhosas no Twitter.

 

Dificilmente um político parte cercado de tanto carinho. Expurgado da política com requintes de crueldade, depois de ter sido prefeito num tempo que não permitia reeleição, foi se alimentar das letras, das boas amizades, das lembranças.

 

Era um homem modesto, com quem percorri a pé, ou no seu fiat uno, as ruas de Palmas. Carro que ele mesmo dirigia. Foi prefeito quando a cidade tinha 30 mil habitantes. Deu sequência ao mandato de Eduardo com a simplicidade que lhe era peculiar. Executou um grande programa de pavimentação. Escolheu a JK como seu xodó e arrumou primeiro os estacionamentos e a iluminação daquela avenida, ao invés da Theotônio Segurado.

 

Não fui ao velório, não acompanhei o sepultamento. Sou completamente avessa a esses rituais. Por isso, não sei as palavras que foram ditas na sua despedida. Mas sei que ele é um dos poucos que poderia dizer com maestria os versos bíblicos: “lutei o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”.

 

Que seja acolhido nos braços divinos, em bom lugar.

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