A equipe médica que presta serviço no Hospital Municipal de Araguaína (HMA) está com os salários atrasados desde outubro, situação que levou os profissionais a emitirem nota, nesta terça-feira, 10, manifestando indignação com o que consideram falta de respeito com a categoria. Ao menos 22 profissionais estão sem receber os salários. O valor acumulado da dívida corresponde a mais de R$ 5 milhões.
O atraso nos salários, segundo informa a nota, tem sido recorrente, o que, de acordo com a equipe médica do HMA, tem gerado total insegurança por parte dos profissionais, que se sentem desmotivados a permanecer na instituição, “por não haver compromisso das instituições superiores no repasse da verba para pagamento dos médicos. Não podemos contar com o próprio salário, sendo este um direito garantido pela Constituição, e que infelizmente não vem sendo cumprido”, reclamam.
Sustentam os médicos daquela unidade de saúde que a equipe tem se esforçado ao máximo para que Araguaína seja referência no cuidado com o paciente pediátrico, “mas nos sentimos impotentes diante da falta de compromisso conosco”, lamentam.
Nos bastidores, comenta-se que alguns médicos estão tão desmotivados que pensam em deixar o município, o que poderia comprometer o funcionamento da UTI Pediátrica de Araguaína. Vale lembrar, que o HMA chegou a ganhar destaque na mídia por realizar quatro cirurgias cardíacas infantis.
Tanto a Secretaria Municipal da Saúde como a própria Prefeitura admitem o atraso dos salários dos médicos e garantem que até o final deste mês, o pagamento será efetivado.
Todos os repasses para o Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), que gere a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o Hospital Municipal de Araguaína (HMA) e o Ambulatório Municipal de Especialidades (AME) estariam sendo feitos. Pelo menos é o que diz um trecho da nota encaminhada pelo próprio ISAC à imprensa, no final da manhã desta terça-feira, informando ainda que os serviços e atendimentos estão sendo realizados normalmente.
Para o Instituto, o atraso no pagamento de servidores e fornecedores é uma consequência dos repasses parciais de recursos que vêm acontecendo todos os meses desde fevereiro deste ano.
"Escolas difíceis"
Na nota, o ISAC observa que está sendo obrigado a fazer “escolhas difíceis”, como manter o abastecimento de materiais, medicamentos e demais insumos hospitalares e pagar colaboradores, prestadores de serviços e fornecedores.
Regularização
A Secretaria Municipal da Saúde informa que, até o final deste mês, serão regularizados os repasses do convênio com o Instituto Saúde e Cidadania (ISAC). Para tanto, a Prefeitura apenas aguarda os repasses dos governos federal e estadual, já que o convênio é tripartite, ou seja, mantido com recursos federal, estadual e municipal, para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital Municipal de Araguaína (HMA) e Ambulatório Municipal de Especialidades. Esclarece ainda que a irregularidade nos repasses foi em decorrência do atraso nos depósitos do Governo do Estado.
Confira a nota dos médicos:
"Em nome dos médicos que trabalham no Hospital Municipal de Araguaína, viemos através de esta nota manifestar o repúdio contra o descaso que envolve o não pagamento dos salários dos médicos desta instituição, nas suas mais diversas especialidades”.
“Sabendo que a equipe médica desta unidade têm se esforçado grandemente para oferecer um cuidado de excelência para as crianças do estado do Tocantins com empenho e profissionalismo, e que o atraso no pagamento do salário tem sido algo recorrente, viemos tornar público tal fato, para que providências sejam tomadas para a regularização dessa situação o quanto antes”.
“Precisamos registrar que isso tem acontecido de forma recorrente, implicando em uma geral insegurança por parte dos profissionais, que se sentem desmotivados a permanecer na instituição, por não haver compromisso das instituições superiores no repasse da verba para pagamento dos médicos. Não podemos contar com o próprio salário, sendo este um direito garantido pela Constituição, e que infelizmente não vem sendo cumprido”.
“É necessário que todos saibam que temos feito o nosso máximo para que Araguaína seja referência no cuidado com o paciente pediátrico, mas nos sentimos impotentes diante da falta de compromisso conosco, também temos as nossas famílias e necessitamos receber pelo serviço prestado, afinal de contas esse é o nosso trabalho”.
“Consideramos a situação lamentável e queremos que a população esteja ciente da real situação do HMA, e da falta de compromisso com os médicos que prestam serviço nesta instituição”.
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