Brasília - A presidente Dilma Rousseff desqualificou as denúncias do ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira contra a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Em conversa com auxiliares, Dilma viu "má-fé" nas declarações de Vieira e pediu a Izabella que divulgasse nota rebatendo ponto por ponto a acusação de que teria pressionado repartições federais para aprovação de um projeto de interesse do ex-senador Gilberto Miranda, em Santos.
A nota divulgada nesta segunda-feira (17) nega que a ministra tenha tratado do projeto de Bagres com outras autoridades ou que a diretora de Licenciamento do Ibama, Gisela Forattini, tenha ido "visitar e defender o empreendimento" de Miranda, como afirmou Vieira. O texto rebate afirmações de Vieira de que a agência seria um "cabide de empregos".
Outros ministros também saíram em defesa de Izabella e desqualificaram o ex-diretor da ANA. "Não dá para dar credibilidade a essas denúncias. De fato, não dá. O que dá (para dar credibilidade) está nos autos da Polícia Federal, que agiu e age com a autonomia de sempre", disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Na mesma linha, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lembrou que o inquérito da PF não cita Izabella. "Não é a tentativa de pessoas incriminadas, de desviar o foco da investigação ou mesmo diminuir o seu papel, que vai mudar esse roteiro tão bem realizado pela polícia", afirmou Cardozo. Para ele, a PF está investigando tudo de forma autônoma, com critério e cuidado.
Apesar da aparente tranquilidade no Planalto, o governo está preocupado com os desdobramentos da Porto Seguro e com as recorrentes citações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia do caso envolve ex-servidores - além de Vieira, foram incluídos seu irmão Rubens, que era diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo - e pessoas próximas de aliados - Miranda é ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Além disso, a situação de Adams ainda é delicada, embora ele continue frequentando as principais reuniões do governo. A portas fechadas, ministros dizem que Adams só não caiu porque não apareceu comprovação de que ele saberia do envolvimento de José Weber Holanda, número dois da AGU, no caso.
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, rebateu ontem a acusação de que o órgão seria um "cabide de empregos", como disse Vieira, e negou a afirmação de que seria apadrinhado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. "Conheço José Dirceu porque sou antigo militante do PT. Sou amigo dele como todos os militantes do partido."
No Senado, a oposição quer convidar Paulo Vieira para falar no Congresso, a exemplo do que já foi aprovado em relação ao irmão dele, Rubens. O ex-diretor da Anac respondeu que comparecerá à Casa, mas não agendou data. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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