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Wanderlei entra ano político sem agências para divulgar atos de governo

Com processo licitatório cancelado, após muitos recursos e alegações de falta de publicidade e transparência nos atos, governo não terá atendimento de agências a partir de fevereiro...

Crédito: Washington Luiz/Governo do Tocantins

Um dos primeiros atos da Secretaria de Comunicação sob a batuta do publicitário Luiz Celso foi cancelar, ainda em novembro passado, a licitação ocorrida na gestão de seu antecessor, Élcio Mendes, para definir quais agências atenderiam o governo pelos próximos anos com campanhas e planejamento de comunicação do governo.

 

Questionado pelo Blog sobre os motivos do cancelamento, o secretário foi monossilábico: “não tenho coragem de colocar meu CPF nisso”. A consequência direta do ato: a partir de 14 de fevereiro o Estado está sem agências para atender a comunicação institucional de governo, dependendo das redações para comunicar via mídia espontânea, o que for de interesse público ou da linha editorial de cada um evidenciar.

 

Em contato com o Blog, o ex-secretário de comunicação, Élcio Mendes, informou que a licitação foi tocada pela comissão de licitação da Sefaz, já que a Secom não tem comissão de licitação. Segundo ele, todos os recursos foram apresentados à Comissão Permanente de Licitação e respondidos e qualquer dúvida sobre o processo pode ser sanada pela própria CPL.

 

O ano, como se sabe, é eleitoral, e o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, candidato à reeleição. O ato do secretário pode parecer pouco inteligente sob a ótica de que “melhor qualquer agência que ganhasse a disputa, do que agência nenhuma atendendo”.

 

A conta que Luiz Celso fez, no entanto, foi outra. As vedações do ano eleitoral começam a contar seis meses antes da disputa eleitoral. O que dá 4 de abril. Embora há quem defenda que a vedação é menor, de três meses. Com isso, restaram praticamente dois meses para investir recursos na divulgação das ações do governo: fevereiro e março. Janeiro, como se sabe, é o mês de implantação do orçamento, abertura do Siafem, após fechamento contábil dos restos a pagar.

 

Assim, melhor iniciar um novo processo licitatório do que dar o aval para o antigo. Certo? Não é o argumento do novo comando da Secretaria de Comunicação (Secom). O que se alega, sem muito detalhamento, é que a licitação que seguia tinha sérios problemas. Falta de transparência, falta de publicidade a atos da comissão de licitação, o que poderia soar favorecimento de alguma das participantes.

 

Entre os critérios de seleção, a possibilidade de apresentar peças produzidas para o contratante. Ou seja, benefício direto às cinco empresas que atenderam o governo nos últimos cinco anos: Casa Brasil, Public, TV 3, Ginga Rara e Desigual.

 

Outra informação que rola nos bastidores é que que a comissão era composta apenas por servidores da Secom, o que contraria as regras do certame. E a rapidez com que a comissão finalizou a primeira fase, logo que ocorreu o afastamento do governador e troca da equipe, desconsiderando os recursos apresentados na primeira fase. Tudo isso, no entendimento da nova gestão, torna o julgamento das notas técnicas nulo.

 

O outro X da questão, além de quem recebe o volume de recursos de mídia do governo, é como eles eram aplicados e como serão gastos, dentro da lógica da nova gestão.

 

Prioridade agora são os veículos

 

O fato é que os recursos do ano que passou, na Secom foram de R$ 39 milhões. A nova gestão, do vice-governador alçado ao comando do Estado com o afastamento do governador pelo STJ, encontrou R$ 35 milhões gastos. Algo em torno de R$ 3, 5 milhões/mês. E restaram R$ 4 milhões para terminar o ano.

 

A palavra de ordem no Palácio é que os recursos cheguem às redações, prioritariamente.

 

A mudança de prioridades já pode ser sentida na destinação dos recursos das campanhas que veicularam no final do ano, onde iam todos estes recursos, que não nos veículos, é uma incógnita ainda não respondida.

 

Publicitário que já trabalhou dos dois lados da mesa (como subsecretário e secretário no governo Siqueira Campos, junto com Vieira de Melo), Luiz Celso conhece a realidade do mercado. Amadurecido ao longo dos últimos anos, tem dito aos amigos que está pronto para ser secretário há 20 anos.

 

Neste ano que começa, sem agências para atender o governador que tem colocado “o gabinete aberto e os pés na lama”, numa menção à presença nas cidades alagadas do Estado, o secretário pretende trabalhar com as campanhas consolidadas e que não podem deixar de ser feitas.

 

Será uma mídia pontual. E a aposta de que as redações farão o resto.

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