Uma eleição atípica, com regra nova para determinar quem teria direito às sobras, numa votação que superou as expectativas e alçou legenda de deputado estadual a 34 mil votos e a de federal acima de 100 mil, trouxe um resultado de enormes prejuízos a dois partidos de centro e de esquerda: o MDB e o PT.
O resultado: a perda das cadeiras na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa.
Voltam de Brasília em janeiro, os federais Dulce Miranda (MDB) e Célio Moura (PT).
Não renovaram suas cadeiras na Assembleia Legislativa Amália Santana (PT) e Elenil da Penha (MDB).
Dulce e Marcelo fora do poder: fim da era Miranda?
A deputada Dulce Miranda foi uma verdadeira guerreira. Atingiu, sem governo e sem a estrutura de antes, quando o marido era governador, a marca de 38 mil e 130 votos. Não é pouco. Dona Dulce, como é chamada nos quatro cantos de Palmas, trabalhou muito. Quando se viu praticamente sozinha numa chapa de federal, ficou claro que não seria possível atingir uma legenda de 90 mil votos (como foi a última). Menos ainda uma acima de 100 mil.
Qual foi o erro então?
O primeiro, permanecer no MDB. O segundo, disputar a vaga de federal. Dulce seria eleita, com a musculatura que tem e todo o legado do trabalho feito, se disputasse o mandato de estadual.
Marcelo Miranda, ex-governador, com todo histórico vivido nos últimos anos, que incluiu uma prisão, baseada numa delação que o apontou como mandante de crime de assassinato (sem pé e sem cabeça, diga-se), permaneceu na liderança do MDB.
Será que faltou a Miranda analisar o desmonte que ocorreu no MDB? O fato de que não tinha diretórios para lhe dar a vitória na Assembleia como obteve de forma retumbante em outras vezes, que o velho Brito Miranda comandava a campanha?
O certo é que nos bastidores, se ouvia, que tanto Wanderlei Barbosa quanto Dimas, queria o MDB. Mas, por todo o desgaste, nenhum deles queria Marcelo Miranda no palanque. Mesmo receio de ligação da imagem que fez com que tantas lideranças aceitassem apoiar Mauro Carlesse na sua pretensão de disputar ao Senado, mas não queriam foto nem vídeo com ele.
Carlesse percebeu. Tirou o time de campo e, talvez um dia, fale sobre o assunto.
O fato é que, se bem avaliada a situação do partido e de seu comandante, talvez o resultado fosse outro.
Pano rápido.
E o PT? E o Célio Moura? E o Zé Roberto Lula?
O PT, por sua vez, viveu alguns dilemas. Falhou na estratégia de ampliar a base de federais em busca de cadeiras na Câmara dos Deputados.
Célio Moura saiu de 18 mil votos na última eleição, para 36.186 votos nesta. Um crescimento de 100%. Não foi suficiente porque o partido não atingiu os 100 mil votos para federal ou 80 mil, segunda marca do corte.
José Roberto por sua vez, permaneceu presidente do partido enquanto disputava eleição. Consequência: nem Lula teve coordenação estadual funcionando no Estado. Ficou tudo misturado e atrelado ao deputado estadual, que agora perde a cadeira na Aleto. Tema para profundas reflexões e discussões intrapartidárias.
Amália Santana, que ficou fragilizada após o acidente que sofreu e que vive com limitações desde então, não conseguiu se eleger na federação que referendou dois governistas: Claudia Lelis e Ivory de Lyra, dois aliados do governador Wanderlei Barbosa. Ambos os mais votados, que deixaram Luana Ribeiro e Amália na suplência.
O fato é que o prejuízo é grande na formação da bancada federal tocantinense, que ficou 100% masculina e à direita.
Erros de estratégia que devem balizar as futuras decisões, daqui há dois anos, quando o processo político de base recomeçar, na eleição de vereadores e prefeitos em todo Tocantins.
Comentários (0)