Foi em uma tranquila praça de Palmas, no coração do Tocantins, que nasceu um sonho. Em meio ao movimento suave das árvores e o som das risadas das crianças, Daniela Noronha enxergou a beleza de um mundo em que o brincar não fosse apenas uma diversão, mas uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ali, em um momento de pura observação, ela percebeu que as terapias tradicionais precisavam ser repensadas para incluir mais sensibilidade e acolhimento.
A partir desse insight, nasceu a Criativamente, uma clínica que, ao longo de mais de uma década, se transformou em um farol de esperança para famílias que, até então, não sabiam onde buscar apoio. O trabalho começou simples, mas com um propósito claro: criar um ambiente onde as crianças pudessem explorar suas próprias capacidades e se sentir seguras em sua jornada.
Com o tempo, o espaço pequeno e acolhedor em Palmas cresceu. A clínica, que antes atendia poucos pacientes, passou a ser um centro de referência, respeitando a individualidade de cada criança, sem pressa, sem pressões, apenas acompanhando o ritmo delas. A proposta era criar uma conexão genuína, onde o brincar fosse mais do que uma atividade lúdica, mas uma ferramenta de transformação.
O sucesso de Palmas foi apenas o primeiro capítulo. Quando a oportunidade de expandir para os Estados Unidos surgiu, Daniela não hesitou. Em um cenário onde o cuidado com o autismo e o TDAH muitas vezes se vê ofuscado pela burocracia e pela falta de sensibilidade, ela soube que a Creatively Clinic, sua versão americana, poderia fazer a diferença. A missão era a mesma: construir uma ponte entre os desafios e a esperança, mas agora, em solo estrangeiro.
Nos Estados Unidos, a realidade do autismo e do TDAH é alarmante. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) aponta que uma em cada 36 crianças no país é diagnosticada com autismo, o que revela a alta prevalência do transtorno. Além disso, o TDAH afeta cerca de 9,4% das crianças americanas, de acordo com a American Psychiatric Association. Esses dados demonstram a urgência em se criar mais serviços especializados e acessíveis, visto que muitas famílias ainda enfrentam longas filas de espera e dificuldades para encontrar profissionais qualificados, tanto na rede pública quanto privada.
Em entrevista ao T1 Notícias , Daniela Noronha , fundadora da Criativamente Brasil e presidente da Creatively Clinic, afirmou: "Nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, os sistemas de saúde têm infraestrutura suficiente para atender à crescente demanda por tratamentos especializados para o TEA e o TDAH. A falta de diagnóstico precoce, somada à escassez de profissionais capacitados e às limitações dos planos de saúde, que geram longas filas para atendimentos, cria barreiras enormes, tanto no setor privado quanto, principalmente, no público, onde o déficit é ainda mais alarmante. Nosso trabalho, mais do que nunca, é uma resposta a essa necessidade urgente. Expandir para os Estados Unidos é um passo importante, mas o nosso objetivo sempre foi universalizar o atendimento de forma acessível e humanizada, com o cuidado necessário para que cada criança seja realmente compreendida e ajudada."
Hoje, a Creatively Clinic em Flórida continua a espalhar essa mesma mensagem: que as crianças com TEA e TDAH merecem um espaço onde possam florescer, sem ser moldadas por expectativas externas, mas em um ambiente que respeite seus tempos e suas necessidades. A mudança de Palmas para a Flórida não é apenas uma expansão geográfica, mas uma continuidade de um compromisso com um cuidado mais humano, que atravessa fronteiras e toca vidas.
Cintia Casteluci Hessel , diretora executiva da Creatively Clinic e responsável pela expansão internacional da clínica nos Estados Unidos, acrescenta: "A chave para o sucesso da Creatively Clinic está em nossa abordagem terapêutica, que vai além da técnica. Criamos um espaço onde as crianças são compreendidas, respeitadas e, acima de tudo, amadas. Este é o diferencial que temos a missão de levar a outras famílias no mundo inteiro." Ela também destaca que "nos Estados Unidos, temos inclusive clínicas concorrentes que nos encaminham pacientes devido à superlotação dos atendimentos especializados, o que demonstra a grande demanda e a necessidade de ampliar a capacidade de serviços especializados."
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