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Wanderlei abre Palácio e faz política da boa vizinhança no primeiro mês sem Carlesse

O que um vice-governador, temporariamente no comando do governo, sem a sombra do antecessor a guiar seus passos poderia fazer em um mês de governo?

Governador em exercício, Wanderlei Barbosa
Descrição: Governador em exercício, Wanderlei Barbosa Crédito: Washington Luiz/Governo do Tocantins

Com uma espécie de cheque em branco nas mãos - com o limitador de não saber que dia será descontado – o governador em exercício Wanderlei Barbosa completou seu primeiro mês de governo no sábado passado, dia 20, divorciado do governador com quem se elegeu duas vezes: nas eleições suplementares e nas ordinárias de 2018. Está politicamente rompido com Mauro Carlesse e determinou auditoria interna nos órgãos onde há suspeita de corrupção ativa e passiva.

 

A marca de seu primeiro mês é sem dúvida a abertura do governo ao diálogo com diversos interlocutores. A começar por franquear o acesso ao Palácio Araguaia pela porta da frente -  estava fechado há meses, desde o começo da pandemia – o novo governador tem feito dos seus dias um periclito em atender vereadores, lideranças, deputados.

 

Numa mesa no fundo do gabinete ele recebe os grupos que vão chegando e se dividindo em blocos dentro do próprio espaço, onde antes se entrava de um em um. Sua rotina se estende pela noite adentro e não é raro secretários indo embora sem despachar depois das 20hs.

 

Para construir um novo caminho -  já que o destino ou o acaso, lhe entregaram no colo, de presente, um mandato de governador para o qual não teve que gastar absolutamente nada – Barbosa começou rompendo no terceiro dia de mandato. Rompimento que fez com que o núcleo forte de Carlesse entregasse os cargos, além é claro, dos que o novo governador não manteria.  

 

A primeira reunião foi com os deputados estaduais, a quem pediu apoio. A segunda com o secretariado, ainda o antigo, o terceiro ato uma coletiva de imprensa, na qual anunciou que faria um governo de continuidade.

 

A ruptura, no entanto, mostrou que não seria assim. “No gabinete, logo depois que assumiu ele nos disse que agora sim, ele teria a oportunidade de mostrar que era leal, de confiança”, relatou ao Blog um dos afastados. O primeiro final de semana no entanto, foi de assédio total ao novo governador por lideranças de oposição a Carlesse e que viram a oportunidade de um novo momento com Wanderlei Barbosa.

 

“Eminências pardas começaram a aparecer”, contam os mais próximos. E finalmente veio a decisão: “ele avisou que estava rompido com o Carlesse e que se o governador voltar ao governo em algum momento, no dia seguinte ele estará na oposição”.

 

Fazendo o dever de casa

 

Atento ao fato de que tudo ainda pode acontecer – inclusive uma liminar devolvendo o comando do Estado ao governador afastado - Wanderlei começou a fazer o dever de casa. 

 

Saiu do Araguaia para ir a Brasília visitar a bancada federal, ouviu reclamações diversas e acenou com a possibilidade de - ficando no governo -  promover a mudança que muitos setores reivindicam.

 

A primeira, é dar a César o que é de César. A bancada por exemplo, quer os louros de seus atos e dos recursos que carreia para o Estado, regra básica da política. O que era negado por Carlesse, que validava apenas as ações dos mais próximos e os recursos que eram creditados diretamente para o governo administrar.

 

Na questão da concessão dos parques do Jalapão e Lajeado, também entrou pacificando, adiando as audiências públicas, ouvindo todos os envolvidos, colocando o pé no freio.

 

Nas notícias do novo governo,  pode-se notar dois eixos de trabalho: a sequência do que já vinha sendo executado (entregas de aparelhos já adquiridos, máquinas já compradas com recursos federais) e a agenda política.

 

Nesta última, vereador por exemplo, tem vez. Barbosa, que começou vereador e foi presidente da Câmara de Palmas, recebe caravanas e mais caravanas. A expectativa de poder em torno dele é grande pelos que apostam que Carlesse não volta mais e que caberá ao vice, efetivamente governar até o final do ano que vem.

 

Os mesmos que consideravam sua candidatura pouco competitiva, mesmo com o apoio do governador antes de ser afastado, agora montam chapas com Barbosa disputando o governo, Dulce Miranda de vice, e Marcelo Miranda deputado federal.

 

Outros enxergam Barbosa já ligado à senadora Kátia Abreu, numa chapa com ele ao governo e ela ao Senado.

 

Mantendo salários em dia e acenando com cronograma de pagamento a fornecedores a partir deste mês, Wanderlei Barbosa, por enquanto segue com o aval dos que esperam partilhar com ele do governo e com a condescendência dos que mesmo contra, desejam e apostam na manutenção de uma estabilidade conquistada a duras penas por Carlesse nos anos que passaram. 

 

As medidas duras, amargas e impopulares, já foram tomadas.

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