Mulheres que representam sete entidades de Palmas, principalmente do Setor Taquari, assinaram uma nota de repúdio quanto as ofensas feitas a cidade e as mulheres pelo humorista Léo Lins. As piadas,consideradas por elas de cunho preconceituoso, foram compartilhadas na rede do humorista em um vídeo promocional do seu show que seria realizado na Capital nesta sexta-feira, 12.
Na nota, as organizações, incluindo a Associação de Moradores do Taquari, Conselho Municipal do Direito da Mulher e Associação de Idosos do Jardim Taquari, afirmaram que as piadas do humorista são de 'mau gosto' e que humilham as mulheres, além de reafirmar preconceitos.
A nota pede ainda uma retratação do humorista.
Entre as piadas de Léo Lins, estava a comparação das mulheres da cidade à 'piranhas' e alusão ao bairro Taquari, extremo sul de Palmas, como sendo um bairro em que foi 'criado o crack'. Após repercussão negativa do vídeo, a Prefeitura de Palmas resolveu suspender o contrato com a produção do humorista que permitiria o uso do Theatro Fernanda Montenegro para a apresentação. O ato da Prefeitura está sendo visto por muitos como censura.
Supensão em 21 cidades
O humorista coleciona, comemora e debocha em suas redes sociais das proibições recebidas dos gestores municipais por onde passa. A suspensão do show "Bullying Arte - até o limite do humor" pela gestão de Palmas foi a 21ª na carreira do humorista, que se diz o "Rei do humor negro".
Após a suspensão, o comediante informou que o show irá acontecer em local que ainda será divulgado. Os ingressos para o show estão esgotados.
Confira a nota na íntegra
Apesar de prezarmos e defendermos a liberdade de expressão e o direito de manifestação de todos, não poderíamos de deixar de lamentar a forma tão baixa, abominável que o humorista Léo Lins se referiu as mulheres de Palmas, a nossa bela Capital e muito menos a ilação nefasta que fez em relação ao bairro Taquari, no extremo sul de Palmas.
Ao ligar pejorativamente as mulheres palmenses a piranhas, o humorista extrapola o limite da falta de respeito e da depreciação contra todas as mães, filhas, avós que residem em nossa cidade. O modo vulgar com que fez a estúpida brincadeira de máximo mau gosto humilha a todas nós como cidadãs e mães de família.
Em que pese a chamada licença poética de qualquer artista, uma comparação dessas – independente de ter sido de brincadeira (de péssimo gosto, reafirmamos), é algo que denota um preconceito deste cidadão. Essa analogia é perversa e desprezível. Trata-se de um insulto lamentável.
Em pleno século XXI e no auge da evolução de nossa sociedade, onde a mulher passou a ter mais direitos, deveres e obrigações, conquistando seus espaços, apesar de ainda todas as dificuldades, essa comparação barata nos faz indagar: que humor execrável é esse? Que tipo de humor que dá o direito a uma pessoa a nivelar, de maneira vil e detestável, mulheres de maneira tão pejorativa?
Além desse impropério, o humorista denigre a nossa capital ao ligá-la ao inferno, numa alusão ao calor. Palmas, a capital do calor humano, é a última sede de unidade federativa planejada do país que chegou recentemente aos seus 30 anos. E muito diferente do que citou o humorista, Palmas é uma cidade abençoada, que respira bem-estar, ecologicamente sustentável e que recebe a todos de braços abertos, independente de raça, cor e religião.
E, por fim, consideramos uma afronta fora de qualquer propósito a ilação do crack ao nosso bairro do Taquari, um dos mais populosos da Capital. Primeiramente, porque o humorista coloca todos do setor como vulneráveis à droga e, pior: até mesmo dá a entender que todos que vivem ali servem ao tráfico.
O Taquari é habitado por homens, mulheres, jovens e idosos de bem, batalhadores, trabalhadores e honrados. Os dependentes químicos que por ventura vivem ali e que sofrem e fazem sofrer suas famílias são vítimas do flagelo das drogas. Eles merecem apoio, ajuda e carinho e não serem menosprezados da forma que foram por este humorista.
Por fim, ressaltamos novamente que apoiamos a liberdade de expressão, mas que fatos isolados como esse não podem ficar sem a devida resposta. Diante disso, cobramos a retratação pública do senhor Léo Lins em respeito à dignidade das mulheres e demais palmenses que foram menosprezados e humilhados em troca da promoção pessoal ou de um evento.
Palmas, 10 de julho de 2019
Maria Aparecida Martins, presidente do Conselho Municipal das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias de Palmas (Coman)
Márcia Rosane lira Martins, presidente do Conselho Municipal do Direito da Mulher
Franciane Ribeiro de Oliveira, presidente da Associação Comunitária de Moradores do Santa Bárbara
Ilma Jardim Vieira, presidente da Associação de Idosos do Jardim Taquari
Cida Glória, presidente da Associação de Mães do Setor Sonho Meu (Região Norte de Palmas)
Mônica Tavares Amorim, presidente da Associação de Chacareiros Taquari Rural
Eliane Marinho, presidente da Associação de Moradores do Taquari
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