A Praia da Graciosa foi tomada pelo branco, pelas flores e pelo perfume de flor de laranjeira na tarde de ontem, sábado, 24 de fevereiro, data que ficará marcada na história da Capital pelo Primeiro Presente a Yemanjá. Uma promoção da Feccamto - Federação das Casas de Culto de Matriz Africana de Palmas, que recebeu diversos apoios, sendo o principal deles da Prefeitura de Palmas, que forneceu toda estrutura do evento.
Entoando cantigas de louvação a Esú – orisá da comunicação, e mensageiro de todos os orixás na cultura africana, o evento foi aberto pela Iya Olori Roberta de Osoguiã, que fez a saudação inicial e a composição do dispositivo de honra com os representantes da Feccamto, os líderes de cada casa, a superintendente do Iphan, Cejane Pacini e demais lideranças religiosas.
“Estamos honrados com o convite e felizes de estarmos aqui participando com vocês, por que as festas que expressam a religiosidade, a ancestralidade é também um patrimônio imaterial dos povos”, destacou Cejane Pacini, do Iphan. O instituto retomou o levantamento de casas de matriz africana realizado em 2015 na Capital, e está fazendo a revisão para a publicação este ano, em parceria com a UFT.
A presidente da Feccamto, Iya Carol de Osum, aproveitou a oportunidade para conclamar o povo de Santo a se unir para se fortalecer e tornar o Festejo de Yemanjá numa festa permanente do Calendário de Eventos de Palmas. “Que este seja o primeiro de muitos e se torne tradição”, disse ela.
Cantigas, tambores e flores para Yemanjá
O evento seguiu com as falas do Pai Edmilson de Logun Edé, do Cazuá Nossa Senhora da Conceição, Mãe Lourdes, Pai Flávio da Oxum (Guerreiros de Aruanda), Pai Luzivaldo de Omolu, Mãe Iza de Omolu, do Ilè Laye Omó Silé, Mãe Kamila de Matambatina da Nação Angola, Fábio de Oxaguiã, Pai Evandro, Pai Sinval e Pai Rainiere, do Terecô e contou com a presença e a participação de diversos outros líderes religiosos.
Após as falas e as bênçãos dos pais e mães presentes na abertura foi feio um Sirè (Xirê) com os cântigos a Esú, Ogum, Oxossi, Oxum e Yemanjá, em Yorubá. A Iya Olori da Casa Branca da Serra fez um cumprimento e saudação ao Ogan Tiago e seu pai Douglas Abdalla, neto e filho respectivamente da falecida Iyalorixá Mãe Iza de Oya, do Ilè Axé Iji Oyá, primeira casa de Candomblé de Palmas, e inscrita número 001 da Feccamto (in memorian).
A festa seguiu com a chegada dos pais Marcelo de Odé (Ilè Asé Odé Ronkè) e seu grupo e William de Odé (Ilè de Odé), com os egbomis Adolfo Ti Ayrá e Nenza de Oyá acrescentando seus balaios às oferendas dispostas nas tendas. “Que acabe esse tempo em que a gente para fazer nossas oferendas, tínhamos que sair pelas madrugadas, com medo, nos escondendo”, conclamou o Pai William de Odé.
Oferendas foram levadas para as águas do Tocantins
Um lindo cortejo, com as mães e pais de terreiro, foi puxado pela Iya Olori Roberta de Osoguiã e pela Iyalorisá Isa de Omolu, seguidas dos pais e mães, cada um com suas oferendas, até as margens do lago da UHE do Lajeado, onde três barcas fizeram o transporte de 20 representantes das casas de matriz, e os balaios com as oferendas de todos os praticantes e simpatizantes até o leito do Tocantins.
Flores, frutas e comidas de santo foram entregues às orixás Oxum e Yemanjá, retornando balaios e alguidares para a praia.
O evento contou com apoio e suporte do Corpo de Bombeiros e orientação de segurança da Marinha. Apoiaram a realização a deputada Vanda Monteiro e o vereador José do Lago Folha Filho e Lalá Shows.
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