Pesquisa do Datafolha feita nos dias 6 e 7 deste mês mostra que 68% da população é contrária à atual política de reajuste de combustíveis adotada pela Petrobras, que atrela os valores à variação internacional do barril de petróleo e à cotação do dólar. A mesma pesquisa mostra ainda que sete de cada 10 brasileiros avaliam que a paralisação dos caminhoneiros trouxe mais prejuízos do que benefícios ao país e dizem que o governo deve controlar o preço dos combustíveis e do gás de cozinha mesmo que isso resulte em prejuízo à Petrobras.
Apenas 26% acham que “o governo deve deixar a Petrobras livre para definir o preço dos seus produtos e buscar lucro como outras empresas”, postura atualmente adotada.
A defesa da mudança na política de reajuste levou à saída do presidente da estatal, Pedro Parente. Apesar de a nova gestão dizer que manterá a política, o governo pressionou a Agência Nacional do Petróleo a abrir negociações para acabar com a possibilidade de reajustes diários e adotar uma fórmula de baratear a gasolina e o botijão de gás.
Pouco depois de Michel Temer assumir o cargo, em 2016, e sob a batuta de Parente, a Petrobras mudou o modo de definição do preço dos combustíveis adotado no governo de Dilma Rousseff, com combustíveis subsidiados. Em julho de 2017, a empresa passou a realizar ajustes nos preços a qualquer momento, inclusive diariamente. A política contribuiu para que a estatal saísse de um quadro deficitário para o azul — teve lucro líquido de R$ 7 bilhões no primeiro trimestre de 2018. Nesse período, porém, o preço médio do litro da gasolina e o gás de cozinha subiram várias vezes.
No dia 29 de maio, o Datafolha fez uma pesquisa por telefone sobre a paralisação dos caminhoneiros. A mesma pergunta, sobre prejuízos e benefícios do movimento, havia registrado 56% na pesquisa anterior a qual, por ter sido feita por telefone, não é imediatamente comparável com esta de junho.
A pergunta sobre apoio ao movimento, que na pesquisa de maio havia indicado 87% de aprovação, não foi feita agora. Naquela ocasião, 56% diziam que a paralisação deveria prosseguir, apesar de a grande maioria também ter se mostrado contra pagar a conta da redução do diesel —87%.
A atual pesquisa do Datafolha mostra que 69% dos entrevistados dizem que a paralisação trouxe mais prejuízos do que benefícios para a população — só 20% apontam o inverso, afirmando terem visto mais ganhos do que perdas.
A paralisação foi encerrada no dia 31 de maio devido a um acordo entre governo e caminhoneiros. Pontos dessa negociação, porém, como a adoção de preço mínimo para o frete, causaram incertezas jurídicas, reclamações em outros setores e estão sendo revistos em parte.
Apesar da redução do diesel, o preço da gasolina nas bombas tem se mostrado mais alto ou igual do que antes do movimento, além de a crise de desabastecimento de gás perdurar em alguns Estados.
Em resposta a outra pergunta do Datafolha, a maioria dos entrevistados, 54%, disse considerar que a paralisação foi um movimento dos trabalhadores, contra 30% que a atribuem a empresários e 11%, a ambos.
Comentários (0)