As gerações se superam na vida e na política. Esta é uma máxima que escutei há muitos anos, da boca do então Senador, Eduardo Siqueira. Ela serve para Wanderlei Barbosa, que entrou na política ainda como vereador, pelas mãos do seu Pai, Fenelon Barbosa, primeiro prefeito de Palmas.
Serve também para Eduardo Siqueira, que volta ao cenário para buscar a eleição à prefeitura que comandou como primeiro prefeito eleito de Palmas em 1992.
A máxima me fez voltar no túnel do tempo. Tínhamos saído de uma solenidade no Tribunal de Justiça. Era o dia em que Siqueira, o Pai, havia escolhido a então juíza Willamara Leila de Almeida para ser desembargadora. A solenidade havia sido uma festa pomposa. Os discursos, todos emocionantes. Eu queria uma entrevista. Eduardo me chamou para almoçar no Hotel Rio do Sono, à época um dos melhores restaurantes de Palmas.
Lá, ele respondendo minhas perguntas, saiu-se com esta frase: “as gerações se sucedem para aprimorar”. Nos planos estava governar o Estado na sucessão do Pai. Não foi possível, a história foi escrita de outra maneira.
Neste último dia de dezembro de 2023, repassando fotos arquivadas, manchetes do T1 Notícias ao longo dos anos, me apercebo da grandeza dos acontecimentos que marcaram este ano.
Foi o ano em que o Tocantins enterrou o Velho Siqueira de tantas lutas, conquistas e histórias. O ano que Gurupi enterrou Dolores Nunes. Palmas perdeu Sândalo Bueno. Porto perdeu Zequinha. E tantos outros e outras... figuras históricas.
Nossa política não se resume mais a União do Tocantins e MDB há muito tempo. Os personagens mudaram. As famílias tradicionais da política tocantinense se recolheram. Os tempos são outros.
É a era dos novos nomes, das novas famílias. Pequenas mas poderosas nas suas regiões, seja em Gurupi com Eduardo Fortes e o grupo Stival, Gutierres Torquato em contraponto da prefeita Josi à frente da gestão, ou em Araguaína com Wagner Rodrigues, novos grupos e nomes vão se colocando. Em Paraíso a nova liderança do jovem prefeito Celso Morais, que sucedeu o ex-governador Moisés Avelino. Em Porto de Andrades ( Toinho e Otoniel), Ayres e outros mais, o futuro testará a volta dos tradicionais ou a permanência de Ronivon Maciel que trabalha e se reinventa...
Em Palmas a gestão Cinthia Ribeiro Mantoan vive seu melhor momento, uma veradeira superação após um ano difícil e emblemático.
São muitas entregas: obras físicas, reformas, novas construções, asfalto. O Natal mais iluminado da história, com o contraponto do maior preço já visto em luzes, que inflamou e gerou questionamentos na sua oposição. Especialmente a ala que a ataca como se fosse disputar com ela o mesmo cargo no ano que se inicia.
A prefeita – que não disputará as próximas eleições – capricha para deixar seu legado. Para além de todas as obras pela cidade, se consagra como a melhor prefeita da história de Palmas para os servidores. Está em suas mãos anunciar quem apoiará como sucessor ou sucessora e transferir logo, os votos que são fielmente seus. Ou aguardar abril, para ver o que mais acontece.
Wanderlei se consolida e viverá ano decisivo em 24
Neste contexto todo, num ano sem eleição como foi 2023, o governador Wanderlei Barbosa firmou sua liderança, consolidou resultados de gestão e chegou a se tornar um governador acima da média do que se esperava dele, pelo contexto que o alçou ao cargo, primeiro como vice para depois ser eleito com votação histórica a governador.
O ano foi de manter obras em andamento, viajar por todo o Estado, viajar para o exterior, se projetar como liderança no seleto grupo de governadores, de se aproximar do governo Lula após apoiar Bolsonaro. De buscar resultados.
O ano que termina também coloca Barbosa num patamar de cuidado e cumprimento de compromissos com os servidores estaduais. Um avanço, excepcional, o resgate dos passivos com a Educação. Um novo concurso. O alinhamento com a política humanista do governo federal. A política de cotas, as secretarias adaptadas à medida do governo que faz a Federação Brasil da Esperança. É um Wanderlei com roupagem moderna, fazendo o dever de casa.
Em 2024 deverá trabalhar para afastar definitivamente qualquer dúvida jurídica de que possa concluir seu segundo mandato com chave de ouro. Se projetando para outros espaços.
Qual Tocantins queremos em 2024?
O Tocantins que se avizinha é o que passará pelo teste das urnas. O que sair delas vai balizar o peso das lideranças. Muitas das que estão aí são circunstanciais, não inspiram mais sequer confiança, mas ainda ocupam espaços de poder importante. Pode estar chegando para eles também o fim de um ciclo.
Nosso desejo é que 2024 traga um Tocantins cada vez mais independente das máquinas públicas administrativas. Que valorize seu povo, seu potencial. Que invista em Educação especializada, em capacitação para a juventude, em políticas de combate à desigualdade social e à violência.
Aquele Tocantins que Siqueira sonhou ainda espera para acontecer: o da livre iniciativa e da Justiça Social.
Consolidá-lo, sim, seria um legado superior a gestão fiscal padrão, obras físicas e reajustes salariais.
Está aí o grande desafio que o Tocantins precisa vencer para dar um salto à frente.
Comentários (0)