Casos de calazar em Palmas aumentam; população cobra ações de controle da doença

O ano de 2015 já apresenta 14 casos confirmados de Leishmaniose em Palmas e a maior incidência é na região Sul da Capital, o que tem deixado a população preocupada. A Semus diz que realiza trabalho.

Mosquito palha é o vetor transmissor do calazar
Descrição: Mosquito palha é o vetor transmissor do calazar Crédito: Da web

Os casos de Leishmaniose Visceral (calazar) aumentam a cada dia em Palmas e a região Sul está entre as áreas com maior incidência da doença. Este ano, até o momento, foram registrados e confirmados 14 casos no município, o mesmo número registrado durante todo o ano de 2014. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) “esta zoonose se encontra em ampla distribuição no município, mas sob controle”.

 

A servidora pública Rafaela Siqueira, que teve seu filho internado por contrair a doença, relatou ao T1 que o programa de prevenção na região Sul da Capital não está acontecendo. “As equipes não tem feito o trabalho de pulverização e a população está realmente muito preocupada”, relatou.

 

Rafaela informou que seu filho ficou cerca de 15 dias internado no Hospital Infantil de Palmas (HIP) e somente no dia em que ele teve alta é que a equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) foi até a sua casa para fazer a pulverização. “Eles fizeram a vistoria dos animais e a pulverização do veneno foi feita dentro e fora de casa, mas não fizeram no muro e nem ao redor, na vizinhança, ou seja, se tiver foco do mosquito na redondeza, ele vai continuar a ameaçar a todos nós”, disse.

 

A funcionária pública informou ainda que não foi fácil fazer com que os agentes do CCZ fossem até a sua casa. “Foi depois de muita insistência que foram até minha casa, tanto é que quando foram não pude voltar para casa quando meu filho teve alta, pois tinham acabado de jogar o veneno”, ressaltou Rafaela ao frisar o seu sentimento. “É uma sensação horrível. A gente se sente impotente sabendo que tem um órgão responsável que não está fazendo o que tem que ser feito”.

 

Nas duas primeiras semanas do mês de junho pelo menos três crianças por semana deram entrada no HIP com suspeita de Leishmaniose Visceral e a maioria era da região Sul de Palmas. Segundo a Semus, as crianças de até nove anos são as mais acometidas pela doença, chegando a apresentar 50% dos casos.

 

Em 2014 foi registrado um óbito e conforme o T1 noticiou nesta semana uma menina de um ano e três meses faleceu no Hospital Geral de Palmas (HGP) por apresentar um caso grave de Leishmaniose Visceral.

 

Plano de trabalho

Apesar de não informar a quantidade de equipes trabalhando em Palmas hoje, a Semus, por meio da Diretoria de Vigilância em Saúde, informou que “constrói anualmente um plano de trabalho com objetivo de operacionalizar as ações de vigilância e controle da Leishmaniose Visceral”. Este plano aponta as localidades que tem uma transmissão intensa, moderada e esporádica de casos humanos.

 

Com esse trabalho realizado, “as áreas são delimitadas e as ações quantificadas com o número de imóveis e cães que devem ser trabalhados” e as informações dão conta de que há o estabelecimento de metas para que seja realizado o controle químico, o manejo ambiental, a vigilância canina e a educação em saúde.

 

O porquê dos casos

Conforme a equipe da Semus informou ao Portal, diversos fatores levam os casos a se concentrarem principalmente na região sul de Palmas e alguns foram ressaltados como a alta densidade populacional, baixo poder aquisitivo, migração do cachorro, urbanização do vetor e condições precárias de infraestrutura sanitária.

 

A Semus informou que “considerando a média de casos humanos confirmados, notificados nos últimos três anos (2012 a 2014), o município está classificado como área de transmissão intensa de casos humanos de Leishmaniose visceral, portanto, com recomendações para a realização de atividades de educação em saúde, inquérito sorológico canino, controle químico vetorial e manejo ambiental”.

 

Ainda de acordo com a Semus, se for considerada a média anual de casos notificados/confirmados, as medidas adotadas tem tido um impacto positivo nos indicadores epidemiológicos e por isso a doença está sob controle. Vale ressaltar que em 2003, quando Palmas teve uma epidemia de Leishmaniose, foram registrados 103 casos da doença.

 

Prevenção

A Semus informou que de 2014 até junho de 2015 foram eutanasiados 3.617 cães que tiveram a confirmação laboratorial de estarem com calazar. Essa é uma das medidas de prevenção da doença, já que o cão uma vez contaminado, ele sempre vai ser um hospedeiro, ou seja, se o mosquito palha, vetor transmissor, picar o cão que tem calazar e vir a picar um ser humano, vai transmitir a doença.

 

Medidas simples podem auxiliar no controle da doença como limpeza dos quintais, eliminação de fonte de umidade, retirada das galinhas e galinheiros do ambiente urbano, além da eliminação dos resíduos sólidos orgânicos e destino adequado dos mesmos, que servem como criadouro do mosquito.

 

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