Gurupi participa de pesquisa nacional sobre diagnóstico precoce e cuidade em demência

Projeto do Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz selecionou a Unidade de Saúde da Família do setor Sevilha, em Gurupi; equipe de pesquisadores está na cidade

Carolina Godoy, umas das 8 pesquisadores, explica como será feito o levantamento
Descrição: Carolina Godoy, umas das 8 pesquisadores, explica como será feito o levantamento Crédito: Lino Vargas/Secom Gurupi

Entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro, Gurupi recebe parte de uma equipe de pesquisadores do Relatório Nacional sobre Demência no SUS (ReNaDe), projeto do Ministério da Saúde realizado em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Na cidade, a Unidade de Saúde da Família (USF) do setor Sevilha foi a selecionada para participar da iniciativa.

 

 

Durante a semana, a equipe estará coletando dados para a pesquisa e promovendo treinamentos presenciais e a distância com profissionais da rede municipal. O treinamento presencial terá carga horária de 8 horas e a capacitação EAD será de 10 horas. O intuito é testar a viabilidade dessa intervenção que visa aumentar o reconhecimento e identificação da demência na Atenção Primária à Saúde.

 

 

As atividades presenciais começam nesta terça-feira (30), das 13h30 às 17h30, e seguem até sexta-feira (03) das 8h às 12h e das 13 às 17h30. No sábado (04), haverá uma ação aberta à comunidade da área de abrangência da unidade, aferição de pressão, atividades lúdicas e cognitivas para pessoas de todas as idades, como jogos de quebra-cabeça, memória e ações educativas sobre a demência.

 

 

Pesquisadores 

A equipe é composta por 8 pesquisadores: Cleusa Ferri (psiquiatra e pesquisadora responsável), Andrew Miguel (médico psiquiatra e psicogeriatra), Fabiana da Mata (Fisioterapeuta), Lucas Martins (médico psiquiatra e psicogeriatra), Matheus Barbosa (médico psiquiatra e psicogeriatra), Paula Carnevale (médica), Carolina Godoy (gerontóloga) e Marcelo Anastácio Diniz (psicólogo), sendo que estes dois último estão em Gurupi treinando as equipes da Unidade.

Gurupi foi a única cidade no Tocantins escolhida para participar do projeto. " Foram selecionadas quinze cidades brasileiras, representando as cinco regiões, incluindo municípios de diferentes portes. A seleção foi feita garantindo a diversidade da população e dos serviços de saúde do SUS. Entre os critérios para seleção da Unidade, uma boa taxa de pessoas cadastradas, especialmente de pessoas idosas SUS dependentes. Esse já o segundo ReNaDe, o primeiro foi mais voltado para identificar as necessidades, tanto das pessoas que com demência, quanto dos cuidadores familiares e aí, também, identificar as pesquisas que estavam sendo feitas no Brasil, atualmente, onde estavam os investimentos. A partir dessa identificação das necessidades, o ReNaDe2 (atual) veio então com três eixos: a prevenção, o cuidado e o reconhecimento", explicou a pesquisadora. 

 

 

Gestão 

A secretária de Saúde de Gurupi, Luana Nunes, destacou o entusiasmo da gestão em participar da pesquisa.” Participar deste estudo significa avançar em um ponto essencial da saúde pública: o diagnóstico precoce da demência. Quanto mais cedo identificamos os sinais, maiores são as chances de oferecer qualidade de vida ao paciente e apoio adequado à família. Essa capacitação dos nossos profissionais e a aproximação com a comunidade são passos fundamentais para fortalecer a atenção primária e tornar o cuidado com o idoso cada vez mais humanizado e eficiente.”

 

 


A prefeita de Gurupi, Josi Nunes, ressaltou a relevância da iniciativa e destacou o compromisso da gestão em fortalecer políticas públicas de saúde voltadas ao envelhecimento e à inclusão.

 


“É uma honra contribuir para uma pesquisa nacional que vai trazer benefícios não só para os nossos idosos e seus familiares, mas também para todo o Brasil. Seguiremos investindo em uma saúde inclusiva, humanizada e cada vez mais próxima da população.”

 

 

O estudo

De acordo com a equipe de pesquisadores, o estudo tem como principal meta aumentar as taxas de diagnóstico de demência na atenção primária por meio de capacitação profissional e ações comunitárias. Entre os objetivos específicos estão:

 

 

• Capacitar os profissionais das USFs em treinamentos presenciais e a distância para o reconhecimento da demência;
• Incentivar mudanças de conhecimento e atitudes após a capacitação;
• Sensibilizar a comunidade com ações educativas;
• Ampliar o reconhecimento de possíveis casos de demência na comunidade por meio da ferramenta “Identificação da Demência na Atenção Primária”.
Com a iniciativa, Gurupi se insere em um movimento nacional para fortalecer a atenção primária em saúde mental e envelhecimento, contribuindo para diagnósticos mais precoces e para a qualidade de vida da população.

 

 

Dados

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2023, a população brasileira acima de 65 anos cresceu 57% entre 2010 e 2022. O aumento da demência, que afeta 1,85 milhão de brasileiros e pode triplicar até 2050, exige planejamento e investimento, conforme o Global Burden of Disease Study (GBD) 2019.

 

 

No Brasil, no ano de 2023, dados do Ministério da Saúde (MS) mostraram que a taxa de subdiagnóstico é alta, com estimativas de que a cada 10 pessoas, apena duas são diagnosticadas com demência em tempo oportuno, prejudicando o tratamento de quem vive com essa condição.

 

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o custo global da demência foi de mais de US$ 1 trilhão em 2019, e pode chegar a US$ 3 trilhões até 2030. No Brasil, dois terços dos custos são relacionados ao cuidado informal, principalmente de familiares, em sua maioria mulheres que enfrentam sobrecarga emocional.

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