A produção de mel no Tocantins é uma atividade ainda pouco difundida, e tradicionalmente envolve as espécies mais comuns com ferrão que são a europeia e a africana. Mas uma alternativa vem ganhando cada vez mais espaço e chamando a atenção de produtores de Palmas: a meliponicultura – criação de abelhas sem ferrão. O conhecimento envolto desta atividade é tema da Oficina de Meliponicultura, iniciada na manhã desta segunda-feira, 12, na Escola de Tempo Integral (ETI) Fidêncio Bogo, em Taquaruçu Grande.
A atividade faz parte da programação do Agosto Verde e seguirá na tarde desta segunda-feira e na manhã de terça-feira, 13, a partir das 8 horas. A participação é gratuita, não sendo necessário realizar inscrição prévia. O evento também conta com a participação de alunos da unidade escolar.
Além da parte teórica com os ensinamentos sobre as particularidades de algumas espécies como a tiúba, marmelada-amarela, tubi bravo e uruçu amarela, todas cultivadas na ETI Fidêncio Bogo.
Conforme o instrutor, produtor e especialista em Meliponicultura, José Neuton Souto, o cultivo das abelhas sem ferrão é influenciado por diversos fatores e o manejo dependerá da finalidade que o produtor deseje. Como exemplo: a produção do mel, do própolis, cera e do néctar. “Um fator essencial é a alimentação. Assim como na pecuária, em que as pessoas se preocupam com o trato com o pasto, as abelhas também possuem o pasto, e no caso das sem ferrão é o pasto meliponicultor. Nesse local deve conter espécies de plantas direcionadas para melhor a alimentação das abelhas, como o mastruz, mamona, girassol, margaridão, acerola, cidreira, dentre outras espécies”, explica.
A dona de casa Maria Putêncio Reis, 34 anos, que possui uma chácara em Taquaruçu Grande, explica que teve interesse em aprender sobre meliponicultura após tentar conter por diversas vezes o avanço de um enxame em sua casa. “Vimos que não seria mais possível combater, até porque não é o certo, e decidimos agora fazer o manejo adequado para garantir a sobrevivência dessas abelhas, além de extrair o saboroso mel para alimentar minha família”, explica entusiasma como os ensinamentos obtidos.
O aposentado Raimundo Neto dos Santos, de 56 anos, morador do Jardim Aureny IV, pretende explorar em sua propriedade rural, uma atividade de baixo custo, manejo facilitado e bom rendimento. “A meliponicultura despertou meu interesse e decidi participar da oficina para tirar dúvidas e saber de tudo que preciso para começar a cultivar. Estou muito entusiasmado”, conta.
Vantagens
Tiúba, marmelada e jataí são as espécies mais indicadas para produção em Palmas. Se o pasto meliponicultor tiver grande quantidade de flores para alimento das abelhas, maior será a produção.
No Tocantins, conforme o instrutor, cada enxame de abelhas sem ferrão tendem a produzir um livro de mel por ano. O litro de mel é comercializado no Tocantins entre R$ 600 e R$ 1 mil.
Outra vantagem é o manejo, bem mais simples que o das abelhas com ferrão. Não exigindo tanto investimento e área mais delimitada.
Conforme a Embrapa, a meliponicultura é uma atividade sustentável que não prejudica o meio ambiente. O mel dessas abelhas possui 30% de água, já o tradicional apresentar 20%. Ainda conforme o órgão existe em torno de 600 espécies de abelhas da tribo meliponini em todo o mundo.
Conscientização
Souto também chamou a atenção para a preservação do meio ambiente e o papel vital das abelhas, que são responsáveis pela polinização e contribuem para a chegada de 75% dos alimentos até a mesa do brasileiro. “Sem abelhas não teremos comida. Elas desempenham um importante papel medicinal e terapêutico. Como por exemplo, a cura de infecções”, lembra.
Ainda conforme informações dos estudos viabilizados pela Embrapa, estima-se que dois terços das espécies de plantas cultivadas no mundo dependem de pelo menos uma espécie de abelha para produzir frutos e sementes.
A uruçu-boi e mumbucão então entre as espécies que correm risco de extinção. “As pessoas precisam ter consciência sobre a importância das abelhas. Um dos insetos mais importantes da natureza”, informa o instrutor ao lembrar que algumas plantas são tóxicas para as abelhas, como o ninho indiano, amplamente difundido no Brasil.
Mão na massa
Após o momento teórico e esclarecimentos, foi o momento de aprender a fazer as caixinhas que receberão os enxames. Feitas em madeira, essas casinhas possuem módulos conforme a dinâmica das abelhas. No caso da jataí, a caixa deve ser pensada em quatro módulos: ninho, sobre-ninho e duas melgueiras.
O tamanho também deve atender as especificações das abelhas sem ferrão, sendo 14 cm de largura por 14 cm de cumprimento, na parte interna da caixa para a espécie marmelada e 16 cm de largura por 16 cm de cumprimento para a jataí. As medidas devem ser avaliadas e instruídas por um especialista para que o enxame não sofra as consequências de manejo inapropriado.
Anote aí os próximos eventos do Agosto Verde 2019:
12/08: Dia técnico sobre meliponicultura - ETI Fidêncio Bogo
Das 8h às 12h/ 14h às 18h: oficina de confecção de caixas para abelhas
13/08: Dia técnico sobre meliponicultura – ETI Fidêncio Bogo
08h às 12h: alimentação e manejo de abelhas sem ferrão
14/08: das 8h às 12h - Enxertia de tomate, mudas de jurubeba - ETI Fidêncio Bogo
14/08: das 14h às 16h - Oficina de Compostagem – ETI Fidêncio Bogo
15/08: das 8h às 12h - Dia técnico sobre psicultura – ETI Fidêncio Bogo
20/08: Evento de valorização das mulheres rurais
21/08: Inauguração da Horta de Taquaruçu
22/08: Dia de campo sobre tecnologias rurais sustentáveis - Agrotins
23/08: Curso de produção intensiva de carne a pasto – Embrapa/Agrotins
27/08: Renova Sim – Parque da Pessoa Idosa
28/08: das 8h às 12h - Dia técnico da agroecologia – ETI Fidêncio Bogo
29/08: Workshop sobre plasticultura – ETI Almirante Tamandaré
30/98: Bem estar animal com foco na avicultura – Chácara Trem da Serra
Comentários (0)