Onda de assaltos em Taquaruçu: Delegacia não tem escrivão para registrar ocorrências

Só na madrugada de segunda para terça-feira, 6, cinco casas sofreram furtos e pequenos furtos. Viatura da PM já tinha atendido duas ocorrências na manhã de terça

Morador foi alvo de assalto quando dormia com a família
Descrição: Morador foi alvo de assalto quando dormia com a família Crédito: Fotos: T1 Notícias

A casa do funcionário público Wesley Teixeira Alves, de 30 anos, foi assaltada na madrugada de ontem, 6, em Taquaruçu, somando-se a um sem número de ocorrências de furtos e assaltos que vem ocorrendo no distrito, sem registro no 6º DP. Em visita à casa, a equipe do T1 Notícias encontrou Wesley aguardando a perícia, mas ainda sem registrar ocorrência por que a delegacia local não dispõe de escrivão. “Fui lá, fui bem atendido pelo dr. Gilson, mas me encaminharam para a Central de Flagrantes, por que não tem escrivão aqui”, explicou o morador.

 

Marcas de pés no muro frontal da residência e a fechadura de uma porta arrombada com a alça de metal de um balde, foi o que restou de evidências da passagem do ladrão por lá. “Eu estava dormindo com minha esposa e minha filha de quatro anos no nosso quarto. Quando acordei, estava faltando o celular, que tinha ficado carregando ao lado da cama. O marginal entrou no meu quarto, com a gente dormindo”, relata.

 

A mulher de Wesley Alves foi até a sala e percebeu também a falta da televisão do casal e de uma corrente de ouro que havia ficado sobre o aparador. “Ele usou o celular da minha esposa, um Samsung J7, às 3 horas da manhã. Vimos que o Whatsapp foi visualizado, então o assalto foi na madrugada”, conta o rapaz. Ele alega não ter acordado por ter tomado um analgésico forte para dor de dente. “Graças a Deus entraram e saíram e não aconteceu mais nada, mas tá grande a onda de assaltos aqui em Taquaruçu”, disse.

 

Furto de roupas

Na mesma manhã, Manoel da Silva Linhares, Seu Nequinha, morador do distrito desde 1953, foi abordado nas primeiras horas da manhã por um rapaz, carregando duas sacolas, que pediu água na porta de sua casa. “Ele estava esbaforido. Disse que vinha do postinho e que estava passando mal. Pediu água, mas eu desconfiei, e mandei meu sobrinho buscar. Quando vi, vinha um pessoal virando a esquina e gritando: pega o ladrão, pega o ladrão. Ele tinha acabado de roubar a casa de um parente meu”, contou.

 

Seu Nequinha perseguiu o rapaz, que saiu correndo, e conseguiu imobilizá-lo até a chegada dos vizinhos.

 

Inconformado, Luiz Carlos Farias, de 48 anos, reclama da segurança precária do distrito. “O governador Marcelo Miranda tem que olhar por nós aqui. O Dr. Gilson e o César [Simoni – secretário de Segurança Pública] fazem o que podem, mas tá deixando muito a desejar a segurança aqui em Taquaruçu. As pessoas estão subindo o muro das suas casas, outros colocando cerca, outros colocando câmera. Perdemos a tranquilidade”, reclama.

 

Delegacia: nem escrivão, nem munição

Em visita à Delegacia de Polícia em Taquaruçu, encontramos apenas o agente César Durães, que trabalha há 18 anos no 6º DP. Ele exibiu a arma que utiliza, uma pistola, e um pente de balas. “Aqui tem dez balas. É tudo que tem. Cada uma custa R$ 15,00. A secretaria não fornece mais. Não tem. Estão licitando para comprar de fora. Como que eu vou perseguir assaltante só com isso aqui?”, questiona. A pistola, segundo César, “é do tempo do Napoleão”.

 

“Tinha dois escrivães, ficou um e agora nenhum. Tinha duas viaturas. Só ficou uma”, resume.

 

Titular da delegacia, Gilson Souza Silva está afastado em razão de um início de AVC na semana passada, que paralisou parcialmente seu rosto. Ele falou com o T1 Notícias por telefone. “Fui aí hoje atender o genro do Luiz, e ouvir dois infratores, que por sinal estou representando pela prisão de um”, explicou o delegado, contando o problema de saúde.

 

“A Secretaria de Segurança Pública já está ciente das necessidades da delegacia”, disse. Segundo o delegado, nem ele, nem o agente podem fazer o registro de ocorrências, pois o sistema E-Proc deve ser manuseado por um escrivão, que a delegacia não dispõe. “A gente tinha uma parceria aí com um rapaz que nos ajudou por um ano, mas ele estava ganhando mal e voltou para sua função anterior”, explicou o delegado.

 

O bando de assaltantes que têm realizado furtos em Taquaruçu já é conhecido da comunidade. “São mais ou menos uns 20. Eles assaltam de noite para trocar por pedra. Aqui já tem quem pega o produto do furto e leva de madrugada mesmo para Taquaralto. A gente vai na casa deles, e não acha o que foi roubado”, conta o agente César Durães. “Isso aí não resolve fácil não. É uma rede de receptação e de tráfico de drogas. Uma rede muito grande”, finalizou.

 

Até o meio dia de terça-feira, a viatura da Polícia Militar já tinha atendido duas ocorrências de assaltos em moradias no Distrito apena naquela manhã.

 

Nota do Estado

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou em nota enviada ao T1 Notícias que a 6ª Delegacia de Polícia Civil, localizada na Praça Joaquim Maracaípe, no distrito de Taquaruçu, “possui uma estrutura funcional composta por um Delegado de Polícia Civil e três Agentes de Polícia Civil, estando, dessa forma, apta a realizar todo e qualquer procedimento pertinente à Polícia Civil.  Porém, vale ressaltar que, com a posse dos novos policiais, a diretoria de polícia da Capital está providenciando a lotação de um Escrivão de Polícia Civil naquela Delegacia”.

 

Confira entrevista com o morador Wesley Teixeira Alves:

 

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