Após o então diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, funcionário público desde 2015, Andrey Lemos, ser exonerado do cargo no último sábado, 7, pela ministra Nísia Trindade Lima, diversos movimentos políticos e a União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO) no Tocantins se manifestaram em solidaridadade ao fato na segunda-feira, 9.
A exoneração ocorreu após Andrey Lemos se responsabilizar pela apresentação da dança "Batcu", da drag queen Aretuza Lovi, durante o 1º Encontro de Mobilização para Promoção da Saúde no Brasil, evento do Ministério da Saúde. A reação da ministra Nísia foi negativa, bem como gerou grande repercussão da oposição nas redes sociais. "Infelizmente, eu fui surpreendida pelo episódio de ontem e venho, por meio desse vídeo, me desculpar muito sinceramente pelo ocorrido e reiterar o compromisso do Ministério da Saúde de que seus eventos reflitam a conduta e a orientação da pasta da Saúde", disse a ministra em vídeo divulgado.
Conforme o Portal da Transparência, Andrey Lemos já trabalhava no Ministério da Saúde, quando foi nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019. O servidor assumiu a diretoria do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde em janeiro deste ano.
Em nota, a UNEGRO disse que a decisão é "sumária, motivada por campanha midiática, mesmo no exercício de cargo comissionado, é lamentável e abre precedentes perigosos para o governo, pois acolhe uma crítica moral de raiz de cunho fundamentalista religiosa".
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) também emitiu nota em solidariedade a Andrey. "O episódio provocou uma enorme onda de comentários e reações, que vem cumprindo o papel de atacar, ridicularizar, criminalizar a trajetória de um servidor público, negro, gay, historiador e doutorando em Saúde Coletiva, que há décadas pauta a importância da universalidade do SUS e da Saúde Pública brasileira equitativa", destaca em um trecho. Confira a íntegra aqui.
Confira a carta de solidariedade da UNEGRO na íntegra:
A União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO) presta solidariedade a Andrey Roosewelt Chagas Lemos em face da sua exoneração da Diretoria de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde.
Andrey Lemos é concursado do MS, onde cumpre sua função com profissionalismo, dedicação e respeito.
Decisão sumária, motivada por campanha midiática, mesmo no exercício de cargo comissionado, é lamentável e abre precedentes perigosos para o governo, pois acolhe uma crítica moral de raiz de cunho fundamentalista religiosa.
Andrey Lemos estava certo, há determinantes sociais que impõem iniquidades à saúde da população LGBTQIA+, cabendo ao SUS promover saúde a essa parcela da população que acumula violações e vulnerabilidades. Sua demissão e o linchamento à sua honra não justificam.
Andrey Lemos é um militante das nossas causas e lutas. Um trabalhador que merece todo nosso respeito e consideração. Tem uma trajetória ilibada, comprometida com a luta contra o racismo, a lgbtfobia e as múltiplas opressões e explorações que pesam sobre nosso povo.
Nesse sentido, a UNEGRO manifesta apoio num momento indesejável e repudiamos a tentativa de assassinato de sua honra e de seu histórico comprometimento com as causas justas.
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