A comunidade de Taquaruçu e visitantes acompanharam no início da noite deste sábado, 30, o desfile dos bonecos gigantes em Taquaruçu. O desfile saiu da Praça Joaquim Maracaípe à caça da cobra Boiúna até a Aldeia Taboka Grande marcando a pré-abertura do Carnaval no Distrito.
Jovens, crianças e adultos, seguiram no início da noite ao som dos tambores o líder dos bonecos, o Boneco Amarelo, e seus pares, que procuram a cobra Boiúna pelas ruas do distrito, convidando moradores e visitantes a segui-los nessa caçada até a aldeia Taboka Grande.
A bióloga Luiza Leal é moradora do Distrito e há dois anos acompanha a tradicional queima de tambores. “Gosto muito pela valorização da tradição de forma alegre e lúdica”, disse.
Ao chegar à Aldeia, acontece o tão esperado encontro entre os bonecos e a cobra Boiúna, com cânticos e coreografias, acompanhado dos outros bonecos, Mãe-Bá, Imperial, Maculelê, Tabocão, além dos cavalinhos representados por crianças.
A cobra Boiúna, que é formada por aproximadamente dez mulheres, recebe os bonecos, acompanhada do arco de flor, carregado pela matriarca do idealizador da festa, dona Adelina Nunes, de 75 anos.
Após o encontro com a Boiúna ocorre o ritual da Queima de Tambores, um dos pontos alto do encontro. Em uma roda, o líder do ritual, Wertemberg Nunes, e seus filhos abrem com fogo o ritual em que toras de madeiras, (Turimbó), são acesas, e nelas são depositadas gravetos representando algo de ruim que está sendo queimado e substituído por algo novo e do bem.
Durante a queima dos Turimbós, os visitantes fazem seus pedidos e depositam os cavacos de madeira dentro das toras em chamas. Em seguida abre-se um espaço para declamação de versos e de causos, feito geralmente pelos familiares, ou por qual quer um dos convidados e turistas presentes.
O público pode apreciar as histórias de Salvador Nunes e causos do Chico Pedrosa, contadas pelos seus netos. Um dos pontos altos é quando os participantes do ritual queimam simbolicamente os tambores acompanhados por cânticos e danças ao som do berimbau.
Para a professora Genilza Cruvinel, o evento representa uma forma diferenciada de se abrir o carnaval no Distrito. “É uma programação com forte simbolismo cultural, em que há a participação também das crianças, de forma lúdica e com respeito às tradições e costumes familiares da aldeia em que agente não vê no carnaval tradicional”, disse.
Para o idealizador do evento, Wertemberg Nunes, o ritual da queima dos tambores representa o encontro entre a arte e a história formada por uma tradição que vem passando de pai para filho. “É um sonho e um dever cumprido, em tornar a história da arte em um patrimônio para a comunidade da Aldeia e do Distrito”, disse.
No final do evento, os músicos Nacha Moretto, Jorge Menares e o percussionista Marcelo apresentaram machinhas e samba ao som da Banda Impacto Latino.
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