Charleide denuncia agressão física da Guarda Metropolitana; prefeitura afasta agentes

Militante Charleide Matos foi agredida com dois tapas no rosto no último domingo, 1º, no Taquari, região sul de Palmas. A prefeitura afirmou nesta terça-feira, 3, que os servidores foram afastados

Crédito: Divulgação

A presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR) e coordenadora do Coletivo de Mulheres "Casa Pérolas Negras", candidata a vereadora nas eleições de 2020 pelo PSOL, Charleide Matos, foi agredida fisicamente na noite do último domingo, 1º de maio, por pelo menos um agente da Guarda Metropolitana de Palmas (GMP), com testemunhas, na distribuidora de bebidas bom sucesso, localizada no Jardim Taquari, região sul da Capital. A agressão foi denunciada pela militante em suas redes sociais.

 

Conforme Charleide, ela e seu companheiro estavam no local quando foram abordados por agentes, que teriam proferido ofensas racistas à ele, impondo que se retirasse da distribuidora e, no momento em que ela interviu para defendê-lo, foi atingida com dois tapas no rosto. "A guarda metropolitana chegou e fez uma abordagem violenta no meu namorado e ordenou que ele saísse do local. Eu falei que eu e nem ele sairíamos do local porque não somos bandidos e sim trabalhadores. Também questionei sobre a abordagem violenta, se eles fariam isso com as pessoas do centro da cidade, automaticamente levei duas bofetadas na cara e as pessoas que presenciaram a cena humilhante pediram para eles pararem com as agressões. Isso se chama racismo estrutural", relatou Charleide.

 

O caso foi repudiado pelo Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Estado do Tocantins (Ajunta Preta), que pede apuração e justiça. "O Coletivo Ajunta Preta repudia veementemente a atuação truculenta, machista, racista, classista e criminosa da Guarda Metropolitana e lamenta que nossa companheira, uma mãe preta, trabalhadora e uma das maiores ativistas em defesa dos Direitos Humanos e da população negra e periférica de Palmas, tenha vivenciado na pele mais esta violência por partes das instituições mantidas pelo poder público para agir em defesa de uma parcela específica da população e em detrimento das pessoas pobres, pretas e marginalizadas. Na ocasião, nós mulheres negras e feministas que integram o Coletivo Ajunta Preta cobramos a devida apuração do caso pelos órgãos competentes, assim como retratação por parte da Guarda Metropolitana de Palmas", diz a nota de repúdio.

 

Prefeitura afasta servidores envolvidos

 

O T1 Notícias demandou a prefeitura de Palmas nesta terça-feira, 3, questionando se os agentes responsáveis pela agressão já foram identificados e afastados. Em contato com a Secretária de Comunicação, Ivonete Motta, a Diretora do T1, Roberta Tum, recebeu informações no início da noite desta terça, 3, que a prefeitura afastou os servidores envolvidos e que foi aberta sindicância para investigar os fatos. Durante a tarde, a Secom havia informado que o comando da GMP estava reunido apurando as circunstâncias da ocorrência.

 

Confira a nota de repúdio do Ajunta Preta na íntegra:


Na noite do último domingo, Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, a membra do Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Estado do Tocantins (Ajunta Preta), Charleide Matos, foi covardemente agredida por agentes da Guarda Metropolitana de Palmas enquanto frequentava uma distribuidora de bebidas com seu companheiro no Jardim Taquari, setor sul de Palmas.

De acordo com Charleide, que também é a atual presidenta do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial – CEPIR e coordenadora-fundadora do Coletivo de Mulheres ‘Casa Pérolas Negras’ localizado no Jardim Taquari, ela e o companheiro estavam confraternizando no estabelecimento quando chegaram três viaturas da Guarda Metropolitana das quais desceram os agentes verbalizando uma série de ofensas racistas ao seu companheiro e mandando que o mesmo se retirasse do local.

Ao intervir em defesa de seu companheiro, Charleide se identificou e explicou que eles não estavam infringindo nenhuma lei e tinham o direito de permanecerem ali na companhia dos amigos. No momento em que resistiu à abordagem violenta dos guardas, Charleide foi brutalmente atingida com dois tapas no rosto.

Infelizmente este não é um caso isolado, mesmo incumbidos de agir em prol da proteção preventiva à vida e ao patrimônio municipal, a Guarda Metropolitana tem protagonizado frequentes cenas de violência contra a população negra e periférica de Palmas. Ainda no início deste ano o Coletivo Ajunta Preta manifestou repúdio contra as agressões cometidas por inspetores da mesma instituição ao jovem Vinicius na região de Taquaralto.

Diante de mais este caso, o Coletivo Ajunta Preta repudia veementemente a atuação truculenta, machista, racista, classista e criminosa da Guarda Metropolitana e lamenta que nossa companheira, uma mãe preta, trabalhadora e uma das maiores ativistas em defesa dos Direitos Humanos e da população negra e periférica de Palmas, tenha vivenciado na pele mais esta violência por partes das instituições mantidas pelo poder público para agir em defesa de uma parcela específica da população e em detrimento das pessoas pobres, pretas e marginalizadas.

Na ocasião, nós mulheres negras e feministas que integram o Coletivo Ajunta Preta cobramos a devida apuração do caso pelos órgãos competentes, assim como retratação por parte da Guarda Metropolitana de Palmas.

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