O comando do Sebrae a partir do próximo ano já movimenta os bastidores da política empresarial e partidária no Estado. Não é para menos: o orçamento anual é de R$ 110 milhões.
Como pano de fundo, o resultado das eleições em outubro último tende a pesar no jogo de indicações para dois cargos chave: a presidência do Conselho Deliberativo, atualmente ocupada pelo administrador Rogério Ramos e a Superintendência, ocupada pelo engenheiro agrícola, Moisés Gomes.
Para o cargo de Ramos, desponta - com aval do governador Wanderlei Barbosa, segundo corre nos bastidores - o presidente da FAET, Paulo Carneiro. Aliado histórico da senadora Kátia Abreu (PP), Carneiro se desvinculou dela no segundo turno das eleições, no apoio ao presidente Jair Bolsonaro, o preferido do agro. A senadora apoiou e faz parte da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
No processo de desligamento da liderança de Kátia, Carneiro teria sinalizado ao Palácio rompimento com a senadora e apoio a Barbosa em troca do apoio para assumir o Conselho Deliberativo do Sebrae.
Pano rápido.
Considerado um quadro extremamente qualificado, com resultados fortes no comando do Sebrae, Moisés Gomes enfrenta como fator de desgaste, justamente o que foi o fato preponderante para ter alçado ao cargo em 2019: ser casado com a senadora Kátia.
Em busca de apoio para permanecer à frente da superintendência, ele tem circulado entre aliados.
Nos bastidores já corre o nome como candidato ao mesmo cargo, o secretário Rogério Ramos, atual presidente do conselho deliberativo e secretário de Governo da prefeita Cinthia Ribeiro Mantoan. A prefeitura não tem votos, e Ramos é indicado pela Federação das Micro e Pequenas Empresas para o cargo que já ocupa.
Acordo de bastidores, interferência de Dorinha e candidatura de Felipe Rocha
Nos bastidores, governo e prefeitura de Palmas devem marchar juntos para esta eleição, ratificando um acordo que Barbosa e Cinthia fizeram quando decidiram sua aliança para esta eleição, que tem um alcance para outros segmentos de representatividade.
Eleita senadora com o apoio de Wanderlei e sem o apoio de Cinthia, que optou pela senadora Kátia, a deputada federal Professora Dorinha tem dado sinais de querer participar deste processo.
“É uma coisa que ela sempre criticou (interferência política em outras instituições), mas o núcleo que caminha em redor dela, quer ocupar estes espaços”, disse ao Blog uma fonte próxima da senadora eleita.
Quem teria interesse na vaga de superintendente e vem se mexendo para isto nos bastidores é Felipe Rocha (PSB), que se apresenta como empreendedor social e especialista em Economia. Polêmico, ele já foi candidato a vereador (ficando na suplência) e a deputado federal. O nome causa estranheza por não ser próximo do segmento empresarial.
Outro que tentou se articular para a vaga teria sido o empresário Joseph Madeira, presidente da Acipa.
Um freio de breque neste sentido veio direto de Wanderlei Barbosa. Procurado por um antigo aliado, o governador foi questionado se romperia o acordo com a prefeita e aliada Cinthia Ribeiro, diante das movimentações internas de seu grupo na construção de candidaturas avulsas. “Em 30 anos na política, ainda não vi o senhor romper um acordo”, disse o aliado a Barbosa. “E quem disse que eu vou romper?”, teria respondido Wanderlei. Coube ao secretário de governo, Jairo Mariano, atuar como Bombeiro e informar aos grupos de Dorinha e Joseph Madeira (especialmente Beto Lima e Silva, da Indústria e Comércio) que não há espaço para pleitear o apoio do chefe neste pleito.
No peso e contrapeso, Meurer virou “profissão Sebrae”
O jogo de forças continua. São 15 votos. Votam, além de Governo do Estado (através da SICS e da Unitins), Fieto,Sesi, Faet, Senar, Fecomércio, Fampec, Faciet, os bancos (Caixa, Basa e Banco do Brasil), UFT e Sebrae Nacional.
Encastelado há 12 anos na Diretoria Financeira do Sebrae, está Jarbas Meurer. O empresário tem desgastes internos e externos. Atua como uma espécie de “dono” da cadeira, onde barra investimentos sem justificativa técnica, por pura implicância política.
Foi o que fez durante a eleição, quando seus irmãos anunciaram apoio à candidatura de Carlos Amastha em reunião na empresa da família, e ele tomou decisões que interromperam ações da instituição.
O empresário Juliano Meurer, da JL Meurer, entrou em contato com o Blog informando que como empresário ele e os irmãos não declararam apoio ao ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, ao Senado, apenas o receberam, assim como a candidata professora Dorinha. “Só não recebemos a senadora Kátia Abreu por problema na agenda dela, mas recebemos os candidatos ao governo, Irajá, Paulo Mourão e Ronaldo Dimas em uma visita à loja”.
Jarbas ainda tem o apoio do presidente da Fieto, Roberto Pires, mas pode não se sustentar, justamente pela visão obtusa.
O que virá na sucessão de Ramos e Gomes ainda é uma incógnita, mas o jogo de interesses é grande. O que se espera é que as preferências de A ou B não interrompam o trabalho operoso e contínuo que foi desenvolvido nos últimos quatro anos. O Sebrae é grande e não pode se apequenar.
Felipe Rocha diz que não vai disputar a vaga
Após a circulação do artigo, o administrador de empresa e especialista em economia brasileira para negócios, Felipe Rocha, entrou em contato nesta quarta-feira, 9, e negou que tenha qualquer interesse em disputar o Sebrae. "Isso não procede, nunca tive essa pretensão, não tenho legitimidade representativa e história nessa honrosa instituição. Isso não passa de especulação de bastidores", declarou.
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