MST questiona prisões e abordagem da PM em acampamento; polícia acusa de invasão

Prisões ocorreram nesta quarta-feira, 18. Membros do movimento foram soltos na madrugada desta quinta-feira, 19, e acusam a polícia de abordagem violenta.

Crédito: Divulgação/MST

Sete homens e uma mulher membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram presos pela Polícia Militar do Estado do Tocantins (PMTO) nesta quarta-feira, 18, durante operação policial por acusação de invasão de terras públicas às margens da TO-080, no Acampamento Beatriz Bandeira, no município de Marianópolis, região do Vale do Araguaia.

 

De acordo com a PM, as oito pessoas foram presas após "recusarem-se a acatar ordem polícial". Os membros foram soltos na madrugada desta quinta-feira, 19, mas conforme informações, a polícia permaneceu com a apreensão de quatro aparelhos celulares. Ainda de acordo com informações, a PM já havia ido até o local dias antes e os desfeito o acampamento.

 

O MST emitiu nota repudiando a abordagem dos políciais, os acusando de agir de forma truculenta utilizando-se de cassetetes, vozes alteradas e abordagens violentas contras as famílias. "As forças de segurança não podem por um lado, atuar exclusivamente em atender os interesses dos fazendeiros e setores do agronegócio e por outro lado criminalizar os trabalhadores, suas lutas impedindo as liberdades democráticas". A nota pode ser conferida na íntegra aqui.

 

O membro do MST, Carlos André, relatou como teria ocorrido a abordagem. "Estávamos em um acampamento desde o dia 15 e fomos retirados por forças policiais. Permanecemos no acampamento no dia seguinte, ontem por volta das 18h, mais ou menos umas sete viaturas da força tática e a patrulha rural chegaram até o acampamento e vieram com arbitrariedade, vieram de forma truculenta. Inclusive me agrediram, tenho marca das algemas nos meus braços, me deram tapas nas costas, derrubaram, pisaram nas costas dos meus companheiros, os xingando", disse.

 

Carlos André falou ao T1 que o movimento repudia a forma com que os policiais teriam os tratado. "O que nós ficamos mais indignados é porque nós fomos autuados como criminosos por estarmos ocupando uma área pública às margens da BR, sem estar fazendo danificação nenhuma da natureza, tudo de forma legal e os agricultores do agronegócio podem explorar as margens da TO e não acontece nenhum tipo de criminalização para eles".

 

A Polícia Militar disse que "as prisões foram efetuadas de acordo com o Procedimento Operacional Padrão (POP) da PMTO, com o uso da força necessária para a condução coercitiva dos autores". Confira a nota na íntegra:

 

Nota - Polícia Militar

 

A respeito da ação da Polícia Militar durante invasão de terras públicas, às margens da rodovia TO-080, KM 208, próximo à Caseara, na noite de quarta-feira, 18, esclarecemos o que se segue:

A PM foi acionada e informada sobre a reincidência da invasão para ocupação. Ao chegar no local, os policiais colheram os relatos dos envolvidos e orientaram que os ocupantes se retirassem do local, os quais concordaram e pediram tempo para remover os materiais que foram utilizados na construção de algumas estruturas de moradia.

Entretanto, oito indivíduos recusaram-se a acatar a ordem policial, que diante da negativa, foram legitimamente detidos e conduzidos sem lesões. Foram apreendidos também quatro aparelhos de celulares que estavam com eles, bem como uma motocicleta marca Honda cor preta, com placa e chassi adulterados, à Delegacia de Polícia Civil de Paraíso, onde foram interrogados, autuados e liberados e responderão em liberdade pelo crime previsto no art. 20 da Lei 4.947 de 1966 (Invasão de terras da União, dos Estados e dos Municípios).

Esclarecemos ainda, que as prisões foram efetuadas de acordo com o Procedimento Operacional Padrão (POP) da PMTO, com o uso da força necessária para a condução coercitiva dos autores.

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