Exonerados e transferidos denunciam má gestão na Casa Abrigo Raio de Sol

Exoneração em massa de toda a equipe técnica, educadores sociais e até ASG's na Casa Abrigo Raio de Sol traz à tona acusações de má gestão e assédio moral por parte da secretária Maria Luiza Felizola

Servidores e ex-funcionários da Casa Abrigo
Descrição: Servidores e ex-funcionários da Casa Abrigo Crédito: Nacim Borges

 

Um grupo de seis ex-servidores da Casa Abrigo Raio de Sol procuraram o Portal T1 Notícias na semana passada para oficializar denúncias que já vinham chegando à redação há mais de 20 dias, por outras fontes sem que as mesmas permitissem sua identificação. O temor era por represálias na esfera administrativas por parte da secretaria da pasta do Desenvolvimento Social, Maria Luiza Felizola Leão Gomes.

 

Os servidores relataram ao Portal que a equipe técnica e todos os servidores concursados e contratados foram demitidos ou transferidos da Casa Abrigo Raio de Sol, sem justificativas ou planejamento desestabilizando emocionalmente as crianças ali abrigadas, em afronta ao que preconiza o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, e as recomendações do Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente.

 

“Eu sou educadora social há oito anos, sou do concurso de 2005. Fui removida via ofício”, disse em entrevista Flávia Oliveira dos Santos. Ela não vê motivos para a remoção. “Eu vinha registrando nos meus relatórios a precariedade de funcionamento da casa. A secretaria determinou uma mudança que durou mais de uma semana. As crianças estão dormindo no chão na casa nova. Os quartos são pequenos, a casa nova que foi alugada não atende as necessidades. Nos meus últimos dias tive que dar banho numa criança deficiente no jardim, com a mangueira, por que não tem como entrar com ela nos banheiros”, afirma.

 

Redução na comida

 

A funcionaria mais antiga da casa,  Doraci de Souza Silva, tinha vínculo como contratada. “Deixei a casa depois de 13 anos, quatro meses e 14 dias. Colocaram no meu lugar uma pessoa sem experiência nenhuma para fazer a comida das crianças”, reclama.

 

Ela afirma que recebeu ordens nos últimos meses para reduzir a quantidade da comida ofertada aos acolhidos. “Lá era dois frangos para o almoço, por que além dos 29 abrigados, tem também o pessoal que tá trabalhando. Pois veio a ordem da secretaria que era pra diminuir pra um. Agora você vê: fazer um frango pra esse tanto de gente?”, questiona.

 

Dona Dora, como é conhecida, diz que “nesses anos todos” que trabalha na Casa Abrigo Raio de Sol, nunca viu tamanha redução na qualidade e quantidade de alimentos.

 

Hélio Ferreira, também concursado como serviços gerais afirma que estava lotado pela coordenação na cozinha da Casa Abrigo e que por “perseguição”, foi orientado a deixar o posto e trabalhar no sol. “Sou diabético, tenho problemas de saúde, mas eles não querem nem saber”. Ele está na lista dos removidos.

 

Desviando doações

 

A secretaria tem também inovado na forma de administrar as doações recebidas especificamente para a Casa Abrigo Raio de Sol. Segundo informam os servidores que estiveram no portal, um dos casos se refere a doação  de latas de leite pela OAB. Mais de 90 foram reencaminhadas para a sede a fim de serem utilizadas em outros locais.

 

“A casa foi toda desestruturada. Não dá para entender onde ela quer chegar com isso. Para nós, a vida segue, o problema é que as crianças sentem. E lá não é um lugar fácil de trabalhar”, contam Cristine Souza, educadora social há quatro anos, Karla Rodrigues, também educadora social desde 2010 e Sônia Maria Ferreira, concursada para auxiliar de Serviços Gerais, que foi transferida.

 

“O que ouvi dizer é que ela não quer ninguém da equipe antiga lá”, conta Sônia.

 

Medo de denunciar

 

Mais três servidoras, afastadas de suas funções procuraram o T1 Notícias com denúncias ainda mais graves, mas não autorizaram sua identificação com medo de represálias. Pelo teor do que foi informado, envolvendo condutas inapropriadas tendo menor como vítima, a denúncia foi encaminhada diretamente ao prefeito Carlos Amastha para conhecimento e providências.

 

“O problema é que como é que a gente denúncia uma pessoa dessas? Eu sou concursada, mas vou abrir uma reclamação na Ouvidoria como, se o secretario de Transparência é o marido da secretaria a ser investigada?”, disse a servidora, concursada.

 

Assédio Moral, gritos e humilhações impostas a servidores da equipe técnica também foram relatados ao T1 Notícias. A segunda parte das denúncias será encaminhada à promotoria da Infância ainda nestas segunda-feira para averiguação.

 

A prefeitura de Palmas respondeu aos questionamentos feitos pelo Portal em Nota de Esclarecimento. A secretaria Maria Luiza Gomes Felizola antecipou-se à publicação da matéria, encaminhando defesa dos atos da gestão ao Ministério Público. Confira matéria.

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