Movimentos sociais e entidades repudiam extinção da Secretaria da Mulher de Palmas

Os representantes das entidades, coletivos e movimentos sociais classificaram a extinção como uma "atitude regressiva e contraditória com a urgência social"

Com a fusão, a secretária da Ação Social, Polyanna, assume a pasta da Mulher
Descrição: Com a fusão, a secretária da Ação Social, Polyanna, assume a pasta da Mulher Crédito: Lia Mara/Secom Palmas

A reforma administrativa da Prefeitura de Palmas, publicada por meio da Medida Provisória nº 10/2025, que resultou na extinção da Secretaria Municipal da Mulher, gerou forte reação e mobilização de entidades, coletivos e movimentos sociais de defesa dos direitos humanos e de mulheres. Juntos, os seguimentos publicaram uma “Nota de Repúdio” contra a decisão da gestão municipal de extinguir a Pasta da Mulher e promover sua fusão com a Secretaria da Ação Social, comandada por Polyanna Marques. Os signatários da nota (veja relação ao final da matéria) classificaram a extinção como uma "atitude regressiva e contraditória com a urgência social".

 

 

Na nota, os movimentos exigem o arquivamento imediato da proposta de extinção, a manutenção e o fortalecimento orçamentário e funcional da pasta, a elaboração de um Plano Municipal de Enfrentamento à Violência de Gênero, e a formação contínua de profissionais em gênero e direitos humanos.

 

 

"A extinção da Secretaria Municipal da Mulher de Palmas é atitude regressiva e contraditória com a urgência social e com os direitos consagrados pela Constituição e pela Lei Maria da Penha," afirma a nota. Os grupos manifestaram sua "firme disposição de mobilização, vigilância e resistência" para garantir que "nenhuma mulher ou menina seja desamparada em nossa cidade."

 

 

O documento destaca, ainda, a importância crucial de um órgão especializado e autônomo para enfrentar a violência de gênero. Cita como exemplo o alarmante registro do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que, em 2021, o Brasil registrou 87.545 ocorrências de estupros e estupros de vulnerável — uma média de uma mulher estuprada a cada 6 minutos, com 65% dos casos ocorrendo dentro de casa e a maioria das vítimas sendo mulheres negras.

 

 

As entidades defendem a Secretaria da Mulher de Palmas como indispensável para coordenar políticas públicas com um olhar especializado em gênero; promover o letramento em direitos de gênero; assegurar o acolhimento, a rede de proteção e a atenção às vítimas e representar um "sinal político e simbólico de compromisso com a vida" das mulheres.

 

 

A Prefeitura de Palmas, por sua vez, defende a reestruturação como necessária para tornar a máquina pública "mais enxuta e eficiente," assegurando que as funções e competências da pasta da mulher serão mantidas e integradas na nova Secretaria de Ação Social e da Mulher, comandada por Polyanna Marques Teixeira.

 

A Medida Provisória

Publicada no Diário Oficial de Palmas na terça-feira, 14, a Medida Provisória da reforma administrativa extinguiu e incorporou um total de 12 órgãos, fundações e secretarias. O objetivo, conforme a gestão municipal, é gerar uma economia de cerca de R$ 20 milhões anuais.

 

Confira a íntegra da Nota de Repúdio e as entidades que a assinaram:

 

Outras – Observatório Feminista da UFT

União Brasileira de Mulheres – UBM

Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – Morhan

Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn (Tocantins)

Coletivo Estadual de Mulheres do PT/TO

Associação de Mulheres em Ação de Palmas- Amap

Federação das Associações Comunitárias e de Moradores do Tocantins – Facomto

Marcha Mundial das Mulheres núcleo Lélia Gonzalez – TO

Marcha Mundial das Mulheres -MMM

Associação Brasileira de Juristas pela Democracia - Núcleo Tocantins

Coletivo da Diversidade Tocantinense

Coletivo Nacional de Juventude Negra

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

Associação de Desenvolvimento e Preservação dos rios Araguaia e Tocantins – Adprato

Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM Tocantins

Centro de Direitos Humanos de Palmas - CDHP

Movimento Estadual de Direitos Humanos e Ambientais e Centro de Educação Popular

Rede Universitária Nacional de Combate à Hanseníase (REUNA-hans)

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST

Conselho estadual de defesa dos direitos humanos do Estado de Tocantins

Partido Comunista Brasileiro - PCB

União da Juventude Comunista- UJC

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro- CFCAM 

Coletivo LGBT comunista

Coletivo Minervino de Oliveira

Rede Nacional de Indígenas em Contextos Urbanos e Migrantes - RENIU

Frente Nacional contra criminalização das mulheres e pela Legalização do Aborto- FNLA 

Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde - ANEPS (Seção Tocantins)

Casa 8 de Março - Palmas -TO

Instituto Rede Preta

Coletivo Julho das Pretas " Karen Luz" ( Araguaína-TO)

Comissão de Direitos Humanos da OAB Tocantins

 

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