Irmão volta atrás em declarações sobre apreensão e pede para "deixar como está"

Após afirmar em entrevista no dia 8, que seu irmão suicidou-se por perder o carrinho de água de coco numa fiscalização da prefeitura, Valdir dos Santos volta atrás e pede que caso seja esquecido

O irmão do ambulante Antonio Alves dos Santos, entrevistado na segunda-feira, 8, pelo Portal T1 Notícias voltou atrás nas declarações dadas de que o suicídio do vendedor de água cocos teria relação com uma apreensão do seu carrinho pela fiscalização da prefeitura de Palmas.

Procurado pela equipe no final da tarde de ontem, 11, após a divulgação de uma nota da Secretaria de Comunicação do Município, Valdir Alves dos Santos, 67, afirmou que não houve apreensão e pediu que o repórter Celso Gick deixasse o assunto como está.

"Não carece de você mexer nisso, deixa do jeito que tá. Eu não mereço não. Meus meninos estavam brigando e eu estou cheio de problema. Quero quietar. Abaixe e deixa lá onde está”, pediu.

Questionado sobre de onde saiu a versão contada por ele à reportagem de que o carrinho teria sido apreendido, novamente desconversou: “Acho que é conversa da rua. Não é de repórter e não é nossa também. E a minha família todinha vai ser do jeito que lhe estou falando”.

Confrontado com o fato de que ele próprio deu a versão ao T1 Notícias, Sr. Valdir emendou: "Eu não lembro se eu disse. Eu sou cheio de problema. Tenho pressão alta. E aquele dia eu passei mal. Minhas filhas chegaram  aqui brigando comigo. Eu disse gente eu não falei isso não. Elas disseram que eu falei isso para ele e para outros tudinho. Pois é deixa acabar com isso tudinho. Deixa quietar”(sic).

Amigo fala em proibição

Ambulante e amigo do falecido, o também vendedor de água de coco,  Raimundo Nascimento Arruda, conversou com o Portal T1 Notícias na manhã desta sexta-feira, 12 sobre o clima de aprensão entre os vendedores ambulantes. Segundo conta, desde que as fiscalizações começaram com o objetivo de retirar os vendedores das ruas a apreensão é geral. Ele próprio tentou renovar seu alvará, na condição de empreendedor individual mas ainda não conseguiu o documento. "O Governo Federal criou essa lei aí dando apoio ao empreendedor individual, dando a oportunidade. Nós depende do solo. E do que adianta o Governo Federal lançar o microempreendedor, a gente faz o microeempreendedor e tá com o CNPJ na mão e cumé que nós vamos pagar as contas do Governo Federal que todo mês tem que pagar? Se a prefeitura, os prefeitos não colabora, as autoridades do município?  diz Arruda.

Ele disse que o amigo chegou a lhe dizer que queria se matar. Num trecho da entrevista ele fala que Antonio estava triste por que teira sido proibido de vender água de coco no local onde trabalhava, em frente ao Fórum. O ambulante não soube precisar de onde partiu a proibição. "Ele me falou que a fiscalização foi lá para tirar ele e ele não tinha outra opção ele vivia dali. Aí ele falou pra mim que inté ia se matar porque ia fazer o quê. Ele já tinha uma deficiência muito grande. Ele disse Seu Raimundo a fiscalização foi lá em cima de mim, bateu em cima de mim. Ele era uma pessoa que nem sei por onde começar CNPJ porque nem leitura ele não tem, sabia mal abrir um coco. Os oficiais de Justiça que ajudavam ele ia bucar coco na chácara dos amigos deles. E ele disse que não tinha como  viver. Ele não falou se era a vigiliância sanitária ou era a fiscalização da AMDU", afirma Arruda.

Nota expõe contradição

A nota distribuida pela Prefeitura de Palmas também expõe a contradição das versões para o que provocou o suicídio, entre membros da família. Veja o ultimo parágrafo: "Conversamos ainda com a filha de Seu Antônio, cujo nome não divulgaremos, para não expor ainda mais uma família que já se encontra bastante fragilizada e triste. Ela contou por telefone que dois dias antes seu pai cometer suicídio, ele foi a sua casa, jantou com ela e chegou a dizer que havia sido proibido de vender água de coco no local. Para ela, essa proibição seria o motivo de seu suicídio”.

O Portal T1 Notícias não divulgará a gravação feita com Valdir Alves do Santos, a fim de preservar detalhes da intimidade do falecido que possam incomodar a família da vítima. Por decisão editorial a material original foi retirada do ar até que não restem dúvidas sobre de onde teria partido a proibição ao ambulante para a venda dos seus produtos.

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