Após sete horas de reunião, o governo e um grupo de representantes de caminhoneiros anunciaram um acordo para suspender, por 15 dias, a paralisação que afeta estradas de 25 estados e do Distrito Federal. O acordo foi anunciado pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira, 24. Oito entidades assinaram o acordo com o governo. A Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros) não assinou o documento e a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) deixou a reunião na metade.
A partir desta sexta-feira, 25, os organizadores dos movimentos em cada Estado deverão se pronunciar sobre a manutenção ou não das manifestações. No Tocantins, o Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins está à frente dos protestos nas rodovias federais que cortam o Estado e deve emitir posicionamento sobre o caso. O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, disse que levará o resultado da negociação com o governo para a categoria e espera que a greve dos caminhoneiros comece a ser desmobilizada nesta sexta. “Não é possível dimensionar o tempo que vai levar, principalmente pela questão da segurança”, afirmou Bueno.
Conforme o governo federal, a Petrobras manteve a redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir os preços. A Petrobras mantém o compromisso de custear esse desconto, estimado em R$ 350 milhões, nos primeiros 15 dias. Os próximos 15 dias serão patrocinados pela União.
O governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final do ano sem mexer na política de preços da Petrobras e irá subsidiar a diferença do preço em relação aos valores estipulados pela estatal a cada mês. “Nos momentos em que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do fixado, a Petrobras passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do Tesouro”, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
O governo também se comprometeu a zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano e negociará com os estados buscando o fim da cobrança de pedágio para caminhões que trafegam vazios, com eixo suspenso. “Chegou a hora de olhar para as pessoas que estão sem alimentos ou medicamentos. O Brasil é um país rodoviário. A família brasileira depende do transporte rodoviário. Celebramos esse acordo, correspondendo a essas solicitações, dizendo humildemente aos caminhoneiros que precisamos de vocês”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Sem unanimidade
A decisão de suspender a paralisação, porém, não é unânime. Das entidades do setor de transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do encontro, uma delas, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil caminhoneiros, recusou a proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. [...] vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Valter Casimiro (Transportes), além do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, se sentaram à mesa com representantes dos caminhoneiros decididos a ter um respiro na paralisação, que afeta a distribuição de produtos em todo o país. Os ministros entendem que o governo e a Petrobras têm mostrado iniciativa suficiente. Já os representantes dos caminhoneiros pedem o fim da carga tributária sobre o óleo diesel. Eles contam com a aprovação, no Senado, da isenção da cobrança do PIS/Pasep e da Cofins incidente sobre o diesel até o fim do ano. A matéria foi aprovada ontem pela Câmara e segue agora para o Senado. Caso seja aprovada, a isenção desses impostos precisará ser sancionada pelo presidente da República.
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