Kátia diz que não acredita no impeachment de Dilma e fala sobre ações para 2016

Kátia Abreu informou que para 2016 pretende enviar ao Congresso uma nova lei agrícola nacional, com a intenção de criar uma política permanente para a agricultura

Ministra Kátia Abreu
Descrição: Ministra Kátia Abreu Crédito: Sérgio Lima/Folha

Em entrevista concedida à Folha UOL nesta terça-feira, 15, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu afirmou que a crise política no país atrapalha a produção agrícola, mesmo com o setor se mantendo em crescimento, e defendeu que a polícia precisa continuar seu trabalho de investigação para punir responsáveis por erros, mas que é preciso ter paz para a produção.

 

Sem citar nomes, Kátia afirmou que "duas a três pessoas" estão paralisando o país no Congresso. A ministra disse que não acredita no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, o impedimento da presidente deve ser por um fato. "Aqui, decidiram pelo impeachment e estão procurando um fato. A posição está invertida. A presidente não praticou nenhum ato que justifique o impeachment", afirmou a ministra.

 

Kátia Abreu informou que para 2016 pretende enviar ao Congresso uma nova lei agrícola nacional, com a intenção de criar uma política permanente para a agricultura no país, com metas plurianuais. Segundo ela, é preciso dar previsibilidade para a produção nacional para transformá-la numa agricultura desenvolvida.

 

Perguntada se ter jogado vinho no senador José Serra (PSDB-SP) num evento de senadores na semana passada poderia atrapalhar as negociações com o Congresso, Kátia respondeu: "Não sei. Vamos ver".

 

Mapa

Segundo a ministra, o ministério fez um corte de R$ 370 milhões em despesas consideradas desnecessárias, como a redução pela metade dos custos de passagens e diárias, para fazer investimentos nas áreas fins da pasta, como defesa agropecuária e pesquisa. A tentativa é aumentar o número de países que retiram restrições à importação brasileira com liberação prévia de licenças.

 

Um dos cortes do orçamento veio da fusão com a pasta da Pesca, que foi incorporada ao ministério com redução dos ministérios feita pela presidente Dilma este ano. O aluguel de um prédio da Pesca que custava R$ 800 mil por mês foi cancelado. O contrato de terceirização da antiga pasta foi reduzido em 70%.

 

Segundo a ministra, a prioridade para 2016 será o investimento em pesquisa na Embrapa, a estatal de pesquisa no setor. Kátia Abreu afirmou que fará tudo para cumprir o orçamento da empresa que pede entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões para manter o trabalho de desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas. O ministério também promete implementar processo eletrônico em todas as áreas para acabar com os procedimentos em papel.

 

"Estamos procurando trazer ares de modernidade [para o ministério]. Por que o serviço público tem que ser pior que o privado?", disse a ministra lembrando que vai continuar enfrentando corporações para fazer reformas na instituição.

 

A ministra também revelou que está animada com a mudança na presidência da Argentina para avançar com negociações de livre comércio dentro do Mercosul. Mas ela afirmou que vai seguir a agenda do ministério para realizar com os EUA e a União Europeia acordos para reduzir barreiras sanitárias e fito sanitárias dessas regiões. Além disso, serão ampliados acordos agrícolas com o México e a Índia.

 

Para 2016

A ministra disse ainda que vai trabalhar para que o Seguro Rural tenha R$ 1 bilhão em verbas para 2016, como pede o setor. Esse seguro garante o produtor em caso de quebra de safra por eventos climáticos. A intenção do governo é atingir 2/3 das áreas do país onde há risco maior de quebra de safra. O governo colocou apenas R$ 400 milhões no orçamento.

 

De acordo com Abreu, além do dinheiro já garantido no orçamento, foram deslocados R$ 350 milhões de outra área da pasta e mais R$ 100 milhões de emenda parlamentar. Os outros R$ 150 milhões, segundo a ministra, virão da venda de estoques de café e milho da Conab.

 

Segundo a ministra, a expectativa é obter R$ 800 milhões com essa venda de estoques para segurança alimentar, que segundo ela não são necessários no país. Mas a venda só será feita em momentos em que não esteja sendo feita a colheita, por exemplo, para não reduzir os preços dos produtores.

 

Segundo as estimativas do ministério, o PIB do setor agropecuário do país vai crescer em 2016 entre 1,5% e 2%, ao contrário das previsões de crescimento do PIB que deverá cair em 2016, segundo as projeções oficiais.

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