O novo partido fundado pela ex-senadora Marina Silva teve seu nome aclamado por militantes no começo da tarde deste sábado (16). Batizado de Rede Sustentabilidade, a nova legenda deve disputar a sua primeira eleição já em 2014. A palavra que será usada nas urnas, segundo os fundadores do partido, será Rede.
O nome do partido foi anunciado pela própria Marina Silva. A escolha se deu com base em sugestões feitas por militantes na internet. O lançamento oficial da legenda ocorreu em um evento realizado neste sábado, em Brasília.
"O nome é uma coisa muito importante porque é isto que vai constituir o nosso significado", disse Marina.
Antes de anunciar o nome do partido, Marina e outros integrantes da coordenação geral do Rede Sustentabilidade fizeram uma serie de discursos reforçando o programa da nova legenda. Segundo Marina, o novo partido não se enquadra nos conceitos de situação nem de oposição, mas terá posições formadas."Não somos oposição nem situação a Dilma (...) Precisamos de pessoas que tenham posição formada. Se a presidente Dilma fizer algo bom pelo Brasil, nossa posição será favorável. Se fizer algo contra o Código Florestal, nossa posição será contrária", disse.
"Não somos oposição nem situação a Dilma (...) Precisamos de pessoas que tenham posição formada. Se a presidente Dilma fizer algo bom pelo Brasil, nossa posição será favorável. Se fizer algo contra o Código Florestal, nossa posição será contrária", disse.
Candidatura
Marina não descartou a possibilidade de voltar a concorrer à Presidência, nas eleições de 2014. Em 2010, a ex-senadora disputou o cargo pelo Partido Verde (PV).
"Obviamente, encaro a possibilidade da minha candidatura mas, como é uma Rede, encaramos a possibilidade de outra candidatura", disse. Ela afirmou, porém, que não acredita na possibilidade de repetir em 2014 os cerca de 20 milhões de votos recebidos em 2010.
"Eu acredito na política como um processo vivo. Não temos como repetir 2010. Foi um momento único na minha vida (...) Pode ser mais, pode ser menos", disse.
Em discurso inflamado durante o evento de lançamento do novo partido, a também ex-senadora e hoje vereadora em Maceió (AL), Heloísa Helena (PSOL), manifestou apoio à candidatura de Marina Silva para a disputa da Presidência da República em 2014.
"Eu quero ter a honra, e por mais que a Marina não goste que eu fale, eu quero ter a honra de vê-la disputando a Presidência em 2014", disse Heloísa, enquanto os militantes gritavam "política urgente, Marina presidente".
Rede e o PT
Marina Silva afirmou que a criação do novo partido se assemelha à fundação do PT, no começo dos anos 80. Segundo ela, alguns militantes que defendem a criação da nova legenda devem permanecer nos seus partidos.
"Será um erro muito grande se deixarmos de nos identificar como movimento. Têm pessoas do movimento que vão continuar no PV, no PT, no PSDB (...) Vamos continuar sendo um movimento", disse.
O deputado federal Walter Feldman, que foi um dos fundadores do PSDB, anunciou que irá migrar para o novo partido. "Depois de muito pensar, sem nenhuma dúvida, sem nenhum conflito, eu que fui um dos fundadores do PSDB, encerro um ciclo", disse.
O deputado federal Domingos Dutra, que foi um dos fundadores do PT, também afirmou que vai integrar o novo partido. "Após 33 anos de PT, estou aqui para fazer uma nova política", disse.
Estatuto
As regras que vão nortear o novo partido também foram debatidas no encontro. O estatuto vai determinar que o partido não vai aceitar doações financeiras que venham de Indústrias de armas, bebidas alcoólicas e de agrotóxicos. Também será estabelecido um teto para doações feitas por pessoas físicas e jurídicas que queiram colaborar com a legenda.
O limite de valor das doações, segundo os organizadores, será definido pela coordenação nacional da legenda, que será escolhida assim que o partido for oficializado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O objetivo do partido é que as doações sejam feitas basicamente pela internet, seguindo o mesmo modelo utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a campanha eleitoral.
O estatuto do novo partido também prevê a realização de prévias para a escolha dos candidatos que vão disputar eleições pela legenda.
Suplicy
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), único senador presente no evento, disse, ao discursar, que se sente tentado a entrar no novo partido. Ele afirmou, porém, que tem compromisso com o PT e que não tem intenção de deixar o partido.
"Isso (filiação) precisa ser com calma. Tenho razões para lhes dizer: eu sou do PT, fico super honrado e tentado a cair na Rede, mas eu tenho um compromisso sim, enquanto o PT estiver com as portas abertas para propostas como esta", disse.
Suplicy foi o primeiro a assinar o documento que pede a criação do novo partido. A assinatura foi colocada no documento sob os gritos dos militantes que clamavam "Suplicy, vem para a rede, vem". Ao todo, os militantes precisam coletar 500 mil assinaturas para requerer o registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para que o partido possa concorrer na próxima eleição, o registro precisa ser feito até outubro deste ano.
"Ele colocou o nome para nos ajudar a pedir a criação do novo partido. Não está se filiando à Rede", disse Marina Silva.
Em seu discurso, Suplicy defendeu bandeiras que constam do estatuto do novo partido, como a realização de prévias para a escolha de candidatos e a transparência das doações feitas para as campanhas políticas.
(Matéria do G1)
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