Luiz Inácio, volta para casa. Vem cuidar do povo que te elegeu. O “povinho” simples... Aquele mais simples mesmo, que cheira a sabonete barato no transporte público.
Dona Maria que sai de casa às cinco da manhã, de pé, de ônibus, de metrô. E vai trabalhar na casa da patroa chique, que muitas vezes torce o nariz para ela e seu cheiro barato.
Luiz Inácio, me lembro daquela eleição, em que você abria o programa eleitoral, do Oiapoque ao Chuí... E você pedia votos para Dilma e entregava nas mãos dela um país recuperado da fome.
Me lembro, meu companheiro, das matérias do Jornal Nacional e do Globo Repórter, mostrando as famílias pobres, que antes não tinham ajuda nenhuma, renda zero, passando suas compras no mercado da esquina. As famílias mais baixa renda. As senhorinhas de idade, lá no sertão bruto, esquentando quase nada em fogões a lenha, paredes encarvoadas, panela velha amassada, latas colhidas em algum lixo, para guardar arroz, feijão.
É irmão... Não perdoaram Dilma. A elite não perdoa. A elite quando perde quatro eleições seguidas como aquelas vira bicho acuado. E a direita “limpinha”, do Aécio, pariu então a direita suja, grotesca, incivilizada de um Bolsonaro com aquele golpe, gerado nas sombras, desde o primeiro dia da derrota.
Ah Luiz Inácio, quando te condenaram, por um tríplex que não era seu, pelo sítio de Atibaia, por crimes que te atribuíram, andei amargurada muitos dias. Lembrei da entrevista de um empreiteiro que eu li quando começou a farsa da Lavajato, patrocinada por interesses internacionais no nosso petróleo. Inchada pela vaidade de meia dúzia de justiceiros, a elite enviesada do Ministério Público de Curitiba. Ele dizia que “contribuições” sempre existiram. Sempre, e em muito mais larga escala antes do governo do PT. O PT pagou um preço para ser governo. Para ser aceito pelo “sistema”. Lembra? Eu lembro...
Quantas vítimas eles fizeram? Quantas empresas eles quebraram? Quantos empregos eles sacrificaram com aquela operação? Para colocar na cabeça e na boca de gente que pensa pouco que você era o maior corrupto da história do Brasil. Você, que pagou aquela dívida que eu cresci ouvindo que era impagável: a do FMI. Nem acreditei o dia que vi nos jornais que o Brasil pagou. Que o Brasil estava livre. Que o Brasil estava fora do mapa da fome...
Além de arroz, feijão, óleo, ovo e frango, o filho do pobre estava comendo danone, bolacha, toddy. E olha, disse o inominável dia desses num debate, olha que eram só 40 reais por filho. Naquela época, 40 reais valiam tanto que ele nem sonha. Valia dignidade. Três refeições por dia.
Mas não conseguiram colocar no coração do povo que você fosse um grande ladrão. Afinal, mesmo com todos os erros, os desvios, as caixinhas - os esquemas que seu governo herdou do PSDB (e aquele empreiteiro delator disse bem: sempre existiu) - o povo te vê como o pai que pagou a voracidade dos lobos, com o dinheiro deles mesmos e preservou o povo da fome. E criou emprego. E deu acesso à universidade. E baixou os preços das passagens de avião. E construiu o SUS... nossa, como eu tenho orgulho do SUS.
Cassaram a Dilma por pedaladas fiscais? Li outro dia que não existiu o crime que quiseram pintar. Cassaram a Dilma porque ela demorou demais a ceder à voracidade do centrão. Ela não tinha paciência, ou habilidade, ou estômago mesmo. A história vem recompondo o que é verdade ou não nesta estória...
Sim, Luiz Inácio, você voltou para casa. Graças a Deus. Graças aos nossos Orixás. Graças aos santos pelos quais clamamos todos os dias que olhassem para o nosso Brasil. Voltou para o povo. E mesmo que custem ainda muitos embates num terceiro turno provocado nas ruas (com conflitos orquestrados por quem não respeita a democracia e não saber perder uma disputa dessa envergadura por mais de dois milhões de votos de diferença) você estará em casa, no Palácio Alvorada, em janeiro de 2023.
O mundo já saúda a volta do Brasil ao patamar dos grandes países. Os que se olham no espelho e sabem reconhecer seu tamanho. Os que respeitam o meio ambiente e os povos tradicionais. Os que consideram direitos humanos tão duramente conquistados, inegociáveis.
Luiz, eu sou uma mulher que quase nunca chora... Mas quando a manhã de domingo chegou plena, ensolarada, na nossa Palmas, eu chorei ouvindo Anunciação enquanto levava minha companheira para trabalhar, às sete da manhã como mesária...
Nem eu sabia o motivo de verdade. Durate o dia fui descobrindo que ao longo destes anos, enterrei dentro de mim muitos inconformismos e vivi muitos lutos. Por mim e pelos outros que vi sofrer. Por mim, que vi a cara da morte de perto, no primeiro ano da Covid-19, e pelos amigos que morreram de Covid...
Pelas violências acumuladas contra nós, mulheres, negros e negras, LGBTs. Pelos terreiros queimados pelo tráfico em nome de um Jesus que desconheço. E, sem qualquer esboço de reação por parte de autoridades constituídas para nos defender, a todos.
Quantas violências cometidas em nome do mesmo Jesus expulso do templo pelos novos fariseus: pastores enriquecidos, ensandecidos, cultuando outra coisa, bem longe do amor ao próximo, bem longe da caridade. Mas veja só que beleza: os evangélicos que guardaram o evangelho dentro de si, se rebelaram... rs. Conheci na internet nesta campanha pastores que são a prova vida da palavra de Deus.
Estes eu convidaria para uma gira no Terreiro de Oxalá, para uma tarde de louvor às Almas Santas e benditas, e acho que eles até iriam, veja só. Por respeitarem as diferenças de crença. Com eles eu daria as mãos na mesma roda. E rezaria suas rezas, por que sei que falam com outras palavras das mesmas coisas que eu acredito...
E eu acredito, Luiz, que temos um país para reconstruir a partir de hoje. Desde ontem mesmo, quando a contagem dos votos terminou. Desarmando corações, conversando com quem é de conversa. Ignorando e dando um tempo para os que ainda não entenderam que não foram eles que perderam algo. Podem estar tristes e com medo, por que anteverem perdas nos seus negócios. Outros, por que vai terminar seus esquemas. Outros por que vão mexer nos privilégios. Só que a maioria, não perdeu nada... mas vai perder o medo, nos próximos dias. Quando enxergarem que você não é “o diabo”que eles pintam...
Temos pela frente a missão de mostrar a eles que um país não tem como ser feliz com tantas desigualdades. Que é preciso cuidar do social. Da Educação, pois ela liberta. Da Saúde, porque somos todos filhos do mesmo Deus. Que é preciso dar oportunidades a quem não tem. Que é preciso reparação aos excluídos mesmo depois de séculos da “abolição”.
Luiz Inácio, meus parabéns. Eu estava nesta trincheira contigo e outros tantos companheiros. Já estou vendo hoje nas redes muitos que não estavam, te cumprimentando. Eles vão se chegar. Os receba. Vamos precisar de todos eles...
Luiz, Luiz, que emoção, meu companheiro! O Brasil é nosso, de novo. A oportunidade de governar, é a de transformar vidas.
Vamos fazer com que ele seja de novo de todos, de todas, de todes....
Vai levar mais de quatro anos para reconstruir o que o ensandecido destruiu. Mas vamos construir. Eu tenho certeza. E sabe por que? Temos amor de sobra. E o amor tudo pode.
P.S: Ainda bem que nós temos você!
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